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ConflitosIsrael

Israel intensifica bombardeios em Gaza, e Tel Aviv vira alvo

12 de maio de 2021

Confronto entre Hamas e israelenses se agrava, fazendo número de vítimas aumentar em ambos os lados. Grupo islâmico confirma morte de comandantes e ameaça nova intifada.

Fumaça encobre a cidade de Gaza depois de bombardeio, algumas chamas podem ser vistas em meio aos edifícios.
Israel intensifica ataques à Faixa de Gaza e atinge vários alvos ligados ao grupo HamasFoto: Youssef Massoud/AFP/Getty Images

As tensões entre Israel e o Hamas  aumentaram nesta quarta-feira (12/05), em meio ao maior confronto armado entre os dois lados desde a guerra de 2014. 

Baterias de mísseis lançadas da Faixa de Gaza conseguiram se sobrepor ao sistema de defesa aérea de Israel, o que levou ao acionamento de sirenes de alerta em Tel Aviv, em meio ao som de explosões próximas à maior região metropolitana do país, normalmente poupada de ataques.

O fato de Tel Aviv ter se tornado um alvo gerou um novo desafio para os israelenses no combate ao grupo islâmico Hamas, que o país considera uma organização terrorista.

Em Gaza, ataques israelenses destruíram edifícios e várias instalações de segurança do Hamas, que controla o enclave, incluindo o complexo da central de polícia.

Ao menos 53 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram em Gaza desde o agravamento da violência, que teve início na segunda-feira. Em Israel, o número de mortos é de pelo menos seis. Também há centenas de feridos.

O serviço secreto israelense Shin Bet informou que o comandante do braço militar do Hamas na cidade de Gaza está entre os 16 membros do alto escalão do grupo que foram mortos nos ataques.

O Hamas confirmou a morte do comandante de Gaza e de outros "líderes e guerreiros". "Milhares de líderes e soldados seguirão seus passos", disso o grupo, em comunicado.

Militares israelenses informaram que os militantes islâmicos lançaram mais de 1.050 mísseis desde o início do conflito, sendo que 200 deles não atingiram seus alvos e caíram dentro do próprio território de Gaza.

O comando militar de Israel disse que duas brigadas de infantaria foram enviadas para a região, o que sinaliza preparações para uma possível invasão por terra. 

Mulher caminha ao lado de destroços de edifício destruído por ataque israelense em GazaFoto: Mohamed Abed/AFP/Getty Images

Os ataques israelenses atingiram centenas de alvos no enclave onde vivem 2 milhões de palestinos, sob um rígido bloqueio imposto por Israel e Egito desde que o Hamas assumiu o poder em 2007. 

Bombardeios derrubaram um prédio de 12 andares na terça-feira, no ataque mais intenso por parte de Israel. O edifício abrigava escritórios do Hamas e alguns negócios. O ataque veio com uma série de disparos de alerta, o que permitiu a evacuação do local, sem que houvesse relatos de mortes.

No início desta quarta-feira, outro edifício, de nove andares, que supostamente abrigava a sede da inteligência do Hamas e o comando responsável por planejar os ataques à Cisjordânia, sofreu graves danos. A estrutura também abrigava apartamentos residenciais e clínicas médicas. Antes do bombardeio, um drone fez disparos de alerta.

Conflito mais grave desde guerra de 2014

O conflito traz amargas lembranças da guerra de 2014 entre Israel e o Hamas, que durou 50 dias, mas acrescentou um novo e preocupante fator: a revolta dos cidadãos palestinos residentes em Israel contra a repressão a protestos em Jerusalém, além da operação miliar israelense em Gaza.

Atos de violência eclodiram em diversas cidades de população mista árabe e israelense, incluindo incêndios em uma sinagoga e um restaurante judaico. Além disso, um homem árabe foi morto a tiros, e carros de palestinos foram queimados.

Não há sinais de que qualquer um dos lados venha a retroceder. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu reforçar a ofensiva. "Este é apenas o começo. Vamos atingi-los como nunca sonharam ser possível", afirmou em nota.

As Forças Armadas do país enviaram reforços à fronteira com Gaza, e o ministro da Defesa, Benny Gantz, determinou a mobilização de 5 mil soldados da reserva.

O líder do Hamas Ismail Haniyeh afirmou que "se Israel quiser escalar, estamos prontos para isso", e que os militantes de seu grupo "defenderam Jerusalém". O grupo islâmico convocou uma intifada, ou um levante palestino contra Israel. A última vez que isso ocorreu foi em 2000 e durou mais de cinco anos.

O Conselho de Segurança da ONU se reune nesta quarta-feira para discutir a situação. Diversos países lançaram apelos pelo fim da violência.

Jerusalém no centro do conflito

Os ataques foram precedidos de episódios de violência em Jerusalém Oriental, o setor palestino da cidade ocupado e anexado por Israel, iniciados na sexta-feira. Ao menos 208 palestinos e seis policiais israelenses ficaram feridos, a maioria na Esplanada das Mesquitas, onde muçulmanos se reuniam para a última sexta do mês de jejum do Ramadã.

Colaborou para o conflito a ameaça de despejo de quatro famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, em favor de colonos judeus. A ONU urgiu Israel a suspender os despejos e disse que eles poderiam equivaler a "crimes de guerra".

Na segunda-feira, cerca de 520 palestinos e 32 policiais israelenses ficaram feridos em novos confrontos com a polícia na Esplanada das Mesquitas, nos arredores da Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do islã e o local mais sagrado do judaísmo, além de em outros locais em Jerusalém Oriental.

O Hamas havia ameaçado Israel com uma nova escalada militar se as forças israelenses não se retirassem da esplanada.

Israel considera Jerusalém sua capital, incluindo a parte leste, cuja anexação não recebeu reconhecimento internacional. Os palestinos reivindicam essa parte da cidade como capital do Estado que buscam criar na Cisjordânia e em Gaza.

O início dos confrontos coincidiu com o Dia de Jerusalém, que marca a conquista, de acordo com o calendário hebraico, da parte palestina da Cidade Santa por Israel, em 1967.

rc/ek (Reuters, AP, AFP)

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