Israel já perdeu 16 soldados desde início da invasão de Gaza
1 de novembro de 2023
Episódio com maior número de baixas envolveu veículo blindado atingido por um míssil antitanque do Hamas, matando 11 soldados israelenses. Netanyahu lamenta perdas, mas afirma que ofensiva terrestre vai continuar.
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Dezesseis soldados israelenses já morreram após o início das operações terrestres das Forças de Defesa de Israel (FDI) na Faixa de Gaza, segundo informações divulgadas por Tel Aviv nesta quarta-feira (01/11).
O episódio com maior número de baixas ocorreu na terça-feira, quando um veículo blindado de transporte de pessoal foi atingido por um míssil guiado antitanque, matando 11 soldados e deixando vários feridos. Em um incidente separado, vários soldados foram mortos quando o veículo em que estavam atingiu uma mina. Em outro episódio, dois soldados foram mortos quando uma granada atingiu o prédio em que estavam.
Apesar do número de baixas crescentes, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que as forças do país devem continuar com a ofensiva terrestre em Gaza. Ele também rejeitou a possibilidade de um cessar-fogo com o Hamas, apesar de apelos internacionais e alertas de agências da ONU sobre uma catástrofe iminente para a população sitiada do enclave palestino.
"Estamos em uma guerra difícil. Será também uma longa guerra. Temos conquistas importantes, mas também perdas dolorosas", disse Netanyahu em um comunicado divulgado por seu gabinete na noite de quarta-feira.
As últimas baixas elevam para 320 o número de soldados das FDI que foram mortos desde que o grupo palestino Hamas, que comanda Gaza, lançou uma ofensiva terrorista contra Israel em 7 de outubro. Além de quase três centenas de militares mortos durante a ofensiva terrorista do Hamas, confrontos com membros do grupo Hisbolá ao longo da fronteira norte de Israel com o Líbano provocaram a morte de outros oito soldados.
Comentando sobre as baixas israelenses na manhã de quarta-feira, o ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant, disse na rede X: "A perda de soldados das FDI em batalhas com terroristas do Hamas em Gaza é um golpe severo e doloroso".
"Nossas conquistas significativas nos combates poderosos nas profundezas da Faixa de Gaza estão cobrando, para nossa tristeza, um preço alto", acrescentou.
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Ofensiva terrestre
A fase de operações terrestres em Gaza teve início na última sexta-feira, quase três semanas após o Hamas ter massacrado 1.400 israelenses. Em represália, Israel passou a lançar pesados ataques aéreos contra Gaza, além de ter iniciado uma ofensiva terrestre. Do lado palestino as baixas também têm sido alta. Autoridades de saúde de Gaza ligadas ao Hamas afirmam que 8.796 pessoas foram mortas no enclave palestino.
Passados cinco dias, em vez de partir para uma invasão total, os israelenses parecem ter adotado uma estratégia de avanço fracionado por setores. Netanyahu falou no último sábado de maneira vaga de uma "segunda fase" da guerra enquanto militares citaram uma "expansão das operações terrestres".
Segundo a imprensa americana, os Estados Unidos, principal aliado de Israel, aconselharam o país a evitar por enquanto uma ofensiva terrestre total em Gaza. Outros fatores também parecem pesar: Israel tem que lidar com a fronteira com o Líbano, no norte, onde opera o grupo fundamentalista Hisbolá, muito maior do que o Hamas. A tomada de mais de 200 reféns pelo Hamas parece ser outro complicador para uma ofensiva total.
Na terça-feira, tropas israelenses avançaram sobre a Faixa de Gaza com tanques e buldôzeres blindados. Imagens divulgadas pelo Exército israelense mostram soldados avançando num cenário de desolação, entre edifícios reduzidos a pilhas de destroços pelos incessantes bombardeios efetuados por Israel desde 7 de outubro.
A incursão terrestre das tropas israelenses permitiu por enquanto o resgate de Ori Megidish, uma soldado israelense que havia sido sequestrada pelo Hamas. O Exército israelense celebrou a libertação na segunda-feira, afirmando que a militar apresentou informações de inteligência que poderão ser utilizadas em futuras operações.
jps/cn (ots)
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
Foto: Getty Images/Keystone
1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Hollander
1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Sachs
2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Edmonds
2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
Foto: Getty Images/C. Kealy
2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
Foto: Getty Iamges/AFP/J. Aruri
2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Thew
2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Milner
Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
Foto: Reuters/T. Samson
2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.