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ConflitosIsrael

Israel prepara ofensiva e retirada de civis em Rafah

10 de fevereiro de 2024

Agências humanitárias alertam para riscos à população e possível "banho de sangue" em cidade na fronteira entre Gaza e Egito que abriga mais de 1 milhão de refugiados. Objetivo israelense é eliminar combatentes do Hamas.

Multidão em acampamento improvisado em Rafah, na Faixa de Gaza
Centenas de milhares de pessoas se abrigaram em Rafah vindos de várias partes do enclave, após Israel intensificar os ataques em GazaFoto: Hatem Ali/AP Photo/picture alliance

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou a retirada de centenas de milhares de palestinos da cidade de Rafah, na fronteira entre o sul da Faixa de Gaza e o Egito, e anunciou uma ofensiva terrestre contra combatentes do grupo extremista Hamas na região.

A cidade, o único dos maiores centros urbanos de Gaza no qual o Exército israelense ainda não entrou, é o principal ponto de entrada de ajuda humanitária para a população palestina.

Refugiados em Rafah vivem em extrema precariedade, em meio à grave falta de recursosFoto: Hatem Ali/AP Photo/picture alliance

Centenas de milhares de pessoas se abrigaram em Rafah vindos de várias partes do enclave, após Israel ordenar a evacuação do norte de Gaza e intensificar os ataques na região. O Egito reforçou a fronteira temendo um êxodo de refugiados palestinos em seu território. Os refugiados vivem em condições de extrema precariedade, em meio à falta de recursos essenciais e de atendimento médico.

O plano de Netanyahu de promover uma invasão na cidade para onde 1,3 milhão de pessoas fugiram em busca de abrigo não conta com o apoio de seu maior aliado, os Estados Unidos. O presidente americano Joe Biden teceu fortes críticas à forma como Israel conduz a guerra no enclave palestino.

Biden classificou como abusiva a reação de Israel aos ataques terroristas do Hamas realizados em 7 de outubro do ano passado, quando 1,2 mil pessoas foram mortas em solo israelense, e que resultaram na guerra entre o grupo islamista e Israel.

Tel Aviv reagiu às agressões com intensos bombardeios que destruíram grande parte da infraestrutura local e inúmeras residências, seguidos de uma ofensiva terrestre iniciada no norte do enclave. Autoridades em Gaza estimam que o número de mortos em razão dos ataques israelenses é de quase 28 mil.

Riscos à população

Organizações humanitárias que atuam em Rafah alertaram que uma ofensiva do Exército israelense em uma área tão densamente povoada poderia resultar em um "banho de sangue", com a morte de um grande número de civis.

"Há uma sensação crescente de ansiedade e pânico em Rafah, principalmente porque as pessoas não sabem para onde fugir", afirmou o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini.

O gabinete de Netanyahu afirma que quatro batalhões do Hamas estariam em Rafah, e que Israel não conseguirá atingir seu objetivo de eliminar os combatentes do grupo islamista enquanto eles permanecerem na cidade.

A cidade de Rafah é o principal ponto de entrada de ajuda humanitária para a população palestinaFoto: Mohammed Talatene/dpa/picture alliance

Por esse motivo, segundo a nota, Netanyahu ordenou ao comando militar a elaboração de "um plano conjunto de evacuação da população e de destruição dos batalhões" do Hamas em Rafah. A declaração veio dois dias depois de o premiê rejeitar uma proposta de cessar-fogo feita pelo grupo palestino que incluía a libertação todos os reféns.

A ONU alertou que os civis em Rafah precisam ser protegidos e advertiu que não deve haver deslocamento em massa de pessoas, o que seria uma violação das leis internacionais.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que o plano de Netanyahu "ameaça a segurança e a paz na região e no mundo" e que isso "superou todas as linhas vermelhas".

"Nenhuma guerra pode ocorrer dentro de um gigantesco campo de refugiados", afirmou o secretário-geral do Conselho de Refugiados da Noruega, Jan Egeland. Ele alertou que a ofensiva israelense poderá resultar em um "banho de sangue".

rc/ra (Reuters, AFP)