Decisão vem após admissão, por parte de um comitê da organização, de resoluções que criticam a gestão de locais sagrados em Jerusalém. Em carta, ministro israelense acusa Unesco de apoiar terrorismo islâmico.
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O governo de Israel anunciou nesta sexta-feira (14/10) a suspensão da cooperação com a Unesco, um dia depois de um comitê da organização admitir duas resoluções, apresentadas por sete países árabes. Os textos, segundo os israelenses, ignoram o laço histórico milenar entre judeus e alguns dos lugares históricos de Jerusalém.
Em carta dirigida à diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, o ministro da Educação israelense, Naftali Bennett, declara que, após "a vergonhosa decisão" de membros do órgão da ONU, decidiu ordenar à comissão israelense na Unesco a suspensão de "todas as atividades profissionais" com a organização.
Bennett afirma ainda que, com a aprovação da resolução, os membros do órgão estão oferecendo "apoio imediato ao terrorismo islâmico".
"O mundo deveria contestar a Unesco e todos aqueles que gratificam o terror. Assim como se dizem contra o terrorismo islâmico em Palmira e Aleppo, deveriam se opor também ao terrorismo diplomático em Jerusalém", destacou o ministro no texto.
As resoluções admitidas na quinta-feira se referem à "Palestina ocupada" e à necessidade de "salvaguardar a herança cultural palestina e o caráter distintivo de Jerusalém Oriental". O texto foi aprovado com 24 votos favoráveis, seis contra e 26 abstenções, além de duas ausências.
Elas , referida em todo o documento como complexo de Al-Aqsa e nunca como Monte do Templo – como é conhecido na tradição judaico-cristã –, uma vez que na base se encontra o Muro das Lamentações, o lugar mais sagrado do judaísmo.
A decisão de países-membros da Unesco gerou críticas, inclusive, por parte de Bokova. Em comunicado, a diretora-geral da organização afirmou que "o patrimônio de Jerusalém é indivisível e que cada uma de suas comunidades têm direito ao reconhecimento explícito de sua história".
"Negar ou querer apagar as tradições judaica, cristã e muçulmana põe em risco a integridade do lugar", disse a chefe da Unesco, comprometendo-se a trabalhar para restabelecer o consenso no órgão. "Quando as divisões imperam, não é possível exercer sua missão de diálogo e busca pela paz", completou.
Após a admissão por um comitê de membros da Unesco, as resoluções serão apresentadas para votação, na próxima terça-feira, aos 58 Estados-membros do Conselho Executivo da organização. Na quinta-feira, o presidente do conselho, Michael Worbs, afirmou esperar que o documento não seja votado formalmente na semana que vem, mas adiado para dar "oportunidade ao diálogo".
EK/lusa/efe/afp/ap
Shimon Peres, uma vida por Israel
Ele serviu ao Estado israelense por quase sete décadas, tendo ocupado quase todos os cargos políticos do país. Sua meta mais recente era a paz com os palestinos.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Büttner
Chegada à Palestina
Shimon Peres nasceu em 1923 em Wiszniew, cidade que então pertencia à Polônia. Filho de um comerciante de madeira, ele emigrou para a Palestina em 1934, junto com os pais. Inicialmente foi pastor e tesoureiro de um kibutz, Ainda jovem, tornou-se membro da organização paramilitar judaica Haganá.
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Ministro
Peres começou sua carreira política no Partido Trabalhista, em 1946. Em 1959, o primeiro-ministro David Ben-Gurion o nomeou ministro. Nas décadas seguintes, Peres participou de 16 governos, ocupando pastas como Defesa, Exterior, Transportes, Imigração e Informação. Em 1975, ele trabalhou para o primeiro-ministro Yitzhak Rabin (direita).
Foto: Getty Images/AFP/Ippa
Primeiro-ministro
Peres foi primeiro-ministro israelense por três vezes – sem ganhar uma eleição. Em 1977, ele assumiu o cargo por alguns meses após a renúncia de Rabin, até a realização de novo pleito. O mandato entre 1984 e 1986 se baseou em acordos (na foto, durante visita a Washington, com o presidente dos EUA, Ronald Reagan). E, depois do assassinato de Rabin, em 1995, Peres voltou a ser chefe de governo.
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Acordos de Oslo
O ápice da carreira política de Peres aconteceu em 13 de setembro de 1993, quando Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) assinaram uma declaração de princípios. Os acordos de Oslo foram, por longo tempo, um marco no processo de paz. Pela primeira, vez, ambas as partes se reconheciam mutuamente. Os palestinos devem ganhar seu próprio Estado, e Israel, a paz.
Foto: AFP/Getty Images
Prêmio Nobel da Paz
Em dezembro de 1994, Shimon Peres (c), então ministro do Exterior, recebeu o Prêmio Nobel da Paz juntamente com Yasser Arafat (e) e o primeiro-ministro Yitzhak Rabin. O trio é homenageado pelos acordos de Oslo.
Foto: picture-alliance/dpa/Israeli Government Press Office
Morte de Rabin
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, foi assassinado em 4 de novembro de 1995, durante uma manifestação pela paz em Tel Aviv. Peres assumiu a posto de seu parceiro político e liderou, por apenas um dia depois, uma reunião de gabinete. A cadeira de Rabin permaneceu vazia. Seis meses depois, Peres perdeu a eleição para Benjamin Netanyahu.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Presidente
Após dois turnos de votação, Peres é eleito presidente de Israel pelo Knesset, em 2007. Sete anos antes, ele havia perdido para o novato político Moshe Katzav. Após ser acusado de estupro e assédio sexual, Katzav renunciou, deixando o caminho livre para Peres.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Silverman
Família
Em 1945, Shimon Peres se casou com Sonya Gelman. O casal teve três filhos e vários netos. Depois de 62 anos ao seu lado, Sonya se separou do marido em 2007. Avessa à vida pública, ela sonhava com uma aposentadoria tranquila e não queria acompanhar Peres até o palácio presidencial, em Jerusalém. Ela morreu em 2011.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Chanania
Tensão em Davos
Em janeiro de 2009 ocorreu um momento de tensão entre Turquia e Israel durante um debate no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Peres fez um apelo inflamado pela guerra na Faixa de Gaza. Quando o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, quis rebater, o moderador do evento interrompeu o debate, devido a limitações de tempo. Então, Erdogan deixou furioso o palco.
Foto: Getty Images/AFP/F. Coffrini
A paz como missão
Perto do fim de sua presidência, Peres mostrou mais um vez, em junho de 2014, como a paz com os palestinos é importante para ele. A convite do papa Francisco, ele se encontrou no Vaticano com o presidente Mahmoud Abbas. Neste momento, Peres é o presidente mais velho do mundo. Ele pretendia continuar trabalhando pela paz no Oriente Médio, mesmo depois de encerrar a carreira política.