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Itália detecta caso de nova variante da covid-19

21 de dezembro de 2020

Indivíduo que viajou recentemente ao Reino Unido é diagnosticado com a nova cepa do coronavírus. Cientista de Oxford afirma que mutação considerada mais contagiosa já pode estar presente em vários países europeus.

Pfossionais de saúde trajando roupas de proteção visitam um paciente em seu lar para realizar o teste de covid-19
Dados preliminares de autoridades britânicas indicam que a nova variante do Sars-CoV-2 pode ser 70% mais contagiosaFoto: Remo Casilli/REUTERS

As autoridades sanitárias da Itália detectaram um primeiro caso de infecção com a mesma variante de coronavírus identificado no Reino Unido, comunicou o Ministério da Saúde em um comunicado emitido neste domingo (20/12). A nova cepa do coronavírus tem se espalhado pelo Reino Unido e, segundo o governo britânico, pode ser até 70% mais contagiosa do que as variantes anteriores.

O departamento científico do hospital policlínico Celio, em Roma, sequenciou o genoma e identificou a mesma variante do vírus Sars-CoV-2 encontrada em solo britânico em uma pessoa que retornou do Reino Unido à Itália nos últimos dias. O paciente e seu companheiro desembarcaram no aeroporto Fiumicino, na capital italiana.

As autoridades comunicaram que o casal seguiu todos os procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, assim como outros integrantes da família e contatos próximos. O casal e os parentes estão em isolamento.

Ainda no domingo, o governo italiano suspendeu os voos provenientes do Reino Unido. "O Reino Unido lançou um alerta sobre uma nova forma de covid-19 que seria o resultado de uma mutação do vírus. Como governo temos o dever de proteger os italianos e por esse motivo vamos assinar com o ministro da Saúde um decreto de suspensão de voos com o Reino Unido", escreveu o ministro do Exterior, Luigi Di Maio, em seu Facebook.

O ministro da Saúde da Itália, Roberto Speranza, assinou a ordem de suspensão de voos e também proibiu a entrada na Itália daqueles que estiveram em território britânico nas últimas duas semanas. Quem já tiver retornado precisará passar por um teste de covid-19, disse Speranza em comunicado, em que pediu ainda "a maior prudência possível". A decisão será válida até 6 de janeiro.

Além da Itália, vários outros países europeus – entre eles Bélgica, Holanda, França e Alemanha – também impuseram proibições à chegada de voos do Reino Unido a seus territórios, após relatos do surgimento em solo britânico desta nova cepa do coronavírus.

A Bélgica também proibiu o tráfego ferroviário vindo do Reino Unido. A suspensão foi de apenas um dia e foi descrita pelo governo como uma medida de precaução. O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, afirmou que o governo belga pretende juntar mais informações até terça-feira para decidir os próximos passos.

A França suspendeu qualquer forma de tráfego – aéreo, ferroviário e rodoviário – entre os dois países. A suspensão deve durar 48 horas.

Nova cepa já deve estar presente em mais países

Ao anunciar no sábado a descoberta da nova variante, o premiê britânico, Boris Johnson, afirmou que dados preliminares sugerem que a mutação do Sars-CoV-2 pode ser até 70% mais transmissível. O secretário britânico de Saúde, Matt Hancock, disse que a nova variante do coronavírus está fora de controle e que a situação "é mortalmente grave". Até o momento, porém, especialistas acreditam que a nova variante não seja mais mortal ou mais resistente às vacinas.

A variante já pode ser encontrada em todo o Reino Unido, com exceção da Irlanda do Norte, mas está concentrada sobretudo em Londres, e no Sudeste e no Leste da Inglaterra.

Dados da organização Nextstrain, que vem monitorando os códigos genéticos de amostras do vírus mundo afora, sugerem casos na Dinamarca e na Austrália provenientes do Reino Unido. A Holanda também já reportou casos da nova cepa. Uma variante surgida na África do Sul apresenta mutações semelhantes, mas parece não ter relação com a cepa identificada em solo britânico.

Segundo o cientista Daniel Prieto Alhambra, professor de Farmacoepidemiologia da Universidade de Oxford, a nova variante do coronavírus pode ter infectado pessoas de vários países europeus nas últimas semanas. Em entrevista a uma rádio espanhola, ele explicou que um mês atrás já se falava no campo científico de uma possível mutação do Sars-CoV-2 que seria mais contagiosas.

O pesquisador disse que ainda é muito cedo para cravar se a variante é a causa do aumento súbito de casos em Londres, na Alemanha, na Itália e na Espanha, mas frisou que é quase certo que a nova cepa está em vários países da Europa.

Mutação e imunidade de rebanho

Prieto Alhambra, que também é integrante do conselho de especialistas que assessora a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) em vacinas contra a covid-19, disse que as primeiras indicações são de que a mutação ocorreu na proteína S do vírus, o que permite que ele se agarre melhor às células e, consequentemente, seja mais contagioso.

Caso a teoria seja confirmada, Pietro Alhambra afirmou que será necessário vacinais mais pessoas para que seja atingida a chamada "imunidade de rebanho". Ele também previu que, em qualquer caso, não será possível falar sobre o início do controle da pandemia por mais meio ano. 

Na semana passada, a Europa se tornou a primeira região do mundo a superar a marca de 500 mil mortes por covid-19. Muitos países europeus retomaram um lockdown rigoroso e devem estica-lo até meados de janeiro. Desde o surgimento do novo coronavírus, a doença já matou quase 1,7 milhão de pessoas e infectou pouco menos de 77 milhões de pessoas. 

PV/efe/afp

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