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Itália inicia reabertura ao turismo

3 de junho de 2020

Há três meses praticamente isolado, o país que já foi epicentro da pandemia de covid-19 tenta retomar setor-chave para a economia. Fronteiras com a União Europeia são reabertas, mas ainda há receio entre turistas.

Turistas retornam à ilha de Burano, na lagoa de Veneza
Turistas retornam à ilha de Burano, na lagoa de Veneza: turismo foi responsável por 13% do PIB da Itália em 2019Foto: DW/A. Stefanato

A Itália, que entre março e abril chegou a ser o epicentro da pandemia de coronavírus, restabeleceu nesta quarta-feira (03/06) a livre-circulação entre as suas regiões e reabriu as fronteiras com o resto da União Europeia, fechadas havia três meses.

Após meses de confinamento, a medida é uma tentativa da Itália de retomar, ainda no verão europeu, a importante indústria do turismo, que em 2019 foi responsável por 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e por cerca de 1,5 milhão de empregos.

"Hoje parece uma conquista se pensarmos nas condições de há alguns meses. Conseguimos com o sacrifício de todos, mas é preciso lembrar que o vírus ainda está entre nós", afirmou o ministro de Assuntos Regionais, Francesco Boccia.

A Itália foi o primeiro país europeu a ser atingido duramente pelo coronavírus e já reportou oficialmente mais de 33.500 mortes, número inferior apenas aos registrados nos EUA e no Reino Unido, e pouco superior ao contabilizado no Brasil.

No início de março, a Itália impôs um amplo bloqueio econômico. Desde então, viu seus números de contágio caírem drasticamente. Diante de sua mais profunda recessão desde a Segunda Guerra Mundial, o país precisa da visita de estrangeiros para se reerguer – e rapidamente.

"Venha para a Calábria. Só há um risco: engordar", disse o governador, Jole Santelli, no domingo, abrindo a corrida entre as regiões turísticas italianas para atrair visitantes. 

Mas ainda há receio entre os italianos de que, nestas férias, o país poderá ser preterido e que viajantes optem por visitar países menos atingidos pela pandemia. Áustria, Suíça, Reino Unido e Bélgica, por exemplo, ainda desaconselham ou impõem restrições a seus cidadãos de viajar à Itália. 

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, advertiu os países para não tratarem a Itália "como um leproso". Ele fará um giro por Alemanha, Eslovênia e Grécia para convencê-los de que a Itália é segura para os turistas estrangeiros. 

Os viajantes que chegarem à Itália vindos da Europa não serão obrigadas a se autoisolarem por duas semanas, a menos que tenham viajado recentemente para outro continente, como as Américas. 

Uso de app e medição de temperatura 

Depois de algumas divisões entre os presidentes das regiões, especialmente os do sul e das ilhas, que temiam a chegada de cidadãos do norte, onde ainda ocorre o maior número de infeções, a "circulação incondicional" foi finalmente imposta. Agora, cada região poderá escolher as medidas a usar contra potenciais infectados.

Por exemplo, o presidente da região do Lácio, cuja capital é Roma, Nicola Zingaretti, assinou uma portaria que impõe controle e medição da temperatura de todos os passageiros que chegam à região de trem, avião ou barco. Quem exceder a temperatura de 37,5 graus será isolado e submetido a um teste rápido para o coronavírus.

Na Sardenha, onde o presidente, Christian Solinas, queria impor a utilização de um passaporte de saúde, será necessário ter um registro para entrar na ilha e preencher um questionário sobre a previsão de movimentação interna.

O questionário deve ser preenchido no site da região antes da partida ou através do app "Safe Sardinia", que faz um acompanhamento dos contatos de cada pessoa.

Também na Campânia, cuja capital é Nápoles, todos os viajantes que chegam a estações de trem a partir de outras regiões ou ao aeroporto devem passar por uma medição da temperatura corporal e, no caso de apresentarem temperatura igual ou superior a 37,5 graus Celsius, serão submetidos a um teste rápido de covid-19.

Na Apúlia, todas as pessoas que cheguem de outras regiões ou do estrangeiro, em meios de transporte públicos ou privados, devem preencher um formulário no site institucional da região.

Os viajantes devem declarar o local de origem e o município em que vão se hospedar e registrar a lista dos locais visitados e das pessoas que conheceram durante a estada.

A abertura das regiões e fronteiras levou a que, nesta quarta pela manhã, se formassem longas filas de carros em Messina, na Sicília, para poder chegar ao continente. Houve também um aumento significativo do número de passageiros que se dirigiram para as principais estações de trem de Milão.

A ministra dos Transportes, Paola De Micheli, foi nesta quarta à estação Termini, em Roma, para verificar como estava a chegada de trens e a medição da temperatura dos passageiros.

O primeiro dia de reabertura das fronteiras sem necessidade de quarentena para os cidadãos dos países do Espaço Schengen também significou um reforço da vigilância nos aeroportos do país, como em Fiumicino, em Roma.

No aeroporto da capital estavam agendados só para esta quarta-feira cem voos, dos quais cerca de 60 eram rotas nacionais.

Desde o início da crise da covid-19 no país, em 21 de fevereiro, a Itália contabiliza 33.530 mortos e 233.515 pessoas que estão ou estiveram infectadas com o novo coronavírus, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.

RRP/ap/lusa/ots 

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