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Itália suspende voos do Brasil devido à nova variante

16 de janeiro de 2021

País é o segundo na Europa a vetar viajantes do território brasileiro. "Optamos pela máxima prudência", diz ministro italiano, em meio a temores de que cepa originária do Amazonas possa estar por trás do caos no estado.

Aeroporto de Roma, na Itália
Pessoas que já estão na Itália vindas do Brasil terão que procurar as autoridades e realizar o testeFoto: picture-alliance/AP Photo/M. Scrobogna

A Itália anunciou neste sábado (16/01) que decidiu suspender os voos vindos do Brasil e proibir a entrada de passageiros que tenham passado pelo país nos últimos 14 dias, devido a preocupações com uma nova variante do coronavírus originária do Amazonas.

"É fundamental que nossos cientistas possam estudar a nova variante com profundidade. Nesse meio tempo, vamos escolher o caminho da máxima prudência", escreveu em rede social o ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, que assinou a medida.

Ele também informou que pessoas que chegaram recentemente em território italiano vindas do Brasil devem entrar em contato com as autoridades de saúde e realizar o teste.

A decisão torna a Itália o segundo país europeu a proibir viajantes do Brasil devido à nova cepa, depois de o Reino Unido ter aplicado um veto similar nesta sexta-feira. O governo britânico, contudo, foi mais abrangente e proibiu também passageiros de todos os países sul-americanos, além de Cabo Verde, Panamá e Portugal, devido às suas ligações de viagem com o Brasil.

A primeira onda da covid-19 na Itália, em 2020, foi uma das mais dramáticas do mundo. Atualmente, o país de 60 milhões de habitantes registra uma média de 475 mortes por dia, e as infecções também voltaram a crescer, numa segunda onda que atinge todo o continente.

A Itália soma hoje mais de 81 mil óbitos ligados ao coronavírus, o segundo maior número absoluto da Europa e o sexto maior do planeta, e mais de 2,3 milhões de casos confirmados.

Assim como o resto da União Europeia (UE), o país se esforça agora para imunizar sua população. O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou na sexta-feira que 1 milhão de pessoas já receberam a primeira dose da vacina, quase todas profissionais de saúde. Segundo o premiê, o número é o maior entre os integrantes da UE.

Variante amazonense

A variante brasileira foi anunciada pelo governo japonês no domingo passado, após ter sido identificada em quatro passageiros que estiveram no Amazonas e desembarcaram no aeroporto internacional de Tóquio em 2 de janeiro.

Entre os infectados, um homem na faixa de 40 anos foi hospitalizado com dificuldade para respirar, uma mulher em torno dos 30 anos teve dores de cabeça e garganta, enquanto um garoto com menos de 18 anos desenvolveu febre. A quarta passageira, uma menina também menor de idade, não apresentou sintoma.

Na terça-feira, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou a identificação e a circulação da nova cepa originária do Amazonas. Segundo o escritório da Fiocruz no estado, as amostras registradas podem ter evoluído de uma linhagem viral que circula na região desde abril de 2020.

Já na quarta-feira, o Amazonas confirmou o primeiro caso de reinfecção pelo coronavírus no estado, causada justamente pela nova variante. A paciente é uma mulher de 30 anos residente em Manaus que já se recuperou da doença, segundo autoridades amazonenses.

A nova cepa é diferente das identificadas no Reino Unido e na África do Sul, que são mais contagiosas e já estão se espalhando por outros países.

Contudo, a variante brasileira possui 12 mutações, sendo três delas iguais a mutações encontradas nas variantes britânica e sul-africana, "que podem impactar a transmissibilidade e a resposta imune do hospedeiro", informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A entidade disse que foi notificada pelo Japão sobre a nova variante em 9 de janeiro. Ela chamou a cepa de "preocupante" e observou que mais análises são necessárias.

"Quanto mais o vírus Sars-Cov-2 se espalha, mais oportunidades ele tem de mutar. Altos níveis de transmissão significam que devemos esperar o surgimento de mais variantes", declarou a organização na quarta-feira.

O Amazonas, duramente atingido pela primeira onda de covid-19 no ano passado, enfrenta atualmente uma segunda onda dramática e alarmante, com explosão de infecções e internações, superlotação de cemitérios e o sistema de saúde colapsado. Hospitais chegaram a ficar sem oxigênio para os pacientes, e vários morreram sem ar. Alguns estão sendo transferidos para outros estados. Alguns cientistas acreditam que a nova variante pode estar por trás do caos no Amazonas.

A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes no estado é atualmente de 145,8 – a terceira mais alta do país, ficando atrás somente do Rio de Janeiro e do Distrito Federal.

EK/efe/rtr/ots

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