Apesar degrande atuação do goleiro David De Gea, atuais bicampeões europeus sucumbem à força coletiva da seleção italiana e se despedem da Eurocopa. Squadra Azzurra não vencia La Roja desde a Copa de 1994.
Anúncio
Com uma Espanha irreconhecível, Itália dominou a partida e eliminou os atuais bicampeões europeus com uma vitória por 2 a 0, nesta segunda-feira (27/06), no Stade de France, em Saint-Denis. Os gols foram anotados pelo zagueiro Giorgio Chiellini e pelo atacante Graziano Pellè. Nas quartas de final, italianos enfrentam agora a Alemanha.
A Espanha dominou o futebol mundial nos últimos oito anos. Campeã das duas últimas Eurocopas e da Copa do Mundo de 2010, a seleção espanhola sofreu um deslize no Mundial do Brasil, mas nas competições de clubes segue imperando na Europa.
Na final da Eurocopa de 2012, a Espanha goleou os italianos por 4 a 0, sacramentando o placar mais dilatado numa decisão na história da competição. E a Itália não vencia os espanhóis em jogos oficiais desde a Copa do Mundo de 1994.
Mas o favoritismo espanhol não se concretizou em campo. Incontestavelmente, a Espanha possui os melhores jogadores, mas a Itália mostrou num primeiro tempo quase perfeito a força de uma apresentação coletiva. Surpreendentemente a Squadra Azzurra buscou o jogo ofensivo e criou inúmeras chances claras de gol.
David de Gea foi, disparado, o melhor em campo, com defesas espetaculares. Aos oito minutos, o goleiro espanhol espalmou, no canto esquerdo, a cabeçada de Graziano Pellè. No lance seguinte, Emanuele Giaccherini finalizou de bicicleta para outra grande defesa de De Gea – o lança não valia mais nada, pois o árbitro sinalizara pé alto de Giaccherini.
De tanto pressionar, a Itália chegou ao gol, aos 32 minutos. O brasileiro naturalizado cobrou falta rasteira, De Gea espalmou para a área e perdeu a disputa com Giaccherini. Giorgio Chiellini aproveitou o rebote e colocou a Itália na frente no marcador. Ele é apenas o segundo zagueiro italiano a marcar numa Eurocopa – depois de Christian Panucci, em 2008, contra a Romênia.
Nos primeiros 45 minutos, a Espanha foi completamente dominada pela Itália, que poderia ter ido ao intervalo com uma vantagem maior. No último lance, Giaccherini fez fila na entrada da área e finalizou no ângulo oposto – De Gea salvou La Roja mais uma vez.
Apesar de aumentar o volume de jogo em busca do empate, a Espanha seguia irreconhecível na segunda etapa. Apesar de algumas finalizações, com Cesc Fàbregas, Álvaro Morata e Aritz Aduriz, os lances de maior perigo seguiam saindo dos pés italianos. Aos 10 minutos, Éder ficou cara a cara com De Gea, que voltou a evitar o segundo gol italiano.
Aos 30 minutos, foi a vez de Gianluigi Buffon trabalhar um pouco, colocando para escanteio a finalização de Andrés Iniesta. No lance seguinte, o veterano goleiro de 38 anos voou para espalmar outra conclusão espanhola de longa distância, desta vez de Sergio Busquets.
No final da partida, Gerard Piqué teve a maior chance espanhola no jogo, quando desviou um cruzamento de carrinho, mas Buffon mostrou toda a sua classe. A Espanha seguiu pressionando e abriu a retaguarda. E Itália é sinônimo de retranca e maestria em contra-ataques: já nos acréscimos, Pellé liquidou as esperanças espanholas.
A vitória italiana encerra o ciclo vitorioso da Espanha. Se a eliminação precoce na Copa do Mundo 2014 foi classificada como um deslize, as duas derrotas, para Croácia e Itália, nesta Eurocopa, expõem a necessidade de uma reformulação na seleção espanhola.
A Itália enfrentará agora mais um adversário de grande calibre: a Alemanha, neste sábado, em Bordeaux. Há quatro anos, os italianos eliminaram os alemães nas semifinais.
Ficha técnica
Itália 2 x 0 Espanha
Local: Stade de France, em Saint-Denis
Arbitragem: Cüneyt Çakir (Turquia), auxiliado por seus compatriotas Bahattin Duran e Tarik Ongun.
Gols: Giorgio Chiellini (32'/1T), Graziano Pellè (46'/2T)
Cartões amarelos: Mattia De Sciglio (24'/1T), Nolito (41'/1T), Graziano Pellè (9'/2T), Thiago Motta (44'/2T), Sergio Busquets (44'/2T) e David Silva (48'/2T)
Itália: Gianluigi Buffon; Andrea Barzagli, Leonardo Bonucci e Giorgio Chiellini; Alessandro Florenzi (Matteo Darmian 39'/2T), Daniele De Rossi (Thiago Motta 8'/2T), Mattia De Sciglio, Marco Parolo e Emanuele Giaccherini; Éder (Lorenzo Insigne 37'/2T) e Graziano Pellè. Técnico: Antonio Conte.
Espanha: David de Gea; Juanfran, Gerard Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba; Sergio Busquets, Cesc Fàbregas e Andrés Iniesta; David Silva, Nolito (Aritz Aduriz 1'/2T – Pedro Rodríguez 37'/2T) e Álvaro Morata (Lucas Vázquez 25'/2T). Técnico: Vicente Del Bosque.
Grandes craques sem títulos com suas seleções
O que Messi, Zico e Cruyff têm em comum? Todos foram grandes estrelas em campo, mas nunca conquistaram títulos vestindo a camisa nacional.
Foto: picture-alliance/Bildarchiv/London Express
Lionel Messi
Durante 11 anos, Lionel Messi vestiu a camisa da Albiceleste. Por 11 anos, ele personificou a esperança argentina de conquistar mais um título internacional, depois da Copa América de 1993. Só que a estrela de Messi não brilhou na seleção argentina da mesma forma que no Barça. Em seu saldo, ficam uma final de Copa do Mundo perdida e três derrotas em finais da Copa América.
Foto: GettyImages/AFP/Y. Cortez
Johan Cruyff
Em questão de derrotas em finais de Copa do Mundo, o holandês está à frente do argentino. O "rei Johan", que para muitos é o melhor jogador de todos os tempos, foi derrotado nas finais em 1974 e em 1978. Em campeonatos europeus, chegou apenas ao 3º lugar, em 1976. Mas o que não deu certo com a "Oranje" ao menos foi compensado com os títulos conquistados enquanto jogou por Ajax e Barcelona.
Foto: picture-alliance/dpa
Zico
O "Galinho de Quintino" foi considerado por três vezes o melhor jogador sul-americano. Apesar de ter jogado 88 partidas pela Seleção e ter feito 66 gols, ele jamais levantou um troféu com a camisa canarinho. Na Copa de 1982, ele fez quatro gols, mas o Brasil saiu da disputa após derrota para a Itália. Em 1986, a Seleção perdeu nos pênaltis para a França nas quartas de final.
Foto: picture-alliance/dpa
Raúl
Quando a seleção espanhola começou a colecionar títulos, Raúl já não jogava mais na "La Roja". Seus 44 gols em 102 partidas pela seleção espanhola não bastaram para coroar a carreira com um título pela Espanha.
Foto: picture-alliance/Pressefoto Ulmer
Zlatan Ibrahimovic
Também Zlatan Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo não conquistaram títulos pelas suas seleções. Ibrahimovic encerrou a carreira após a eliminação da Suécia na Eurocopa na França. Já o craque do Real Madrid ainda tem expectativa de conquistar títulos por Portugal.
Foto: picture-alliance/dpa
Paolo Maldini
Sua técnica de jogo perfeita emocionou os apaixonados por futebol. Seus olhos azuis derretiam os corações femininos. Paolo Maldini foi um dos melhores defensores em seu tempo. No Milan, ganhou vários títulos, mas nenhum com a Squadra Azzurra.
Foto: picture-alliance/Lacy Perenyi
Eusébio
O português Eusébio foi o melhor jogador da Copa de 1966, na Inglaterra. Graças a ele, Portugal ficou em terceiro naquele Mundial, até hoje o melhor resultado no futebol já conquistado pelo país. Já em seu clube, o Benfica, colecionou um troféu depois do outro. Ele foi dez vezes campeão nacional e uma vez ganhou Taça dos Clubes Campeões Europeus que antecedeu à Liga dos Campeões.
Foto: AP
Uwe Seeler
Uwe Seeler jogou durante 16 anos pela seleção alemã, mas foi justamente num período em que a equipe não conquistou títulos. Entre 1958 e 1970, ele disputou 21 partidas em Copas, entrando em todas elas na lista dos artilheiros, algo que só Pelé e Klose conseguiram repetir. Em 1966, os alemães perderam a final para a Inglaterra. E em 1970, a Itália acabou com o sonho do título alemão na semifinal.
Foto: imago/United Archives
Ferenc Puskas
Na Copa de 1954, a Hungria, de Ferenc Puskas (centro na foto), era a favorita ao título. Afinal, a equipe estava invicta há quatro anos. Mas um gol do alemão Helmut Rahn destruiu o sonho do título. Assim, Puskas, ídolo do Real Madrid, ficou "apenas" com os títulos que um jogador pode conquistar em competições de clubes.
Foto: picture-alliance/dpa
George Best
Ainda hoje existe a frase "Maradona good, Pelé better, George Best" (Maradona é bom; Pelé, melhor, mas George, o melhor) para elogiar George Best, que marcou toda uma era no Manchester United. O estilo de vida do "quinto Beatle" incluía bebidas alcoólicas, mulheres e carros velozes. Com o ManUnited, conquistou vários títulos, mas nenhum pela Irlanda do Norte.
Foto: AP
Stan Matthews
Ele foi o primeiro a receber o título de Melhor Jogador Europeu, em 1956. Ainda hoje, Stan Matthews é considerado um dos melhores jogadores ingleses da história. Ainda aos 50 anos de idade, jogava na antecessora da Premier League, a principal divisão do futebol inglês. Por causa da 2ª Guerra, ele só participou de uma Copa, em 1954, quando a Inglaterra perdeu nas quartas contra o Uruguai.