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"Super Mario" no BCE

17 de maio de 2011

Ministros das Finanças da zona de euro indicam Mario Draghi para a dirigir a economia do bloco pelos próximos oito anos. Ofizialização deverá ser em junho e posse, em outubro. Meta é garantir estabilidade econômica.

Draghi assumirá BCE com respaldo de Merkel e SarkozyFoto: picture-alliance/ dpa

Os ministros das Finanças dos países da zona do euro devem oficializar durante seu encontro em Bruxelas no dia 24 de junho o nome do italiano Mario Draghi para a presidência do Banco Central Europeu (BCE). Draghi deve assumir o comando da instituição em outubro, quando termina o mandato do atual presidente, o francês Jean Claude Trichet.

Entre os desafios do futuro dirigente está garantir a estabilidade do euro e da economia dos países que adotam a moeda, especialmente após Irlanda, Grécia e mais recentemente Portugal terem pedido socorro ao bloco.

Segundo o presidente do Eurogrupo (conselho que reúne os ministros de Economia e Finanças dos países da zona do euro), Jean Claude Juncker, o nome de Draghi foi indicado nesta segunda-feira (16/05) por unanimidade. "Mario Draghi tem uma excelente reputação na Europa e no mundo. E ele já provou que está fortemente ligado ao euro e à União Europeia", destacou Juncker.

Saída de Trichet da presidência deve ocorrer naturalmenteFoto: dapd

Conhecido na Itália como "Super Mario", Draghi alcançou respeito internacional por restaurar a imagem e a credibilidade do Banco Central italiano – manchada após acusações de abuso de poder e tráfico de influência envolvendo o então presidente da instituição, Antonio Fazi, em 2005.

Durante a crise econômica, Draghi, de 63 anos, tomou medidas firmes que ajudaram a afastar o sistema bancário italiano dos ativos tóxicos. Com isso, ele foi indicado à presidência do Conselho de Estabilidade Financeira, incumbido pelo G20 a traçar novas regras para bancos, no sentido de evitar uma nova crise financeira.

Apoios de peso

Na semana passada, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, apoiou declaradamente a condução de Draghi à direção do BCE. Há alguns meses, a mídia alemã especulava a intenção de Merkel em apoiar o italiano para o lugar de Dominique Strauss-Kahn na presidência do Fundo Monetário Internacional (FMI).

No entanto, diante da prisão de Strauss-Kahn no final de semana sob acusações de agressão sexual nos Estados Unidos, o porta-voz do governo alemão afirmou que Berlim gostaria de ver Mario Draghi no BCE "caso ele decidisse se candidatar ao cargo".
O economista italiano também conta com o respaldo de outros governantes europeus, como o presidente da França, Nicolas Sarkozy. "Não vemos outro candidato no momento", declarou o ministro irlandês de Finanças, Michael Noonan.

BCE atua em 17 países, com 330 milhões de habitantesFoto: AP

Grande desafio

Com um BCE fazendo esforços hercúleos há pelo menos um ano para conter a crise do euro, é importante, acreditam observadores, que a transição de comando na instituição seja feita de maneira suave. Junto com o Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos, o BCE está entre os bancos mais importantes do mundo, responsável pelas divisas de 330 milhões de habitantes.

Membro do Conselho Diretor e do Conselho Geral do BCE, onde são tomadas importantes decisões sobre taxas de juros, Draghi assume o cargo em um momento delicado. Guardião da estabilidade dos 17 países da zona do euro, o BCE tem dado suporte às economias com problemas financeiros, injetando milhões de euros em títulos de dívidas.

A instituição também enfrenta uma forte pressão inflacionária no bloco. Em abril, a taxa anual de inflação chegou a 2,8% – bem acima da meta de 2%.

Forte pressão inflacionária no bloco é um dos desafiosFoto: AP

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O economista Mario Draghi nasceu em Roma, é casado e tem dois filhos. Graduou-se na Universidade de Roma e concluiu o doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos. Foi professor em várias universidades italianas. É considerado um protegido do ex-primeiro-ministro e ex-presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi.

Draghi foi diretor executivo do Banco Mundial entre 1984 e 1990. Assumiu em 1991 o posto de diretor-geral do Tesouro Nacional italiano, cargo no qual se manteve durante dez anos, durante governos tanto de esquerda como de direita. Foi peça fundamental numa onda de privatizações no país entre 1996 e 2001. Ele também foi vice-presidente e diretor do banco de investimentos Goldman Sachs.

Conhecido por sua discrição e também pelos bons relacionamentos que construiu ao longo da vida profissional, "Super Mario" ganhou a simpatia da opinião pública alemã ao declarar em fevereiro passado que "todos deveriam seguir o exemplo da Alemanha", quando perguntado sobre reformas econômicas na Europa.

MS/afp/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer

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