Berlusconi ou Veltroni?
13 de abril de 2008Após a dissolução do governo de Romano Prodi em janeiro de 2008, os italianos vão mais uma vez às urnas neste domingo (13) e segunda-feira (14/04) para eleger seus representantes nas duas instâncias do Parlamento – Senado e Câmara dos Deputados.
Os eleitores poderão escolher entre 32 listas, das quais 15 apresentam um candidato à chefia do governo e apenas oito têm representação em todas as circunscrições. Mas apenas o progressista Partido Democrático, do ex-prefeito de Roma Walter Veltroni, e a aliança conservadora Povo da Liberdade, de Silvio Berlusconi, tem chances reais de vencer o pleito.
As últimas pesquisas eleitorais, divulgadas há duas semanas, indicavam a coligação do ex-primeiro-ministro Berlusconi como favorito, com seis pontos percentuais à frente do partido de Veltroni. No entanto, apesar da constante presença dos dois candidatos na mídia, mais de 30% dos eleitores ainda estavam indecisos na noite anterior à abertura das urnas, o que, no parecer de especialistas, poderia levar a uma baixa participação eleitoral.
Nada de escolha direta
Mas o psiquiatra Piero Rocchini, conselheiro na Câmara dos Deputados, alerta para o fato de que os eleitores não estão indecisos em relação ao partido. "Eles estão incertos se as eleições trarão alguma mudança que seja. Pois, graças à nossa atual legislação, os cidadãos não podem escolher diretamente seus políticos", explica.
De fato, o sistema eleitoral italiano prevê que o eleitor vote em listas fechadas e a coalizão que obtiver a maior fração garante automaticamente a maioria absoluta no Câmara dos Deputados, com pelo menos 340 cadeiras do total de 630 (54%).
O mesmo modelo se repete a nível regional para determinar os 315 membros do Senado. Tal sistema de maiorias regionais, porém, confere poder a partidos regionalmente representativos, mas que poderiam ser considerados relativamente insignificantes a nível nacional. Uma vez determinado o número de mandatos, os partidos elaboram a lista dos candidatos.
Os cerca de três milhões de italianos residentes no exterior tiveram até a quinta-feira passada para votar. No entanto, a Procuradoria Geral da República abriu inquérito contra a máfia calabresa e um político siciliano – supostamente Dell'Utri, um aliado de Berlusconi – para averigüar acusações de fraude e manipulação dos votos, inclusive na América Latina.
Falta inovação
Segundo Rocchini, não é só a necessidade de reforma do sistema eleitoral que afasta os eleitores. Também a falta de inovação assemelha cada vez mais os programas políticos dos partidos, que por sua vez não têm interesse em envolver o eleitor no processo político.
"É um país em busca de estabilidade e de uma visão para o futuro que hoje vota", escreveu o periódico econômico Il Sole-24 Ore. O tradicional Corriere de la Sera incita esquerda e direita a "trabalharem juntos a fim de levar a cabo as mudanças de que o país tão urgentemente necessita, para poder voltar a produzir e crescer".
Os colégios eleitorais fecham definitivamente nesta segunda-feira (14/04), quando devem ser divulgados os primeiros prognósticos. Ao todo, 47,3 milhões de italianos podem votar para a Câmara des Deputados (maiores de 18 anos), enquanto 43,2 milhões podem votar para o Senado (maiores de 25 anos).