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Itamaraty condena hostilidade a senadores em Caracas

19 de junho de 2015

Comitiva de parlamentares decide voltar ao Brasil após ser hostilizada por manifestantes pró-Maduro e não consegue se encontrar com oposicionistas. Vice-presidente venezuelano debocha do ocorrido.

Foto: C, Becerra/AFP/Getty ImagesBECERRA/AFP/Getty Images

Os senadores brasileiros que viajaram nesta quinta-feira (18/06) à Venezuela decidiram, no mesmo dia, retornar ao Brasil, depois de terem sido hostilizados por manifestantes favoráveis ao presidente Nicolás Maduro. Os parlamentares não conseguiram visitar os líderes oposicionistas presos, principal objetivo da comitiva.

O Itamaraty considerou inaceitáveis "os atos hostis" contra os senadores e disse que pedirá, por meio dos canais diplomáticos, esclarecimentos sobre o ocorrido ao governo da Venezuela.

"O governo brasileiro lamenta os incidentes que afetaram a visita à Venezuela da Comissão Externa do Senado e prejudicaram o cumprimento da programação prevista naquele país. São inaceitáveis atos hostis de manifestantes contra parlamentares brasileiros", afirmou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores.

O grupo de senadores, entre eles algumas das principais vozes de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff, como Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), José Agripino (DEM-RN) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), havia ido à Venezuela para se reunir com mulheres de opositores venezuelanos presos e se encontrar com algumas dessas lideranças, como Leopoldo López.

Sessão interrompida na Câmara

O episódio levou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a emitir uma nota criticando o tratamento dado aos parlamentares. A Câmara dos Deputados também aprovou uma moção de repúdio. Uma sessão foi suspensa, o que levou ao adiamento da votação de uma das medidas de ajuste fiscal do governo.

"Há relatos de cerco à delegação brasileira, hostilidades, intimidações, ofensas e apedrejamento do veículo onde estão os senadores brasileiros", disse Renan em nota divulgada pela Presidência do Senado. "O presidente do Congresso Nacional repudia e abomina os acontecimentos narrados e vai cobrar uma reação altiva do governo brasileiro quanto aos gestos de intolerância narrados."

Leopoldo López: senadores brasileiros não conseguiram visitar o opositor venezuelanoFoto: picture-alliance/dpa/M. Gutierrez

Os relatos dos senadores são de que as vias de acesso entre o aeroporto de Caracas e o presídio onde López está detido foram interditadas. O ônibus que levava a comitiva, segundo os parlamentares, chegou a ser atacado por manifestantes pró-Maduro.

"Nós viemos em missão de paz, não viemos destituir governos. Nós viemos exigir democracia. E o que é mais alarmante é que o Brasil é hoje governado por uma ex-presa política, que não demonstra a menor solidariedade e a menor sensibilidade com o que vem acontecendo hoje com irmãos seus de luta no passado", criticou Aécio, perante jornalistas, já de volta ao Brasil.

O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, enviou para o celular de Lilian Tintori, mulher de López, uma mensagem de deboche sobre o ocorrido

"Se os senadores estão aqui é porque não têm muito trabalho por lá. Umas horas a mais ou a menos, dá no mesmo", diz o texto enviado a Tintori.

López, de 44 anos, seria o primeiro que a comitiva tentaria visitar. Preso, ele esteve em greve de fome por 25 dias, e é acusado de incitar a violência durante as manifestações de 2014 contra o governo, que terminaram com 43 mortos.

RPR/abr/rtr

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