Há um século, foi proclamado o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, batizado depois como Iugoslávia. Há 25 anos o Estado multiétnico se desintegrou. Já estaria condenado à morte desde sua fundação?
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A Iugoslávia está morta há um quarto de século, mas até hoje o conceito mantém seu significado para muita gente. Não só para os que nasceram nesse país, mas também para alemães que passavam lá as férias ou frequentavam um dos numerosos restaurantes iugoslavos em funcionamento em várias partes da Alemanha, desde a década de 1960.
A maioria, porém, associa hoje a Iugoslávia sobretudo à guerra civil que a assolou nos anos 90, e cujos efeitos tardios marcam até hoje os Estados oriundos do país desintegrado.
Também a fundação do primeiro Estado da Iugoslávia, em 1º de dezembro de 1918, foi consequência de uma guerra. Quando, no fim da Primeira Guerra Mundial, o Império Austro-Húngaro da monarquia dos Habsburgos entrou em colapso e grande parte da Europa foi reorganizada, ofereceu-se a chance de realizar um velho sonho.
Já no século 19, intelectuais, sobretudo da Croácia, impulsionavam o Movimento Ilírico, baseado no mito de que os iugoslavos, ou eslavos do sul, descendiam todos do antigo povo dos ilírios, sendo portanto natural que vivessem todos sob um mesmo Estado.
Em 1917 encontraram-se na ilha grega de Corfu representantes dos eslavos meridionais da Áustria-Hungria – entre os quais sérvios, croatas e eslovenos – e representantes do Estado sérvio, fundado já em 1835. Juntos, eles decidiram anunciar a fundação de uma nação comum, o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos.
No entanto a "Declaração de Corfu" tinha um déficit decisivo, explica a historiadora Marie-Janine Calic: "Ela diziq eu nomes, símbolos e religiões dos sérvios ortodoxos e dos eslovenos e croatas católicos seriam iguais perante a lei. No entanto, permaneceu em aberto a questão de como isso seria politicamente implementado numa Constituição."
Esse defeito congênito provou ser fatal, pois já na época as profundas diferenças entre a noção centralista de Estado da Sérvia e os desejos federalistas dos croatas e eslovenos pesavam no debate político.
Por isso, desde 1990 se afirma, principalmente na Croácia, que a Iugoslávia foi um "cárcere de povos", assim como a monarquia dos Habsburgos e o Império Otomano, no qual croatas e eslovenos eram reprimidos pelos sérvios. Certos historiadores contradizem essa visão.
"O Reino da Iugoslávia não se formou do nada", afirma, por exemplo, Ulf Brunnbauer, da Universidade de Regensburg. "Havia elites políticas na Sérvia, Croácia e Eslovênia que, por motivos diversos, tinham interesse num Estado conjunto e acreditavam nele."
Enquanto a Sérvia se via como potência vencedora da Primeira Guerra, que travara luta sangrenta pela independência do novo Estado comum, os croatas e eslovenos queriam libertar-se do domínio austro-húngaro, para finalmente viver num país em que tivessem plenos direitos.
"Em 1918, eslovenos e croatas tinham pouca ou nenhuma alternativa para a Iugoslávia. A ideia de soberania nacional não era muito popular, a Iugoslávia era um desejo de muitos", explica Brunnbauer.
Talvez seja esse justamente o motivo por que o novo Estado não sucumbiu às tensões internas. Batizado Reino da Iugoslávia em 1929, ele foi destruído em 1941 a partir de fora, quando alemães e italianos o ocuparam.
Do combate aos invasores resultou, dois anos mais tarde, a segunda Iugoslávia. No entanto, o segundo Estado multiétnico dos eslavos meridionais lutava com problemas semelhantes aos do primeiro, especialmente após a morte de seu fundador e presidente vitalício, Josip Broz Tito (1892-1980).
Além das gigantescas diferenças sociais e econômicas entre o norte – Eslovênia e Croácia – e o sul – Sérvia, Macedônia e Kosovo – faltava às diferentes repúblicas da Federação Socialista a disposição de subordinar seus interesses particulares ao Estado comum, segundo a historiógrafa Calic.
"Do ponto de vista político, foi decisivo o fato de o consenso encontrado pelas elites em 1917-18 – ou seja, de construir um Estado conjunto – ter se rompido nos anos 80."
Por outro lado, na época praticamente não existia o ódio alegadamente secular entre as diferentes comunidades nacionais da Iugoslávia, citado com frequência, desde o começo da década de 90, como explicação para a desintegração e guerra, frisa o historiador Hannes Grandits, da Universidade Humboldt, em Berlim.
"Estudos mostram que, até o início dos anos 1990, animosidades entre os diferentes povos não eram muito pronunciadas – com a exceção de sérvios e albaneses. Isso só mudou depois de começarem as ações bélicas, em 1991."
Somente no decorrer das guerras na Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo e Sérvia, entre 1991 e 1999, o abismo separando os povos eslavos do sul atingiu o nível atual. Hoje, entre a Eslovênia e a Macedônia, praticamente ninguém cogita uma nova Iugoslávia.
"A ideia do iugoslavismo está morta", resume o professor Brunnbauer. "E no entanto seria bem se não fosse assim, pois econômica e politicamente tudo seria a favor de uma cooperação estreita entre os países pós-iugoslavos. [Essa ideia] continua unindo muita coisa, mesmo que os nacionalistas o neguem."
Não há projetos políticos realistas visando uma integração regional. A única coisa que une os países da área hoje conhecida como "Bálcãs Ocidentais" é o desejo de pertencer à União Europeia. E é justamente aí que os historiadores veem a única chance da ex-Iugoslávia.
Segundo Grandits, "a integração dos Estados dos Bálcãs Ocidentais na UE resultaria em muitos problemas, com que hoje esses países se debatem, se resolverem por si sós. Não todos, mas realmente muitos."
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Em seu discurso de Ano Novo, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, destacou a importância da “cooperação internacional” contra a pressão que busca impedir as “certezas tradicionais”. Segundo ela, é preciso “defender, argumentar e lutar” por crenças e convicções. Disse ainda que só será possível vencer os desafios "se continuamos unidos e cooperamos com outros além das fronteiras".(31/12)
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Bangladesh foi às urnas em um dia marcado por violência, apesar do grande aparato de segurança mobilizado. A premiê do país, Sheikh Hasina, venceu as eleições legislativas, segundo resultados divulgados pela TV. A oposição rejeitou o resultado, denunciando uma fraude. Pelo menos 13 pessoas morreram em confrontos com a polícia e entre grupos políticos rivais em diversas regiões do país. (30/12)
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Mensagem de Natal do presidente alemão
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Foto: Reuters/A. Hilse
Tsunami mata e fere centenas na Indonésia
Mais de 200 pessoas morreram e quase 900 ficaram feridas após um tsunami atingir a Indonésia. Dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas. Ondas que chegaram a cerca de três metros de altura atingiram as regiões costeiras do estreito de Sunda, localizado entre as ilhas de Sumatra e Java. Especialistas acreditam que a erupção do vulcão Anak Krakatau tenha causado o tsunami. (23/12)
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O governo dos Estados Unidos começou um fechamento parcial por falta de fundos depois de republicanos e democratas não chegarem a um acordo orçamentário no Congresso sobre o financiamento de um muro na fronteira com o México. Mais de 800 mil dos 2,1 milhões de funcionários federais serão afetados pela paralisação de serviços da administração do país, deixando de receber seus salários. (22/12)
Foto: picture-alliance/dpa/C. Kaster
Alemanha dá adeus às minas de carvão
A Alemanha e especialmente a região do Vale do rio Ruhr se despediram oficialmente das minas de carvão. O presidente Frank-Walter Steinmeier participou de uma cerimônia de desativação oficial da mina Prosper-Haniel, a última ainda em funcionamento. O combustível foi fundamental para o desenvolvimento alemão por quase dois séculos, mas há anos só vinha sendo extraído com subsídios. (21/12)
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Meissner
Foto de menino com deficiência é premiada pelo Unicef
A imagem de um menino com próteses, registrada no Togo pelo fotógrafo Antonio Aragón Renuncio, recebeu o prêmio de "Foto do Ano" concedido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Ao conceder o prêmio, a entidade fez um alerta contra o preconceito. Em algumas regiões do Togo ainda é prática que crianças com deficiência sejam maltratadas ou até rejeitadas pelas famílias. (20/12)
Foto: Antonio Aragón Renuncio, Spanien
Marco Aurélio decide libertar presos em 2ª instância
O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF) pegou o mundo político e jurídico de surpresa ao conceder uma liminar que suspendeu o cumprimento de pena para condenados em 2ª instância. A medida poderia beneficiar presos da Lava Jato, como o ex-presidente Lula. Mas a decisão durou menos de cinco horas. Acabou sendo revogada no mesmo dia pelo presidente do STF, Dias Toffoli. (19/12)
Foto: Dorivan Marinho/SCO/STF
Primeiro-ministro belga renuncia
O primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, anunciou sua renúncia diante do Parlamento. A administração de Michel vinha enfrentando dificuldades desde que um dos partidos que fazia parte sua coalizão abandonou o governo no início de dezembro por não concordar com a adesão do país ao Pacto para a Migração da ONU. Desde então, Michel vinha liderando um frágil governo de minoria. (18/12)
Foto: picture-alliance/dpa/Belga/V. Dufour
ONU aprova pacto global sobre refugiados
As Nações Unidas aprovaram um pacto global sobre refugiados. Ao todo, 181 países votaram a favor, enquanto EUA e Hungria foram contrários. República Dominicana, Eritreia e Líbia se abstiveram. O pacto procura promover uma resposta internacional adequada aos fluxos em massa e situações prolongadas de refugiados. No final de 2017, existiam quase 25,4 milhões de refugiados no mundo. (17/12)
Foto: picture-alliance/dpa/M. Elias
Pássaros sul-americanos invadem Norte alemão
A única população selvagem de emas da Europa, na fronteira entre os estados alemães de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Schleswig-Holstein, aumentou recentemente de 205 para 566..Parentes sul-americanas da avestruz, elas crescem até 1,7 metro de altura, pesando até 40 quilos. Os fazendeiros não gostam das aves gigantes, que estão devorando suas plantações de colza e cereais. (16/12)
Foto: picture-alliance/dpa/C. Charisius
Júbilo em Katowice
Michal Kurtyka, presidente da COP24, pula de alegria. Após 13 dias de encontros e intensas negociações, 197 países encerraram a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas com "livro de regras" que permitirá implementar o Acordo de Paris, regendo a luta contra o aquecimento global nas próximas décadas, numa importante etapa para a política climática internacional. (15/12)
Foto: Reuters/K. Rempel
Temer decide extraditar Battisti
O presidente Michel Temer assinou o decreto de extradição de Cesare Battisti. Após o anúncio, o italiano, que é procurado pela Polícia Federal, tinha paradeiro incerto e era considerado foragido. Battisti, um ex-membro do grupo terrorista de esquerda, foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970. Ele vivia em liberdade no Brasil desde 2011. (14/12)
Foto: picture alliance/dpa/Gattoni/Leemage
Autor de atentado em Estrasburgo é morto
O autor do ataque em Estrasburgo, na França, foi morto pela polícia do país na noite desta quinta-feira após uma caçada que durou 48 horas. Chérif Chekatt, de 29 anos, foi localizado e abatido na própria cidade após uma troca de tiros com policiais, a dois quilômetros do local do ataque, No ataque executado por Chekatt morreram duas pessoas e 13 ficaram feridas. (13/12).
Foto: Reuters/C. Hartmann
May sobrevive à moção de desconfiança
A primeira-ministra britânica, Theresa May derrotou uma moção de desconfiança dentro do Partido Conservador por 200 votos contra 117. Com a vitória, May permanece na liderança do partido e no cargo de premiê e ainda fica imune durante um ano a uma nova contestação interna. A moção foi apresentada por deputados insatisfeitos com o acordo sobre o Brexit que May negociou com a União Europeia. (12/12)
Foto: Reuters/P. Nicholls
Homem mata quatro e se suicida na Catedral de Campinas
Um homem abriu fogo dentro da Catedral Metropolitana de Campinas (SP), matou quatro pessoas durante uma missa e depois se suicidou no início da tarde desta terça-feira. Outras quatro pessoas ficaram feridas e foram levadas para hospitais da cidade paulista. O atirador foi identificado como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos. (11/12).
Foto: picture-alliance/D. Cesare
Após protestos, Macron anuncia "pacote de bondades"
Pressionado por manifestações e perda de popularidade, presidente francês anuncia aumento de 100 euros no salário mínimo e fim de impostos sobre horas extras para tentar apaziguar ânimos dos "coletes amarelos". Em discurso na TV, Macron condenou violência em protestos, mas disse reconhecer que “raiva” dos franceses é profunda e prometeu um debate sobre uma profunda reforma do estado. (10/12)
Foto: Reuters/L. Marin
River Plate conquista a Libertadores
Depois do adiamento da partida devido à violência nos arredores do estádio em Buenos Aires que culminou com o ataque ao ônibus do Boca Juniors, a final da Taça Libertadores foi realizada no estádio Santiago Bernabéu, em Madri. De virada, por 3 a 1, o River Plate venceu o Boca Juniors e conquistou no campo o quarto título no torneio. (09/12)
Foto: Reuters/J. Medina
“Coletes amarelos” voltam a protestar na França
Manifestantes voltaram a tomar as ruas de Paris e outras cidades francesas contra políticas do governo de Emmanuel Macron pelo quarto final de semana seguido. As novas manifestações ocorrem apesar de o presidente ter suspendido temporariamente um aumento de impostos sobre combustíveis. Mais de cem pessoas ficaram feridas em confrontos. (08/12)
Foto: picture-alliance/dpa/M. Euler
A sucessora de Merkel
Annegret Kramp-Karrenbauer, uma aliada de longa data da chanceler federal alemã, Angela Merkel, foi escolhida para sucedê-la como líder de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU). A mudança marca o princípio do fim da era Merkel. Apesar de abrir mão da liderança da legenda, que assumiu há 18 anos, Merkel pretende seguir à frente do governo alemão até o fim de seu mandato, em 2021. (07/12)
Foto: Reuters/F. Bimmer
Executiva da Huawei é presa no Canadá
Autoridades canadenses revelaram que a diretora financeira da empresa chinesa de telecomunicações Huawei, Meng Whanzhou, foi presa, acusada de violar as sanções impostas pelo governo americano ao Irã. A prisão de Meng, filha do fundador da Huawei e uma das principais executivas da empresa, gerou novos temores sobre o agravamento das tensões comerciais entre a China e os EUA. (06/12)
Foto: Reuters/A. Bibik
Putin recebe Maduro em Moscou
O presidente russo, Vladimir Putin, manifestou apoio ao seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, que visita Moscou em busca de ajuda financeira para seu país. Maduro espera contar com o apoio da Rússia após ter se isolado cada vez mais no cenário internacional. A Rússia e a Venezuela mantêm laços de longa data. O antecessor de Maduro, Hugo Chávez, era um convidado bem-vindo no Kremlin. (05/12)
Foto: picture-alliance/AP Images/M. Shemetov
Governo Macron cede aos manifestantes
A França suspendeu, ao menos temporariamente, o aumento dos impostos sobre os combustíveis, que foi o estopim dos protestos de rua que acabaram se transformando em manifestações de massa contra o governo do presidente Emmanuel Macron. Esta é a primeira vez que Macron cede sobre uma decisão importante desde que assumiu o cargo, em 2017. (04/12)
Foto: Getty Images/AFP/S. Mahe
Fim de símbolo do turismo de massa
Atendendo a um pedido de ambientalistas, a prefeitura de Amsterdã removeu da Praça dos Museus um dos cenários fotográficos favoritos dos turistas que visitam a capital holandesa: enormes letras vermelhas e brancas que compunham o slogan "I Amsterdam". Os políticos verdes argumentaram que as letras se transforaram num símbolo do turismo de massa e do "individualismo exagerado". (03/12)
Foto: picture-alliance/dpa/T. Linkel
Começa conferência do clima COP24
Negociadores de quase 200 países iniciam em Katowice, na Polônia, duas semanas de conversações sobre as mudanças climáticas e como implementar medidas para manter aquecimento do planeta abaixo de 2 graus Celsius. Encontro em Katowice é visto como teste do comprometimento dos países signatários em implementar medidas para alcançar suas metas climáticas. (02/12)
Foto: picture-alliance/dpa/F. Dubray
Confrontos entre polícia e "coletes amarelos"
Tropa de choque da polícia francesa e grupos de manifestantes conhecidos como "coletes amarelos" voltam a entrar em confronto em Paris, durante o terceiro fim de semana seguido de protestos contra o aumento de impostos sobre combustíveis e a redução do poder aquisitivo. Policiais lançam bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água contra parte dos manifestantes. (01/12)