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"Já nos acostumamos às sirenes", dizem moradores de Kursk

Aleksei Strelnikov
15 de agosto de 2024

Em meio a avanço de tropas ucranianas sobre a região russa de Kursk e a vizinha Belgorod, população local afirma que combates são mais intensos do que o informado pela TV estatal e criticam inação de Putin.

Imagem de 11 de agosto mostra homem com mão na cabeça diante de carros queimados no pátio de um prédio em Kursk
Imagem de 11 de agosto mostra morador diante de carros queimados no pátio de um prédio em Kursk. Segundo autoridades locais, edifício foi atingido por destroços de um míssil ucraniano destruídoFoto: Anatoliy Zhdanov/REUTERS

Há uma semana, as Forças Armadas da Ucrânia estabeleceram-se em várias localidades da região de Kursk, na Rússia. Na última segunda-feira (12/08), 28 cidades e vilarejos estavam sob controle ucraniano, segundo afirmou o governador interino de Kursk, Alexei Smirnov, ao presidente russo, Vladimir Putin.

A maior dessas localidades seria Sudzha, com 5 mil habitantes. Unidades especiais ucranianas afirmaram no Telegram que a cidade estava sob seu controle. De acordo com veículos de propaganda russos, Sudzha é atualmente o principal palco de combates.

Unidades ucranianas estariam atacando em várias direções, e foi ordenada a evacuação da cidade de Lgov, que tem 17 mil habitantes. Também na região vizinha de Belgorod, localidades estão sendo evacuadas.

Segundo Smirnov, cerca de 2 mil pessoas, cujo destino seria desconhecido, se encontravam nas áreas controladas pelas tropas ucranianas.

A DW conversou com moradores de Belgorod e Kursk sobre a situação em suas cidades, bem como sobre o quanto confiam nas autoridades russas.

Televisão estatal fala apenas de "dificuldades temporárias"

Segundo relataram vários moradores, somente no dia 9 de agosto houve dez alertas de ataque aéreo em Kursk. Margarita, que preferiu não revelar seu nome verdadeiro, afirma que a situação na região está "tranquila" e que as pessoas continuam trabalhando, fazendo compras e passeando como de costume.

"As sirenes tocam com frequência, mas já nos acostumamos. O alarme é para toda a região, não apenas para nós", ressalta.

A televisão estatal fala apenas de "dificuldades temporárias". No entanto, Margarita ouviu de parentes que os combates são mais intensos do que o mostrado na TV, e que as pessoas estão fugindo das áreas da região de Kursk que fazem fronteira com a Ucrânia. Mesmo assim, ela acredita que tudo isso será "apenas passageiro" e planeja permanecer em sua cidade natal.

Distribuição de ajuda humanitária em Kursk, em imagem de 8 de agosto disponibilizada pela agência de notícias estatal russa TASSFoto: Vladimir Gerdo/TASS/dpa/picture alliance

Antonina vive na cidade de Kursk, centro administrativo da região homônima, e tem uma irmã em Sudzha. "Quando o bombardeio começou, minha irmã Julia fugiu às pressas", relata.

Julia e a família se abrigaram na casa de parentes em Oriol, cerca de 260 quilômetros ao norte de Sudzha, e ela teve que deixar para trás todos os seus documentos, incluindo cartões bancários, conta Antonina. "Mas o que mais a preocupa são a casa e seus animais. Ela deixou para trás leitões, patos e galinhas", diz.

Agora, Julia e a família estão em busca de outro lugar para morar. Devido a dificuldades no abastecimento, ela ainda não teria conseguido ter acesso a rações de alimentos. Além disso, estaria esperando para receber 10.000 rublos (cerca de R$ 615) prometidos pelo governo russo para todos que tiveram que deixar suas casas.

Críticas a Putin

Em Belgorod, os alertas de ataques aéreos também se tornaram frequentes, conta Nina, que vive na região e também preferiu não revelar seu nome verdadeiro. Enquanto conversava com a DW pelo telefone, uma sirene soou, mas a jovem permaneceu em seu quarto.

"Já nos acostumamos com isso, eu parei de ir para o corredor", diz ela.

Segundo Nina, moradores da cidade estão aliviados pelo fato de o Exército ucraniano ainda não ter chegado até eles, mas falam sobre a possibilidade de uma invasão na região. Desde o início da ofensiva ucraniana na vizinha Kursk, o número de militares russos em Belgorod tem aumentado, relata.

Segundo Nina, as pessoas em Belgorod estão criticando cada vez mais as autoridades russas, incluindo o presidente. "Meus amigos e parentes que apoiam a guerra já consideram Putin um líder fraco por ele não estar fazendo nada."

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