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Janot decide por revogação da imunidade de delatores da JBS

8 de setembro de 2017

Procurador-geral deve encaminhar solicitação de revogação dos benefícios concedidos aos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, que podem ter prisão preventiva decretada, segundo informações da imprensa brasileira.

Joesley Batista: empresário pode ter prisão preventiva decretada
Joesley Batista: empresário pode ter prisão preventiva decretadaFoto: picture alliance/ESTADAO CONTEUDO/D. Sampaio

O procurador-geral, Rodrigo Janot, decidiu nesta sexta-feira (08/09) pedir a revogação da imunidade concedida a Joesley Batista e Ricardo Saud, após ouvir depoimentos prestados pelos executivos da JBS no dia anterior, segundo informações divulgadas nos sites dos jornais Folha de S. PauloO Globo e Estado de S. Paulo. Os empresários depuseram sobre áudios revelados nesta semana, em que eles conversam sobre a negociação da delação premiada.

Com isso, existe a possibilidade de Janot pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva de ambos, segundo fonte interna da Procuradoria-Geral da República. O ministro Edson Fachin, relator do caso no STF, estaria disposto a determinar a prisão dos dois colaboradores, caso julgue haver indícios mínimos da necessidade de tal medida. O pedido do procurador-geral deve ser encaminhado a Fachin ainda nesta sexta-feira.

Desde esta terça-feira, quando foram revelados os áudios com o diálogo entre os executivos, há um sentimento de indignação entre membros do STF. A gravação também compromete a reputação de Janot, o qual consideraria a prisão dos delatores um meio de melhorar sua imagem, às vésperas de sua saída do cargo de procurador-geral.

Joesley e Saud prestaram depoimento nesta quinta-feira na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, sobre áudios em que eles falam da negociação da delação premiada. Nesta sexta-feira está agendado o depoimento do ex-procurador Marcello Miller, suspeito de ter atuado em um sistema para beneficiar a JBS na elaboração das condições do acordo de leniência.

gravação apresentada ao Ministério Público Federal inclui uma conversa entre Batista, dono da J&F (controladora da JBS), o diretor da J&F Ricardo Saud e o advogado Francisco de Assis. Ela teria ocorrido involuntariamente. O conteúdo dos áudios levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a iniciar uma investigação sobre a suposta omissão de informações dos delatores.

No áudio, Saud e Joesley falam sobre uma tentativa de gravar uma conversa do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para conseguir provas sobre supostas irregularidades cometidas por ministros do STF. Com essa gravação, eles pretendiam conseguir um acordo de delação premiada mais vantajoso.

Joesley e Saud também conversam sobre o acordo de delação premiada. O dono da JBS orienta o diretor a se aproximar de um Marcelo, supostamente o ex-assessor de Janot Marcelo Miller, para chegar ao procurador-geral e obter um acordo com melhores benefícios.

Omissão de informações

No final das quase quatro horas de conversa, Saud e Joesley falam sobre a omissão de informações durante os depoimentos após o acordo de delação premiada.

"A gente preserva todos os nossos, como chama, consumidores, nosso mercado, nós preservamos todos os supermercados compradores. Todos os nossos compradores. E a gente salva uns quatro ou cinco amigos", disse Saud.

O acordo firmado entre a JBS e a PGR foi criticado por ter concedido impunidade processual aos delatores. Caso a investigação anunciada por Janot confirme que os delatores omitiram informações, eles podem perder os benefícios obtidos. As provas entregues, no entanto, continuam válidas.

O processo de obtenção dos benefícios de delação é questionado no STF pela defesa de Temer. Os executivos da JBS negam irregularidades.

MD/ots

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