Mudança possibilita que imperador Akihito ceda trono a filho, devido a idade avançada e estado de saúde delicado. Ainda não há uma data para a abdicação, que deve ser a primeira no país em 200 anos.
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O Parlamento do Japão aprovou nesta sexta-feira (09/06) uma lei que permitirá ao imperador Akihito, de 83 anos, ceder o trono a seu filho, o príncipe herdeiro Naruhito. Se consumada, essa será a primeira abdicação no país em 200 anos.
A promulgação da lei ocorre dez meses depois de o monarca expressar seu desejo de abandonar o trono, devido à idade avançada e ao estado de saúde delicado. A atual legislação japonesa que rege a Casa Imperial não permitia a abdicação. A mudança prevista na lei, porém, se aplica apenas ao imperador Akihito.
Com a mudança legislativa, o governo deve definir uma data para o atual imperador ceder o trono ao filho. A abdicação deve acontecer dentro de três anos após a entrada da lei em vigor.
Embora não tenha uma data definida, o Executivo planeja que Akihito renuncie a suas funções em dezembro de 2018, quando completará 85 anos de idade e três décadas como chefe de Estado, ou em janeiro de 2019, coincidindo com a passagem de ano.
Akihito chegou ao trono aos 55 anos, em 7 de janeiro de 1989, após a morte do pai, o imperador Hirohito. Sua abdicação será a primeira a ter lugar na linha de sucessão imperial nipônica desde a renúncia do imperador Kokaku, em 1817.
Na monarquia hereditária mais antiga do mundo, o status do imperador é altamente sensível, devido às guerras travadas no século 20 em nome do pai do atual soberano. Reverenciado como um semideus antes e durante a Segunda Guerra Mundial, Hirohito foi reduzido a mera figura representativa, como parte das reformas do pós-guerra.
De acordo com a Constituição pacifista japonesa, o imperador desempenha funções de representação do Estado e é o símbolo da nação e da unidade do povo.
Mulheres no trono
O órgão legislativo aprovou também nesta sexta-feira uma resolução não vinculativa que insta o governo abrir o debate sobre a permanência das mulheres na realeza após o casamento.
De acordo com a lei que rege a Casa Imperial japonesa desde 1947, quando se casam com um plebeu, as mulheres não podem assumir o trono e perdem o status de realeza.
O debate voltou à tona depois da neta mais velha de Akihito, a princesa Mako, de 25 anos, anunciar em maio que pretende se casar com um colega de universidade, o que a faria então perder sua condição de membro da realeza.
Quando a princesa se casar, a família passará a contar apenas com 18 membros, dos quais somente cinco são homens: o imperador Akihito, o seu irmão, o príncipe Hitachi de 81 anos, o príncipe herdeiro Naruhito, de 57 anos, o príncipe Akishino, de 51 anos, e o príncipe Hisahito, de dez anos.
CN/efe/lusa/ap
Dez coroas reais europeias
Desde a Antiguidade, a coroa tem sido um dos símbolos de poder e autoridade de reis e imperadores. Veja aqui exemplos dessas insígnias ao longo da história na Europa. Uma delas foi até mesmo confeccionada no Brasil.
Foto: gemeinfrei
Coroa Real Portuguesa
O Brasil é o único país das Américas onde um rei europeu foi elevado ao trono. Em 6 de fevereiro de 1818, Dom João 6° foi aclamado no Rio de Janeiro soberano do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves. Feita na capital fluminense, a coroa portuguesa é composta por oito arcos fechados e foi executada exclusivamente em ouro. Ela foi usada pelos reis de Portugal até o fim da monarquia, em 1910.
Foto: gemeinfrei
De diadema a mitra
Inicialmente, as coroas se pareciam com diademas, como a coroa de louros na Antiguidade (foto). Depois, no Império Bizantino, elas se tornaram uma cobertura de cabeça com adornos pendentes, assumindo posteriormente a forma de mitra, o que, de certa forma, é válido até hoje. Com este símbolo sacerdotal do Velho Testamento, os soberanos transmitiam a ideia da dignidade imperial como dádiva divina.
Foto: public domain
Coroa do Sacro Império Romano-Germânico
Confeccionada entre 960 e 1000, esta insígnia real foi usada até o início do século 19 pelos monarcas do Sacro Império Romano-Germânico. Diferente de outras coroas, ela é octogonal, pois consta que somente oito pessoas sobreviveram ao dilúvio bíblico. Além disso, ela tem 240 pérolas e 120 pedras preciosas: cifras divisíveis por 12 para representar os 12 apóstolos e as 12 tribos de Israel.
Além da cruz inclinada que a encima, esta insígnia do antigo Reino da Hungria é uma das poucas coroas que ainda guardam adornos pendentes. Conhecida como Coroa de Santo Estêvão, sua origem remonta ao século 12. Durante sua longa existência, ela já foi roubada, enterrada e até mesmo perdida. Depois da Segunda Guerra, ela foi levada para os EUA, sendo devolvida aos húngaros definitivamente em 1978.
Foto: Public Domain
Coroa da Boêmia
Esta insígnia real foi executada em 1346 para a coroação do rei da Boêmia, região que hoje faz parte da República Tcheca. Toda em ouro, ela tem forma de diadema com quatro flores-de-lis verticais, conectadas por arcos transversais. A cruz no topo conteria um espinho da coroa de Jesus, segundo a inscrição latina nela gravada: "Hic est spina corona Domini" (aqui está um espinho da coroa do Senhor).
Foto: picture alliance/dpa/M. Dolezal
Joias dinamarquesas
Estas duas coroas pertencem às insígnias do monarca dinamarquês. Desde cerca de 1680, tais joias são guardadas no Palácio de Rosenborg, em Copenhague. Na foto, vê-se em primeiro plano a chamada Coroa de Christian 5°, executada por volta de 1670. Atrás dela, está a coroa das rainhas. Desde meados do século 19, elas são usadas somente em cerimônias de sepultamento, sendo colocadas sobre o caixão.
Foto: picture alliance/Scanpix Denmark
Coroa Imperial da Rússia
A coroa dos czares foi confeccionada para a entronização de Catarina 2ª. Mas ficou pronta tarde demais, sendo o czar Paulo 1° o primeiro a usá-la, em 1796. Ela foi utilizada pelos soberanos russos até o fim da monarquia, em 1917. Feita em ouro e prata, a insígnia contém pérolas e 4.936 diamantes, espalhados em forma de mitra. No topo, ela é encimada por um espinélio vermelho de 398,72 quilates.
Foto: picture alliance/dpa/J. Lampen
Coroa de Napoleão
Feita em prata dourada e bronze, esta insígnia foi executada em 1804 para a entronização de Napoleão Bonaparte, que foi realizada na Catedral de Notre Dame. Durante quase toda a cerimônia, no entanto, o imperador preferiu usar uma coroa de louros de ouro, como os antigos romanos. A coroa da foto foi utilizada somente para a sua autocoroação, sendo logo recolocada sobre o altar.
Foto: picture alliance/akg-images
Coroa holandesa
Em comparação com outras monarquias europeias, as joias da Casa Real holandesa são relativamente novas, tendo sido executadas em 1840, sob encomenda do rei Willem 2°. A coroa (foto) é feita de prata dourada e não contêm nenhum diamante ou pérola de verdade. Os reis holandeses optam por não usá-la: junto ao cetro e ao orbe, ela é deixada sobre uma mesa durante a cerimônia de juramento do monarca.
Foto: picture alliance/dpa/P. van Katwijk
Coroa Imperial Britânica
As joias da Casa Real britânica contêm a mais preciosa coleção de brilhantes do mundo. Entre eles está o famoso Cullinan 2°, que adorna a coroa usada por Elizabeth 2ª (foto). Essa insígnia imperial possui 2.868 diamantes, 273 pérolas, 17 safiras, 11 esmeraldas e cinco rubis. Ela foi confeccionada para a coroação de George 6°, em 1937, e modificada para a entronização da rainha britânica, em 1953.