Japão bate recorde de infecções por covid em meio aos Jogos
29 de julho de 2021
País supera 10 mil casos em 24 horas, e Tóquio tem terceiro recorde consecutivo. Organizadores dos Jogos descartam vínculo com surto, e assessor do governo alerta que cidadãos estão saindo de casa sem necessidade.
País superou a marca de 10 mil casos diários de covid-19 pela primeira vezFoto: Behrouz Mehri/AFP/Getty Images
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O Japão registrou nesta quinta-feira (29/07) um número recorde de novos casos de covid-19, enquanto os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio descartam qualquer ligação do evento com o surto nacional. O número de novas infecções em todo o país em um dia ultrapassou a marca de 10 mil pela primeira vez.
Tóquio relatou um recorde de 3.865 casos, alta de 21% em relação ao dia anterior e o dobro do registrado há uma semana. É o terceiro recorde consecutivo de novas infecções na capital japonesa, após ter registrado 3.177 casos na quarta-feira e 2.848 na terça.
A incidência por grupo de 100 mil pessoas está agora em 88 em Tóquio e em 28 no Japão como um todo, segundo o Ministério da Saúde. Para comparação, a taxa é de 18,5 nos Estados Unidos e de 48 no Reino Unido, segundo dados da universidade americana Johns Hopkins.
Já os organizadores dos Jogos Olímpicos relataram 24 novas infecções entre os participantes do evento, o número mais alto até agora, elevando o número total para 193, incluindo atletas, credenciados da imprensa e funcionários.
Restrições em Tóquio têm efeito limitado
Há crescente preocupação em Tóquio e no resto do Japão sobre o rápido aumento do número de novas infecções, estimulado pela variante mais contagiosa delta.
Tóquio está desde 12 de julho sob um estado de emergência devido ao vírus, que encurta os horários de abertura de restaurantes e bares e os proíbe de vender álcool, e três regiões vizinhas devem agora impor a mesma medida.
Mas os especialistas dizem que as restrições não parecem estar funcionando e alertaram as pessoas a não baixarem a guarda.
Shigeru Omi, uma ex-autoridade da Organização Mundial da Saúde (OMS) e hoje principal assessor do governo japonês sobre a pandemia, disse que as autoridades do país e os organizadores dos Jogos Olímpicos têm a "responsabilidade de fazer tudo o que puderem (...) para evitar infecções e um colapso nos serviços médicos".
Ele disse que muitas pessoas seguem se deslocando para fora de casa sem necessidade, o que reduz a eficácia das medidas de restrição.
O presidente da Associação Médica de Tóquio, Haruo Ozaki, instou o governo local a "enviar uma mensagem eficaz e forte", advertindo que as medidas de emergência em vigor não eram mais suficientes.
Osaki disse que as infecções entre os participantes e funcionários dos Jogos e entre a população japonesa eram "problemas diferentes", mas disse que o torneio estava tendo um "impacto indireto". "As pessoas acham difícil pensar em autocontenção quando estamos realizando este evento", disse.
Já a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, insistiu que os Jogos estavam ajudando as pessoas a cumprir a recomendação de evitar saídas de casa não essenciais. "Estão elevando significativamente o número de pessoas ficando em casa" e assistindo à televisão, disse aos repórteres.
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Comitê Olímpico se defende
O porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI), Mark Adams, disse que não havia nada que sugerisse uma ligação entre os Jogos e a alta de contaminados no Japão.
"Que eu saiba, não há um único caso de infecção que se espalhou para a população de Tóquio a partir dos atletas ou do movimento olímpico", afirmou.
"Temos a comunidade mais testada provavelmente em qualquer lugar do mundo. Além disso, temos algumas das restrições mais severas na vila dos atletas."
Os organizadores também insistem que os Jogos não estão exercendo pressão adicional sobre o sistema médico japonês, em um momento em que especialistas alertam que o número crescente de casos pode levar a uma crise no sistema de saúde local.
Apenas duas pessoas vinculadas aos Jogos estão internadas em hospitais, e metade de todos os que precisam de cuidados estão sendo atendidos por suas próprias equipes médicas.
"De 310 mil testes, a taxa de positividade é de 0,02%", acrescentou Adams. Entre os participantes olímpicos que testaram positivo, 109 são residentes do Japão e os demais vêm do exterior.
Desde o início da pandemia, o Japão enfrentou um surto de covid-19 relativamente pequeno em relação a outros países, com cerca de 15 mil mortes, apesar de ter evitado lockdowns rigorosos, mas apenas cerca de um quarto da população está totalmente vacinada.
Medidas rigorosas foram impostas para os Jogos, incluindo a proibição de espectadores em quase todos os eventos e testes regulares para os participantes.
bl/ek (AFP, AP, dpa)
As mascotes dos Jogos Olímpicos
Os Jogos tiveram mascotes a partir de 1972, em Munique. Animais e figuras reais ou fantasiosas representam cada edição e motivam atletas e espectadores.
Foto: kyodo/dpa/picture alliance
Munique 1972: cão-salsicha Waldi
A primeira mascote da história dos Jogos Olímpicos foi o dachshund (cão-salsicha) Waldi. O famoso designer alemão Otl Aicher, que o concebeu para Munique 1972, escolheu esta raça canina porque ela se caracteriza pela resistência, tenacidade e agilidade, atributos importantes dos atletas.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weigel
Montreal 1976: o castor Amik
O castor preto Amik representa, para os canadenses, trabalho árduo. O nome significa castor na língua algonquin, a mais difundida entre os indígenas canadenses. A escolha pelo animal, nativo do Canadá, se deveu a características importantes para um atleta: paciência e trabalho duro para construir as barragens onde vive.
Foto: Sven Simon/imago
Moscou 1980: o urso Misha
Em 1980, os Jogos em Moscou tiveram o animal nacional da Rússia como mascote. Ele foi concebido pelo caricaturista e ilustrador de livros infantis russo Viktor Chizhikov, que alcançou fama internacional com Misha. A imagem da mascote chorando na cerimônia de encerramento emocionou o mundo.
Foto: Sven Simon/imago
Los Angeles 1984: a águia Sam
Outro animal símbolo nacional: a águia Sam. Idealizado pelo desenhista Robert Moore, dos estúdios Disney, o animal tinha um chapéu cartola e gravata borboleta nas cores da bandeira dos Estados Unidos.
Foto: Tony Duffy/Getty Images
Seul 1988: o tigre Hodori
Nos Jogos na capital da Coreia do Sul, o escolhido foi o tigre Hodori, um animal enraizado na cultura e mitologia coreanas, e que representa vigor e espírito de luta. Em sua cabeça, a mascote usa um sangmo, chapéu típico de músicos populares sul-coreanos. Seu criador foi Kim Hyun. O nome é uma mistura de horangi, que significa tigre, e dori, diminutivo de garoto.
Foto: Sven Simon/imago
Barcelona 1992: o cão pastor Cobi
A mascote espanhola idealizada pelo designer Javier Mariscal no estilo do cubismo foi uma homenagem ao pintor espanhol Pablo Picasso. O nome vem do comitê organizador dos Jogos de Barcelona.
Foto: Pressefoto Baumann/imago
Atlanta 1996: Izzy
Izzy foi a primeira mascote olímpica que não representava um animal típico do país. O designer americano John Ryan criou uma criatura puramente imaginária. O difícil era dizer do que se tratava, tanto que o nome é uma abreviação de "Whatizit", forma informal da pergunta "What’s it?" (O que é isso?, em inglês).
Foto: Michel Gangne/AFP/Getty Images
Sydney 2000: Olly, Syd e Millie
Pela primeira vez, os Jogos tiveram três mascotes numa edição. Criadas pelo designer Matthew Harton, elas representam animais nativos australianos. Olly, cujo nome vem de Olimpíada, é um pássaro kookaburra; Syd, versão reduzida de Sydney, é um ornitorrinco; e Millie, batizada em homenagem ao novo milênio, é um equidna, espécie de porco-espinho.
Foto: Arne Dedert/dpa/picture-alliance
Atenas 2004: Athena e Phevos
As mascotes dos Jogos Olímpicos de Atenas foram uma homenagem à mitologia grega. Athena e Phevos receberam os nomes de irmãos do Olimpo. Athena era a deusa da sabedoria e deu o nome à cidade onde se realizaram os Jogos. Phevos era o outro nome de Apolo, deus da luz e da música. A inspiração para o desenho, feito por S. Gogos, foi uma "aitala", boneca de terracota encontrada em escavações.
Foto: Alexander Hassenstein/Bongarts/Getty Image
Pequim 2008: Beibei, Jingjing, Huanhuan, Yingying e Nini
Os Jogos na capital chinesa tiveram cinco mascotes, cada um numa cor dos anéis olímpicos: Beibei, um peixe; Jingjing, um panda; Huanhuan, o fogo olímpico; Yingying, um antílope tibetano; e Nini, uma andorinha. Os nomes foram derivados de "Beijing huanying ni", que significa "Pequim lhe dá as boas-vindas".
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
Londres 2012: Wenlock e Mandeville
Wenlock e Madeville – esta última mascote dos Jogos Paralímpicos – lembram gotas de aço. Elas têm na cabeça um escudo laranja que lembra os sinais luminosos sobre os táxis ingleses. O olho, uma câmera, simboliza a era digital. Um nome vem de Much Wenlock, que teria inspirado o Barão de Coubertin a criar os Jogos da Era Moderna, e o outro vem de Stoke Mandeville, berço do Movimento Paralímpico.
Foto: Julian Finney/Getty Images
Rio 2016: Vinícius e Tom
A mascote Vinícius é uma mistura de macaco e gato selvagem e representa a fauna brasileira. Já a mascote paralímpica Tom combina várias plantas e representa a flora brasileira. Os nomes foram inspirados em Vinícius de Moraes e Tom Jobim.
Foto: Sebastiao Moreira/dpa/picture alliance
Tóquio 2020: Miraitowa e Someity
Miraitowa significa "futuro" (mirai) e "eternidade" (towa), em japonês. O projeto do artista Ryo Taniguchi foi escolhido por estudantes japoneses e combina futurismo com o tradicional estilo mangá. Já Someity, mascote dos Jogos Paralímpicos, mistura o termo "Someiyoshino", um tipo popular de flor de cerejeira, e a expressão "so mighty" (tão poderoso, em inglês).
Foto: picture-alliance/Kyodo/Maxppp
Paris 2024: os barretes Les Phryges
As mascotes dos Jogos de Paris também vêm em dupla: Les Phryges, em versão olímpica e paralímpica. Sua forma é inspirada no barrete frígio, "uma peça de vestuário que é um simbolo de liberdade, tem sido parte de nossa história há séculos e data a tempos remotos", "um símbolo de revoluções" e onipresente na França, explica o website do evento.