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Japão e EUA prometem mais pressão sobre Coreia do Norte

29 de agosto de 2017

Tóquio classifica míssil norte-coreano que sobrevoou seu território de "ameaça sem precedentes", e Trump diz que "todas as opções estão sobre a mesa". Seul reage a lançamento, e ONU convoca reunião de emergência.

Míssil interncontinental norte-coreano disparado em julho
Míssil desta terça-feira faz parte de uma série de lançamentos recentes. Na foto, projétil interncontinental disparado em julhoFoto: picture-alliance/AP Photo/Korean Central News Agency

Líderes internacionais condenaram veementemente o lançamento de um míssil norte-coreano que sobrevoou o território do Japão na manhã desta terça-feira (29/08). O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeram aumentar a pressão exercida sobre a Coreia do Norte.

Os dois líderes conversaram pelo telefone por cerca de 40 minutos e "concordaram plenamente" quanto à postura e às medidas que serão tomadas diante das seguidas provocações norte-coreanas, segundo Abe.

O novo lançamento "constitui uma ameaça muito séria e grave, e sem precedentes", afirmou Abe, anunciando que pediria a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas "para pressionar ainda mais a Coreia do Norte". Seul também pediu uma reunião do órgão da ONU sobre o assunto.

"Maior ameaça já sofrida pelo Japão", diz Abe sobre míssil

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Trump transmitiu a Abe "seu forte compromisso de estar 100% com o Japão", segundo o líder japonês, que também apontou a sua intenção de "trabalhar com China, Rússia e o resto da comunidade internacional para intensificar a pressão" sobre o regime norte-coreano.

O presidente americano afirmou numa declaração escrita que "todas as opções estão sobre a mesa" e que tais "ações ameaçadoras e desestabilizadoras" só aumentam o isolamento do regime de Pyongyang na região e em todo o mundo. Trump salientou que as ações da Coreia do Norte mostram "desprezo pelos [países] vizinhos".

Além de solicitar a reunião de emergência na ONU, o governo da Coreia do Sul reagiu ao novo teste balístico de Pyongyang deslocando quatro caças F-15K, que lançaram bombas sobre um alvo localizado perto da fronteira desmilitarizada que separa as duas Coreias.

As manobras foram realizadas depois que o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ordenou que o Exército "exibisse suas capacidades para superar as forças norte-coreanas em caso de ataque", disse o porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan.

A China – parceira comercial do regime norte-coreano – apelou ao diálogo para pôr fim à crise em torno do programa nuclear e de misseis balísticos da Coreia do Norte, considerando que as sanções internacionais ao regime não contribuem para encontrar uma solução.

"Os fatos demonstraram que a pressão e as sanções não podem solucionar o fundo da questão", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying. "A única via é a do diálogo."

Rússia, UE e Alemanha manifestam preocupação

A Rússia declarou estar "extremamente preocupada" com a situação na península coreana. "Vemos uma tendência para uma escalada [...] e estamos extremamente preocupados com o desenvolvimento geral [na região]", disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Riabkov.

Míssil norte-coreano percorreu 2.700 quilômetros e caiu no mar a 1.180 quilômetros da costa da ilha de HokkaidoFoto: picture-alliance/dpa/kyodo

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, condenou o lançamento e exigiu que Pyongyang não faça novas provocações.

"Estas ações constituem manifestas violações das obrigações internacionais da Correia do Norte estabelecidas em várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU", afirmou Mogherini em comunicado. Mogherini proclamou "pleno apoio ao Japão e ao povo japonês em meio a esta ameaça direta".

O lançamento do míssil, realizado depois de semanas de tensão e agressões verbais entre EUA e Coreia do Norte, "representa uma grave ameaça à paz e à segurança internacionais", acrescentou Mogherini, pedindo a Pyongyang que se "abstenha de qualquer nova ação provocadora que possa acentuar a tensão regional e global".

A representante da UE para a política externa garantiu que Bruxelas "apoia plenamente o pedido de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU" e considera "essencial para a comunidade internacional estar unida para responder a este desafio". A reunião de emergência do Conselho de Segurança solicitada por Tóquio e Washington será ainda nesta terça-feira, em Nova York.

O ministro do Exterior da Alemanha, Sigmar Gabriel, também saudou a convocação da reunião e garantiu que Berlim apoia quaisquer esforços dos EUA de persuadir Pyongyang a retornar à mesa de negociações.

"Nessa situação é ainda mais necessário que a comunidade internacional implemente rigorosamente as sanções existentes para convencer a Coreia do Norte a parar com seu programa nuclear de mísseis e armas", afirmou Gabriel. "Não podemos simplesmente insistir em uma solução diplomática, enquanto nos sentamos e não fazemos nada."

Pyongyang alega "direito à autodefesa"

O embaixador da Coreia do Norte na ONU afirmou que o seu país tem "direito à autodefesa" em meio às "intenções hostis" insinuadas pelos Estados Unidos.

"Os exercícios militares conjuntos com sul-coreanos atualmente em curso, num contexto de tensão na península coreana e apesar das advertências da Coreia do Norte, são um ato fanático de atirar lenha na fogueira", declarou o embaixador Han Tae-Song.

Pyongyang tem alertado contra as manobras militares organizadas anualmente por Seul e Washington, classificadas como um ensaio para uma suposta invasão do seu território.

"Agora que os EUA declararam abertamente as suas intenções hostis em relação à Coreia do Norte ao participarem dessas manobras [...], o meu país tem todas as razões para responder com contramedidas firmes, exercendo o seu direito à autodefesa", afirmou Han.

Apesar das críticas, Han insistiu que Pyongyang "continuará reforçando suas capacidades de defesa com o poder nuclear enquanto os Estados Unidos mantiverem sua ameaça nuclear e as manobras militares".

Os EUA e a Coreia do Norte protagonizaram este mês uma das piores trocas de farpas diplomáticas dos últimos anos, que começou quando Pyongyang ameaçou atacar os EUA em resposta às sanções da ONU por seus recentes lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais. Trump, respondeu com um tom beligerante, prometendo "fogo e fúria jamais vistos no mundo", 

O míssil disparado das proximidades de Pyongyang sobrevoou o arquipélago japonês e caiu a cerca de 1.180 quilômetros do Cabo de Erimo, na costa oriental da ilha de Hokkaido, no oceano Pacífico. O míssil percorreu 2.700 quilômetros e alcançou um pico de aproximadamente 550 quilômetros de altura. Esta foi a primeira vez desde 2009 que um míssil norte-coreano sobrevoou o país asiático.

PV/efe/lusa/afp/rtr

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