Japão e Rússia buscam fim para disputa da Segunda Guerra
14 de janeiro de 2019
Moscou e Tóquio nunca chegaram a assinar um acordo de paz, mantendo os dois países tecnicamente em conflito. Apesar de novas conversações, uma disputa por quatro ilhas no Pacífico pode atrapalhar as esperanças de trégua.
Anúncio
Os ministros do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, e do Japão, Taro Kono, se reuniram nesta segunda-feira (14/01) em busca de um plano para pôr fim a uma antiga disputa territorial entre os dois países, que, ao menos tecnicamente, seguem em conflito desde a Segunda Guerra Mundial.
As conversas envolvem quatro ilhas disputadas no Oceano Pacífico Norte, parte das chamadas ilhas Curilas, segundo Moscou, ou dos Territórios do Norte, como se refere Tóquio.
O encontro em Moscou marcou a "primeira rodada de conversações entre russos e japoneses sobre o problema de se chegar a um acordo entre os dois países", afirmou nesta segunda-feira a porta-voz do Ministério do Exterior russo, Maria Zakharova.
Lavrov, por outro lado, foi mais intransigente e destacou que, como ponto de partida para o diálogo, o Japão deve reconhecer as ilhas como parte do território russo – um balde de água fria nas esperanças de Tóquio de um acordo que seja favorável ao país.
"A soberania da Rússia sobre as ilhas não está sujeita à discussão. Elas fazem parte do território da Federação Russa", disse o ministro após o encontro com seu homólogo japonês.
No início da reunião, Kono havia afirmado que os dois países precisam solucionar essa disputa territorial para que possam se dedicar a outras questões, como a expansão de seus laços econômicos. Refletindo as acentuadas divergências nas conversas desta segunda-feira, a delegação japonesa anunciou que fará outro pronunciamento no final do dia.
No fim da Segunda Guerra Mundial, as quatro ilhas mais ao sul das Curilas foram ocupadas pelas forças da então União Soviética, mas são reivindicadas pelo Japão, que as chama de Territórios do Norte. Os locais são hoje administrados pela Rússia.
Em 1951, as forças aliadas e o Japão assinaram o chamado Tratado de Paz de São Francisco, estabelecendo que Tóquio deveria desistir de todas as suas reivindicações sobre as ilhas Curilas. Não assinado por Moscou, o pacto tampouco reconhece a soberania soviética sobre os territórios disputados, o que alimenta a disputa entre os dois países.
Por não terem assinado qualquer acordo de paz após o fim da Segunda Guerra, o Japão e a Rússia continuam tecnicamente em conflito. Em novembro do ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, ensaiaram uma aproximação e concordaram em acelerar as negociações para um tratado.
Após o encontro entre seus chanceleres nesta segunda-feira, os dois líderes devem se reunir no fim deste mês na capital russa para dar continuidade às conversações – embora Moscou não venha dando sinais de que vai abrir mão de sua soberania sobre as ilhas no Pacífico e, com isso, pôr fim a um conflito que já dura mais de sete décadas.
Conflito mundial e suas facetas são tema de uma série de produções cinematográficas. Confira dez filmes conhecidos, de "O grande ditador" até "A queda".
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
O grande ditador
A sátira de Charles Chaplin à figura de Adolf Hitler, de 1940, foi a primeira obra sonorizada do diretor, que mais tarde diria que o filme só foi feito devido ao desconhecimento sobre o alcance do terror nazista. "Se soubesse do horror dos campos de concentração, não teria podido fazer 'O grande ditador'". Em março de 1931, Chaplin foi alvo de protestos por parte dos nazistas ao visitar Berlim.
Foto: AP
Ser ou não ser
Um dos primeiros filmes que tratam do nazismo, o longa-metragem de Ernst Lubitsch narra a história de uma trupe de atores de Varsóvia durante a Segunda Guerra Mundial. Sátira veemente antinazista, rodada no ano de 1942, revela, contudo, certa ingenuidade do diretor – judeu alemão vivendo nos EUA – frente ao que ocorria na Europa.
Foto: Kinowelt/Arthaus
Kanal
O filme de 1957 do polonês Andrzej Wajda, com impressionante fotografia em preto e branco, foi premiado no Festival de Cannes. O longa-metragem encena o levante no Gueto de Varsóvia durante a Segunda Guerra, embora sua força não esteja no registro do conflito, mas no olhar sobre as tragédias individuais. O título remete à canalização de esgoto da cidade por onde os combatentes fugiram.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
A infância de Ivan
O diretor russo Andrei Tarkóvski assumiu um filme em andamento, transformando a narrativa militar da direção anterior em uma obra (de 1962) sobre a guerra a partir da perspectiva infantil. Tarkóvski contrapõe o passado/sonho (a infância do protagonista antes de ter a família exterminada) ao presente/real (a Rússia invadida pelos nazistas) – prenúncio de temas que o diretor viria a retomar depois.
Foto: picture-alliance/United Archives/IFTN
O ovo da serpente
O cenário deste filme do sueco Ingmar Bergman de 1977 é a Alemanha entre guerras, mais precisamente da hiperinflação de fins de 1923, mas seu tema é a gênese do nazismo no país, identificada nos anos da República de Weimar. O longa-metragem foi considerado pelo próprio Bergman seu pior filme, mas se tornou importante quando se fala em Segunda Guerra Mundial e nas raízes do regime nazista.
Foto: picture-alliance/ dpa
A trégua
Baseado no livro autobiográfico de Primo Levi, o filme de 1996 dirigido por Francesco Rosi relata a volta do escritor para a Itália após sua libertação de Auschwitz. O filme concentra-se no "retorno à vida" dos prisioneiros após a libertação dos campos de concentração, entregues à memória daquele momento atroz. Dias após ficar sabendo que seu livro seria adaptado para o cinema, Levi suicidou-se.
Foto: picture-alliance/United Archives/Impress
Moloch
Primeiro filme da tetralogia do poder do diretor russo Aleksandr Sokúrov, esta ficção de 1999 retrata Adolf Hitler e Eva Braun na mansão de descanso do ditador perto de Berchtesgaden. Com referências à iconografia romântica de Caspar David Friedrich, integrante do imaginário nazista, Sokúrov cria uma caricatura ridícula de Hitler na intimidade, expondo os medos e as misérias do ditador.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
A queda
Superprodução dirigida por Oliver Hirschbiegel em 2004, A queda concentra-se nos 12 últimos dias de um Hitler alheio à realidade, escondido em seu bunker ao lado da família Goebbels. Filme altamente polêmico, recebeu críticas por arrancar o ditador do contexto histórico do nazismo, desvencilhando-o do mundo real de uma sociedade alemã que aplaudia seus discursos antissemitas em praça pública.
Foto: picture-alliance/dpa
Os falsários
O filme dirigido em 2007 por Stefan Ruzowitzky resgata um capítulo pouco conhecido da história do nazismo: o de uma operação de falsificações de dinheiro em pleno campo de concentração de Sachsenhausen. Nos anos que antecederam o fim da Segunda Guerra, 142 prisioneiros foram obrigados a falsificar milhões de dólares e libras esterlinas, com o objetivo de provocar danos à economia dos Aliados.
Foto: picture-alliance/dpa/Beta Film
Bastardos inglórios
O filme de 2009, dirigido por Quentin Tarantino, começa com a França ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra. Um grupo de soldados de origem judaica planeja um atentado, enquanto uma judia, que viu a família ser massacrada, planeja vingança. Para críticos, o fim do filme é a prova de que Tarantino se exime completamente de qualquer compromisso com fatos históricos autênticos.