Japão quer alcançar neutralidade de carbono até 2050
26 de outubro de 2020
Premiê anuncia meta de redução das emissões que causam aquecimento global e destaca que mudança trará crescimento econômico. País é fortemente dependente de carvão e grande emissor de dióxido de carbono.
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O Japão pretende alcançar a neutralidade de carbono até 2050, ou seja, até lá zerar o nível de emissões líquidas dos gases do efeito estufa, anunciou nesta segunda-feira (26/10) o primeiro-ministro Yoshihide Suga, marcando uma mudança sobre as metas de redução de emissões que causam o aquecimento global.
"Reagir às mudanças climáticas não é mais um obstáculo ao crescimento econômico", afirmou Suga em seu primeiro discurso para o Parlamento desde que assumiu o cargo, no mês passado. "Precisamos mudar nosso pensamento para a visão de que medidas assertivas contra as mudanças climáticas gerarão mudanças na estrutura industrial e na economia que trarão grande crescimento."
Até então, o Japão vinha declarando que tentaria alcançar a neutralidade em carbono na segunda metade deste século, mas sem definir uma data específica. Alcançar o objetivo proposto por Suga não será fácil devido à dependência do país do carvão. O Japão é o quinto maior emissor mundial de dióxido de carbono.
O anúncio representa um passo significativo para o cumprimento dos compromissos do Japão na luta contra as alterações climáticas. A meta é a mesma determinada no ano passado pela União Europeia (UE).
De acordo com o premiê, o Japão vai promover a utilização de energias renováveis e reduzir a dependência do carvão. "A chave é a inovação", disse Suga, citando em particular as baterias solares de nova geração. Quanto à energia nuclear, ele afirmou que o foco estará na segurança, sublinhando a importância desse aspecto num país marcado pelo desastre de Fukushima, em 2011. O acidente, que ocorreu após um tsunami, acabou aumentado a dependência dos combustíveis fósseis no país.
Após a declaração, o ministro da Indústria, Hiroshi Kajiyama, disse que o governo em Tóquio deve apresentar até o fim do ano os planos para atingir essa meta. "A neutralidade de carbono é uma estratégia de crescimento e devemos realizá-la com tudo que temos", destacou.
As reduções de emissões de gases que causam o efeito estufa são essenciais para desacelerar o processo de mudanças climáticas, mas cientistas, políticos e industriais discordam sobre o quão urgente e radical esse corte precisa ser para evitar um aquecimento global acima de 1,5 °C, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
CN/rtr/afp/lusa
Mudanças climáticas reduzem populações de pinguins
Fevereiro foi mês mais quente já registrado na Antártida. Alterações do clima afetam seriamente a região remota, e a população de pinguins de Chinstrap caiu para menos da metade, como cientistas constataram recentemente.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Em missão antártica
Uma equipe de cientistas de duas universidades americanas partiu para uma expedição antártica no início de 2020. Por várias semanas eles estudaram o impacto das mudanças climáticas sobre a região remota. Mais especificamente, queriam avaliar quantos pinguins de Chinstrap restavam na Antártida Ocidental em comparação com a última contagem da população, na década de 1970.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Manso e curioso
Os pinguins de Chinstrap habitam as ilhas e costas do Pacífico Sul e dos oceanos antárticos. Seu nome se deve à estreita listra preta na parte inferior da cabeça. Mesmo antes de os cientistas escutarem os estridentes sons dos pássaros, um cheiro cáustico de excrementos indica a proximidade de uma colônia. Os pinguins não aprenderam a temer os seres humanos, por isso ignoram seus visitantes.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Resultados chocantes
Os cientistas usaram técnicas de contagem manual e por drones para contabilizar os pinguins de Chinstrap. Suas constatações revelaram que algumas colônias sofreram uma queda de mais de 70%. "Os declínios que vimos são definitivamente dramáticos", disse à agência de notícias Reuters Steve Forrest, biólogo da conservação que fez parte da expedição.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Cadeia alimentar em declínio
Os pinguins de Chinstrap se alimentam de pequenos animais marinhos, como krill, camarões e lulas. Eles nadam até 80 quilômetros todos os dias à busca de alimentos. Suas penas bem compactas funcionam como um casaco impermeável e permitem nadar em águas geladas. Mas as mudanças climáticas estão diminuindo a abundância de krill, o que dificulta a sobrevivência das aves.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Desafios de reprodução
Pinguins de Chinstrap preferem aninhar em lugares particularmente inacessíveis e remotos. Quando procriam, constroem ninhos circulares de pedras e põem dois ovos, que o macho e a fêmea se revezam para incubar, em turnos de cerca de seis dias. Como o aquecimento global está derretendo as camadas de gelo e reduzindo a abundância de alimentos, porém, a reprodução é menos bem-sucedida.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Implicações mais abrangentes
Estima-se que haja 8 milhões de pinguins de Chinstrap em todo o mundo, razão pela qual eles não foram motivo de preocupação até agora. Mas nos últimos 50 anos sua população na Península Antártica foi reduzida a menos da metade. Eles não estão em perigo iminente de extinção, mas o declínio de suas populações é um forte alerta sobre as grandes mudanças ambientais em curso.