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ConflitosJapão

Japão recorda ataque a Hiroshima

6 de agosto de 2024

Primeiro ataque atômico da história ocorreu há 79 anos. Governo da cidade faz apelo por fim das armas nucleares, em cerimônia que ocorre em meio à escalada de tensões globais.

Japan | Jahrestag Atombombenabwurf auf Hiroshima
Pombas foram soltas em Hiroshima, no Japão, como um apelo à pazFoto: KYODO/REUTERS

A cidade japonesa de Hiroshima recordou nesta terça-feira (06/08) o 79º aniversário do primeiro ataque nuclear da história com uma cerimônia na qual políticos locais fizeram apelos ao desarmamento nuclear, em meio a uma escalada de conflitos globais.

"Enquanto existirem armas nucleares, elas certamente serão usadas novamente algum dia”, disse o governador Hidehiko Yuzaki em seu discurso no Parque Memorial da Paz de Hiroshima. Para ele, a abolição das armas nucleares não deve ser uma meta para o futuro. "Em vez disso, é uma questão urgente e real na qual devemos nos engajar desesperadamente neste momento, já que as ações nucleares envolvem um risco iminente à sobrevivência humana.”

 

A bomba lançada sobre Hiroshima foi detonada perto de onde fica o parque onde aconteceu a cerimônia. O ataque ocorreu em 6 de agosto de 1945 e matou imediatamente cerca de 80 mil pessoas. O número aumentou ainda em 1945, quando o balanço de mortos subiu para 140 mil por causa dos efeitos da radiação. Com 350 mil habitantes na época, o local perdeu um em cada cinco moradores imediatamente após a explosão da primeira bomba nuclear da história.

Hiroshima sofreu destruição total com o ataque dos Estados Unidos. Cerca de 140 mil pessoas morreram imediatamenteFoto: Moritz Wolf/imageBROKER/picture alliance

Guerras em Gaza e na Ucrânia estão semeando "medo e desconfiança"

A cerimônia em Hiroshima contou com a presença de cerca de 50 mil pessoas, incluindo o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida. Os presentes fizeram um minuto de silêncio ao som de um sino da paz às 8h15, horário em que um bombardeiro B-29 dos Estados Unidos lançou a bomba sobre a cidade.

O prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, aproveitou a ocasião para ressaltar como os conflitos atuais normalizam o uso da força militar. Para ele, as guerras em curso da Rússia na Ucrânia e entre Israel e Hamas, em Gaza, estão ceifando a vida de inúmeras pessoas inocentes e destruindo a rotina delas.

"Essas tragédias globais estão aprofundando a desconfiança e o medo entre as nações, reforçando a suposição pública de que, para resolver problemas internacionais, temos que confiar na força militar, o que deveríamos rejeitar", disse.

O evento comemorativo ocorre poucos dias depois que o Japão e os Estados Unidos reafirmaram o Compromisso de Washington, uma "dissuasão estendida" que inclui o possível uso de armas atômicas pelos norte-americanos para proteger os japoneses em meio às crescentes tensões regionais. Desde 2010, os dois países mantêm alinhamento quanto à questão nuclear para fins de defesa.

A discussão aberta sobre a dissuasão nuclear no Japão é uma mudança considerada radical em relação à relutância anterior das autoridades japonesas em tocar no tema, já que é a única nação do mundo a ter sofrido ataques atômicos. Em março, os dois países propuseram uma resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU)para que outras nações não implementem ou desenvolvam bombas nucleares espaciais.

O que aconteceu em Hiroshima?

Em 6 de agosto de 1945, pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, as forças dos Estados Unidos detonaram uma bomba nuclear sobre a cidade de Hiroshima em uma tentativa de forçar o Japão a se render após quase quatro anos de conflito no Pacífico. O ataque estava marcado para ocorrer no dia 1 de agosto, mas foi adiado por causa de um tufão.

O ataque foi determinado pelo então presidente dos Estados Unidos Harry Truman, que acreditava ser essa a única maneira de encerrar a Segunda Guerra Mundial e evitar uma invasão por terra do Japão, que poderia ser ainda mais sangrenta.

Além das dezenas de milhares de pessoas que morreram imediatamente na explosão, o ataque deixou um legado terrível nos muitos sobreviventes dos bombardeios, que sofreram ferimentos e doenças duradouras resultantes das explosões e da exposição à radiação.

O local onde foi construído o Parque Memorial da Paz, onde foi realizada a cerimônia nesta terça-feira, está construído em uma ilha no Rio Ota, único local da cidade que não foi reconstruído após o ocorrido.

Dias após o ataque, uma segunda bomba nuclear norte-americana atingiu Nagasaki, no sudoeste do Japão, matando cerca de 74 mil pessoas. A cidade de Kokura era o alvo inicial das ações, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem os planos.

Os dois ataques levaram à rendição do Japão em 2 de setembro de 1945.

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