Japão registra menor número de nascimentos em um século
5 de junho de 2025
Tendência de queda no número de nascimentos não vista desde 1899 se agrava e preocupa autoridades. Total de óbitos foi mais que o dobro do número de nascimentos em 2024.
Número de nascimentos por ano no Japão ficou abaixo de 700.000 pela primeira vez desde o início dos registros, em 1899Foto: Issel Kato/REUTERS
Anúncio
O número de recém-nascidos no Japão vem diminuindo mais rápido do que o previsto, com a taxa de natalidade do ano passado atingindo mais um recorde negativo, segundo dados do governo divulgados nesta quarta-feira (0506).
O número de nascimentos por ano ficou abaixo de 700.000 pela primeira vez desde o início dos registros, em 1899. O Ministério da Saúde do Japão informou que 686.061 bebês nasceram no país no ano passado, uma queda de 5,7% em relação ao ano anterior, o que fez de 2024 o 16º ano consecutivo de declínio.
O total do ano passado representa cerca de um quarto do pico de 2,7 milhões de nascimentos em 1949 durante o chamado baby boom ocorrido após o fim da Segunda Guerra Mundial. A queda na taxa de natalidade se mantém em tendência de queda desde um segundo pico registrado em 1973, caindo para menos de um milhão em 2016 e para menos de 800.000 em 2022. Os dados de 2024 representam apenas um quarto do recorde registrado no pós-guerra.
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostraram que a taxa de fertilidade do Japão – o número médio de bebês que uma mulher pode ter ao longo de sua vida – também caiu para uma nova mínima de 1,15 em 2024, ante 1,2 no ano anterior. Esses dados estão bem abaixo do índice de 2,1 considerado necessário para manter a população estável. Segundo a pasta, foram registradas 1,6 milhão de mortes em 2024, uma alta de 1,9% em relação ao ano anterior.
Por outro lado, o número de casamentos – fator fundamental em um país onde poucas crianças nascem fora do matrimônio – aumentou em 10.322 em relação ao ano anterior, chegando a 485.063. No entanto, a tendência de queda registrada desde a década de 1970 permanece inalterada.
Anúncio
"Emergência silenciosa"
Os dados, em um país com população em rápido envelhecimento e encolhimento, aumentam a preocupação com a sustentabilidade da economia e da segurança nacional em um momento em o país que busca aumentar os gastos com defesa.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, descreveu a situação como "uma emergência silenciosa" e prometeu novas medidas como promover um ambiente de trabalho mais flexível que possam ajudar os casais a conciliar o trabalho e a criação dos filhos, especialmente em áreas rurais, onde os valores familiares tendem a ser mais conservadores e mais rigorosos para as mulheres.
As últimas estatísticas são bastante incômodas para as autoridades, com o país atingindo o patamar de aproximadamente 680.000 nascimentos/ano 15 anos antes do previsto pelo Instituto Nacional de Pesquisa Populacional e de Previdência Social.
Se essa tendência continuar, a população japonesa, de cerca de 124 milhões, deverá ser reduzida para 87 milhões até 2070, quando 40% da população deverá ter 65 anos ou mais.
Jovens relutam em ter filhos
Especialistas apontam que as medidas do governo não envolvem o número cada vez maior de jovens relutantes em se casar, e se concentram principalmente nas pessoas já casadas.
A geração mais jovem está cada vez mais relutante em se casar ou ter filhos devido às perspectivas sombrias de emprego, ao alto custo de vida e a uma cultura corporativa com viés de gênero que adiciona encargos extras para mulheres e mães trabalhadoras, afirmam os especialistas.
Um número crescente de mulheres também cita como motivo para sua relutância em se casar as pressões para adotarem o sobrenome do marido. Segundo a lei japonesa, os casais devem optar por um único sobrenome ao se casarem.
Problema atinge todo o Leste Asiático
A população do Japão, de cerca de 124 milhões de pessoas, deverá cair para 87 milhões até 2070, com 40% da população com mais de 65 anos.
O Japão é apenas um dos vários países do Leste Asiático que lutam contra a queda das taxas de natalidade e o envelhecimento da população. Há anos a Coreia do Sul e a China também adotam medidas para incentivar as famílias a terem mais filhos.
Nesta quarta-feira, o Vietnã revogou leis de décadas que impunham limites de dois filhos por casal, em um esforço para conter a queda nas taxas de natalidade.
O mês de junho em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Amit Dave/REUTERS
Queda de avião na Índia deixa mais de 200 mortos
Um avião da Air India com 242 pessoas a bordo caiu em uma área residencial logo após decolar perto do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia. Apenas um dos passageiros a bordo sobreviveu. A polícia indiana contabiliza ainda outras 24 vítimas que estavam no solo e morreram no momento do acidente. A causa do acidente está sendo investigada (12/06)
Foto: Ajit Solanki/AP Photo/picture alliance
Ajuda humanitária em Gaza na mira de militares israelenses
Pelo menos 21 palestinos morreram enquanto se dirigiam a locais de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Entidades denunciam, além da violência, quantidade insuficiente de alimentos, após meses de bloqueio à entrada de itens básicos por Israel. O exército israelense alegou que disparou "tiros de advertência". O número de palestinos mortos em 20 meses de guerra já supera 55 mil. (11/06)
Foto: Saeed Jaras/Middle East Images/AFP/Getty Images
Réu no STF, Bolsonaro é interrogado em processo da trama golpista
Ao longo de dois dias, ex-presidente e outros sete ex-auxiliares acusados de integrar "núcleo crucial" da trama golpista depuseram na Primeira Turma. Político negou ter discutido planos de golpe após perder a eleição e disse que só debateu medidas constitucionais com militares, mas que não editou "minuta do golpe". (10/06)
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Israel detém barco que levava Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila
A Marinha de Israel interceptou um barco que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. O veleiro Madleen, da iniciativa internacional Flotilha da Liberdade, levava 12 ativistas a bordo. Eles foram escoltados até um porto e, segundo o governo israelense, serão deportados. (09/06)
Trump chama militares para reprimir protestos na Califórnia contra prisão de imigrantes
O presidente americano Donald Trump enviou militares da Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos que eclodiram na esteira de uma série de operações de detenção de supostos migrantes irregulares. A medida não tem apoio do governo do estado da Califórnia, que acusou Trump de tentar provocar uma crise. (08/06)
Foto: Frederic J. Brown/AFP
Rússia amplia ataques contra 2ª maior cidade da Ucrânia
A Rússia executou diversos ataques no centro de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, deixando cinco civis mortos e mais de 61 feridos, incluindo um bebê e uma adolescente de 14 anos. Bombas planadoras, um míssil e 53 drones atingiram prédios residenciais. O prefeito do município classificou a ação como o ataque mais severo desde o início da guerra. (07/06)
Foto: Sofiia Gatilova/REUTERS
Marcelo livre
Um juiz americano determinou a libertação do estudante brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, que chegou aos Estados Unidos com cinco anos de idade e foi detido pelo Serviço de Imigração (ICE) a caminho de um treino de vôlei. Ele ficou preso por cinco dias, durante os quais dormiu em chão de concreto, sem acesso a chuveiro, acompanhado de homens com o dobro da sua idade. (06/06)
Foto: Rodrique Ngowi/AP
Musk e Trump trocam insultos e rompem relações
Bilionário que atuou como conselheiro da Casa Branca criticou projeto de lei de Orçamento de Trump que prevê cortes de impostos e aumento de gastos batizado pelo presidente como "Big Beautiful Bill". Musk chegou a endossar impeachment de Trump e associou presidente ao pedófilo Jeffrey Epstein. Trump reagiu dizendo que Musk "enlouqueceu" e ameaçou cortar contratos da SpaceX com governo. (05/06)
Foto: Nathan Howard/REUTERS
Moraes ordena prisão de Carla Zambelli após deputada deixar o país
O ministro do STF acatou pedido da PGR de prisão preventiva contra a deputada federal e determinou a inclusão dela na lista de procurados da Interpol. Moraes determinou bloqueio de salários, bens, contas bancárias e perfis em redes sociais. Parlamentar deixou o país após ser condenada a 10 anos de prisão e à perda de mandato por envolvimento na invasão do CNJ. (04/06)
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Governo da Holanda desmorona após saída de ultradireitista
Alegando insatisfação com a política migratória, Gert Wilders – também conhecido como "Trump holandês" – e seu partido deixaram coalizão de governo, levando primeiro-ministro Dick Schoof (foto) à renúncia após menos de um ano de mandato. Sem maioria no parlamento, Schoof permanecerá interinamente no cargo até a realização de novas eleições e formação de um novo gabinete. (03/06)
Foto: Peter Dejong/AP/picture alliance
Conservador Karol Nawrocki vence eleição presidencial na Polônia
Resultado é derrota para o governo do primeiro-ministro Donald Tusk e deve dificultar andamento de políticas pró-União Europeia. Apoiado pelo partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), Nawrocki poderá vetar leis e desgastar o governo com bloqueios no Parlamento. Aliança frágil de Tusk pode não resistir até 2027. (02/06)
Foto: Czarek Sokolowski/AP/dpa/picture alliance
Ucrânia destrói aviões de guerra da Rússia em ataque massivo de drones
Na véspera de uma nova rodada de negociações de paz, Ucrânia e Rússia intensificaram sua ofensiva militar e protagonizaram ataques sem precedentes. Enquanto, Kiev destruiu 41 aviões militares na Sibéria, ofensiva de maior alcance no território russo em três anos de guerra, Moscou lançou número recorde de drones contra território ucraniano. (1º/06)