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João de Deus diz não se lembrar de mulheres que o acusam

26 de dezembro de 2018

Em seu primeiro depoimento à força-tarefa do Ministério Público, médium volta a negar que tenha cometido crimes sexuais durante atendimentos espirituais em Abadiânia. Segundo advogado, ele não reconheceu denunciantes.

O médium João de Deus
João de Deus se entregou à polícia em 16 de dezembro e está preso no Complexo Prisional de Aparecida de GoiâniaFoto: Getty Images/AFP/E. SA

O médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, prestou seu primeiro depoimento ao Ministério Público na manhã desta quarta-feira (26/12), em Goiás. Aos promotores, ele alegou não se lembrar das mulheres que o acusam de crimes sexuais.

João de Deus também voltou a negar que tenha cometido qualquer tipo de abuso sexual durante seus atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, na cidade goiana de Abadiânia.

"O senhor João respondeu a todas as perguntas, negando todos as acusações", informou o advogado Alex Neder, um dos responsáveis pela defesa do médium. "Ele garantiu aos promotores que, da forma como foram descritos, os fatos não ocorreram."

João de Deus teria alegado que "sempre fez atendimentos acompanhados de várias pessoas". "Ele explicou pormenorizadamente aos promotores que as fotos dos locais em que, segundo as mulheres, teriam ocorrido os abusos indicam locais abertos, onde sempre há muita gente esperando ser atendida ou o auxiliando", disse Neder.

O depoimento foi feito à força-tarefa do Ministério Público de Goiás, que investiga as acusações de crimes sexuais apresentadas por centenas de mulheres do Brasil e do exterior. O órgão informou já ter coletado 78 depoimentos formais de mulheres que se disseram vítimas de abusos.

Nesta quarta-feira, os promotores se centraram em três dos casos que estão sendo apurados pela promotoria goiana. Neder afirmou que o médium não identificou nenhuma das três denunciantes, garantindo não se lembrar delas.

João de Deus está preso em caráter preventivo desde o último dia 16 de dezembro no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital goiana.

A defesa aguarda agora o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de um pedido de liberdade apresentado após o Tribunal de Justiça de Goiás e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) terem negado os pedidos para que o médium fosse liberado para aguardar as investigações em casa – usando, se necessário, uma tornozeleira eletrônica.

"Nossa maior preocupação é que ele tem 76 anos, tem problema de coração e, recentemente, tratou-se de um câncer. O local [a prisão] é inadequado para alguém de sua idade que precisa de cuidados médicos e dieta adequada. Por isso estamos pleiteando a soltura", disse Neder.

Segundo o Ministério Público de Goiás, mais de 600 relatos contra João de Deus já chegaram à força-tarefa por e-mail, telefone ou presencialmente. Entre eles há 260 mulheres que se dizem vítimas do médium, sendo 11 residentes no exterior: quatro nos Estados Unidos, três na Austrália, uma na Alemanha, uma na Bélgica, uma na Bolívia e uma na Itália.

Na semana passada, durante operações da Polícia Civil de Goiás com o Ministério Público, foram apreendidos 1,6 milhão de reais em espécie em endereços ligados a João de Deus, além de armas de fogo, esmeraldas e medicamentos. Devido às armas sem registro, o médium foi alvo de um segundo mandado de prisão por posse ilegal.

EK/abr/ots

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