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Joachim Gauck é o presidente da Alemanha

18 de março de 2012

Sem filiação partidária, Joachim Gauck, ex-pastor luterano e ativista pelos direitos civis na ex-Alemanha Oriental, teve apoio de todos os partidos políticos. Ele é o terceiro presidente eleito em três anos.

Foto: picture-alliance/dpa

A Assembleia Federal alemã elegeu neste domingo o ex-ativista de direitos civis Joachim Gauck como novo presidente do país. Ele recebeu 991 dos 1.132 votos válidos. A ativista anti-nazistas Beate Klarsfeld, indicada pelo partido A Esquerda, ficou em segundo lugar com 126 votos, enquanto o candidato da extrema direita, Olaf Rose, recebeu apenas três votos – 108 delegados se abstiveram.

Gauck é o terceiro presidente eleito no país em um período de apenas três anos. Aos 72 anos de idade, ele recebeu o resultado declarando: "que lindo domingo". Sua eleição já era dada como certa, uma vez que sua indicação contou com o apoio de todos os partidos.

O novo presidente pareceu emocionado ao aceitar o cargo de chefe de Estado, posto com pouco poder executivo, mas considerado uma importante autoridade moral. "Eu aceito este dever. Depois de longos meandros políticos no século 20, eu aceito com a infinita gratidão de uma pessoa que finalmente e inesperadamente encontrou seu lar e que tem o prazer de ter participado de uma sociedade democrática nos últimos 20 anos", declarou Gauck à Assembleia.

"Certamente eu não terei condições de atender a todas as expectativas, mas uma coisa eu posso prometer: digo 'sim' com todas as forças e com o meu coração, que vai carregar a responsabilidade que vocês confiaram a mim hoje", disse Gauck.

Ele usou seu primeiro discurso como presidente para lembrar a primeira vez em que pôde votar em uma eleição livre – há 22 anos, na Alemanha Oriental – e destacou a importância da liberdade e responsabilidade.

Merkel disse que eleição de Gauck é conquista para reunificaçãoFoto: picture-alliance/dpa

A chanceler federal Angela Merkel, também natural do leste alemão, disse que a eleição de Gauck foi um sinal de sucesso para a reunificação do país. "Nós também podemos ficar um pouco orgulhosos disso", disse Merkel, acrescentando que ainda é necessário mais progresso para que o leste alemão alcance totalmente o rico oeste.

Cinco anos pela frente

Mais cedo, em seu discurso de abertura no Reichstag, sede do Parlamento alemão, o orador Norbert Lammert exortou a Alemanha a retornar ao mandado presidencial de cinco anos, conforme previsto na constituição do país. Ele se referia às duas curtas passagens anteriores pela presidência: de Christian Wulff e, antes dele, Horst Köhler. "Ninguém consideraria os curtos mandatos dos tempos recentes como uma conquista", disse Lammert.

No cargo, que em grande parte é cerimonial, Gauck substitui Wulff. Ex-governador do estado da Baixa Saxônia, ele renunciou ao cargo em meio a um escândalo de denúncias por favorecimento ilícito apenas 20 meses depois de assumir a presidência.

Em 2010, Gauck foi derrotado por Wulff, que era então o indicado de Merkel. Para a eleição deste domingo, a chanceler cedeu à pressão do Partido Social Democrata (SPD), dos Verdes e de sua própria coalizão para apoiar Gauck.

Ampla amprovação

Pesquisas recentes mostraram que 80% dos alemães consideram Gauck confiável. Uma pesquisa conduzida pelo Infratest também descobriu que dois terços dos alemães acreditam que ele será um presidente "desconfortável" para os partidos do país.

Cerca de 80% dos alemães consideram Gauck confiávelFoto: picture-alliance/dpa

O novo presidente, natural de Rostock, no leste alemão, não tem filiação partidária, mas é conhecido por falar o que pensa livremente. Gauck estudou teologia, tornou-se pastor luterano e, na época tensa anterior à queda do muro de Berlim, foi o porta-voz da Aliança 90, coligação de movimentos sociais que exigia reformas democráticas.

De 1990 a 2000, no início da reunificação alemã, ele chefiou a agência que abriu os arquivos da Stasi, polícia secreta da Alemanha comunista. Certa vez ele descreveu a si mesmo como um "conservador liberal de esquerda".

Assembleia extraordinária

Composta por 620 membros da câmara baixa do Parlamento alemão (Bundestag) e 620 delegados representando os 16 estados da Alemanha, a Assembleia Federal reúne-se com o propósito expresso de eleger o presidente, um cargo visto em grande parte como uma bússola moral para a nação. A Assembleia tambem inclui figuras proeminetes das áreas do esporte, cultura, entretenimento, ciência e religião.

O presidente eleito será empossado diante do Bundestag e também da Câmara Alta do Parlamento Alemão, o Bundesrat, na próxima sexta-feira (23/03).

FF/rtr/dpa/ap/epd
Revisão: Mariana Santos

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