Após 12 anos à frente da seleção alemã, muitas vitórias e honrarias, técnico tem mais a perder do que a ganhar neste Mundial. Mas o desafio é justamente o que o impulsiona. Desta vez a missão é defender o título.
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"Visionário, interlocutor, relações públicas": assim Joachim Löw resume suas principais funções como treinador da seleção alemã. Ele deve saber do que está falando, afinal já faz esse trabalho há 12 anos, quase tanto tempo quanto Angela Merkel é chefe de governo. Ou seja: parece uma eternidade.
O "Jogi", com seu pulôver de gola em V e sotaque carregado da região de Baden, está há tanto tempo na profissão que poucos alemães conseguem – e muito menos querem – imaginar um torneio de futebol sem ele. E agora ele até prorrogou novamente o contrato com a Federação Alemã de Futebol (DFB), desta vez até 2022, ou seja, até a próxima Copa do Mundo.
Por que age assim o campeão em exercício, que já recebeu a Cruz de Mérito da Alemanha, foi escolhido como treinador do ano pela Fifa e como melhor técnico nacional do mundo, que tem um estádio com seu nome na cidade natal? O que o motiva a prosseguir, quando agora, no Mundial na Rússia, tem tanto mais a perder do que a ganhar?
O técnico de 58 anos argumenta que "a Copa do Mundo de 2014 foi um ponto alto, mas não um ponto final". Um triunfo não lhe basta, ele quer defender o título de campeão mundial, coisa que, antes dele, nenhum treinador alemão conseguiu, e, na história do futebol, só dois países: a Itália em 1938 e o Brasil em 1962.
"Manter o nível máximo exige um esforço tremendo", explica, em entrevista à DW. "Quando se festejam muitas vitórias, é humano se sentir um pouco saciado. A pessoa talvez perde um pouco a fome, e isso significa que outros, ainda mais ambiciosos, vão derrubá-la do pedestal. Por isso a tarefa mais difícil é se manter sempre nesse nível máximo, sem relaxar."
Mas Löw acredita em sua equipe, que, segundo ele, concentra um grau de talento raramente visto antes numa seleção alemã. "Continuo vendo grande potencial neste time. Tenho a mesma alegria de sempre em trabalhar com esses jogadores e fazer que continuem se desenvolvendo."
Além disso, Löw aprecia o fato de, enquanto técnico indisputado da seleção nacional, não estar submetido à pressão semanal de ter sucesso, como é o caso dos treinadores de clubes. Excetuado o período logo antes de uma Eurocopa ou Mundial, ele pode trabalhar com calma e sem pressão de cima.
É aí que coloca em ação seu ponto forte: desenvolver ideias próprias, concepções e filosofias de jogo, de médio ou longo prazo, estudar e analisar os adversários e as tendências mais novas no campo do futebol.
"De um modo ou de outro, a gente quer sempre ditar tendências. Por isso olhamos para o futuro. Também somos um pouco visionários e às vezes imaginamos coisas totalmente malucas, mesmo que pareçam absurdas, ainda assim, em algum momento nós queremos experimentá-las."
Quem sabe a torcida vai ver uma ou outra dessas ideias malucas em ação no Mundial na Rússia? A pergunta não interessa apenas aos torcedores alemães, uma vez que não foram tão convincentes assim os resultados dos quatro últimos amistosos contra a Inglaterra, França, Espanha e Brasil, todos concorrentes fortes à taça: três empates e uma derrota para a Alemanha. Mas isso não é motivo para nervosismo: a seleção da DFB é tradicionalmente um time de torneios, que dá tudo quando chega a hora.
Joachim Löw se preparou intensivamente por pelo menos dois anos para esta Copa do Mundo. "Sem planejamento, não vai haver sucesso. Com uma meta clara diante dos olhos e com tenacidade, se pode chegar relativamente longe."
Mas, embora o sucesso deva ficar o mínimo possível por conta do acaso, os torcedores alemães podem continuar fazendo figa, pois no fim, diz Löw, "talvez venha uma situação em que a sorte tenha o seu papel".
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15 jovens para ficar de olho na Copa 2018
O Mundial é o maior palco do futebol e, às vezes, promessas e atletas antes menos badalados despontam para o mundo – como um certo Pelé, em 1958. Confira 15 jogadores que podem chamar a atenção na Copa na Rússia.
Foto: AFP/Getty Images/P. Stollarz
Kylian Mbappé - França
Kylian Mbappé é o nome mais badalado e conhecido desta lista – e certamente já deixou de ser uma promessa. Mas vale lembrar que o atacante do Paris Saint-Germain terá apenas 19 anos durante a Copa do Mundo. Mbappé estreou pela Équipe Tricolore em março de 2017. Em 12 jogos, marcou três gols. Seu talento está avaliado em 120 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/abaca/C. Liewig
Gabriel Jesus - Brasil
Um dos quatro convocados para a Copa do Mundo que estrearam pela seleção brasileira sob o comando de Tite, Gabriel Jesus tem tido uma carreira meteórica. O atacante do Manchester City estourou no Palmeiras em 2016, conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio e está avaliado em 70 milhões de euros. Nas Eliminatórias, Gabriel Jesus balançou as redes sete vezes.
Foto: Reuters/L. Foeger
Marcus Rashford - Inglaterra
Principal revelação do futebol inglês em anos, Marcos Rashford conquistou seu espaço no Manchester United e na seleção da Inglaterra. Quando estourou em 2016, ainda conciliava a escola com o futebol. Com Jamie Vardy, Raheem Sterling e Danny Welbeck a concorrência é parelha. Rashford terá 21 anos de idade durante o Mundial e está avaliado em 50 milhões de euros.
Foto: picture alliance/Citypress 24
André Silva - Portugal
Companheiro de ataque de Cristiano Ronaldo na seleção portuguesa e nomeado pelo próprio craque do Real Madrid como seu herdeiro na Seleção das Quinas, André Silva terá apenas 22 anos durante a Copa do Mundo. Contratado a peso de ouro pelo Milan, ainda não conseguiu despontar. Mas pelas Eliminatórias, André Silva marcou nove gols e ficou atrás somente de Cristiano Ronaldo (14).
Foto: picture-alliance/Offside/S. Stacpoole
Rodrigo Bentancur - Uruguai
Rodrigo Bentancur tem todas as qualidades para se tornar um maestro do meio-campo. Apesar de medir 1,87 metros, o meia defensivo de 20 anos da Juventus tem muita mobilidade, passada larga e exibe elegância nos passes. Os seis últimos jogos da seleção uruguaia foram justamente os únicos de Betancur com a camisa da Celeste – em cinco foi titular.
Foto: imago/Imaginechina
Kelechi Iheanacho - Nigéria
Kelechi Iheanacho tem apenas 21 anos e já jogou duas temporadas de Liga dos Campeões, conquistou a Copa da Liga Inglesa pelo Manchester City e foi campeão mundial sub-17, em 2013, onde foi vice-artilheiro e esolhido melhor jogador do torneio.
Pela seleção principal da Nigéria, o atacante do Leicester City soma oito gols em 15 partidas.
Fique de olho, Tite! Que os jogadores dos Bálcãs são bastante técnicos, não é nenhum segredo. Andrija Zivkovic não é de fazer gols, mas sua velocidade e técnica apurada causam muita dor de cabeça aos laterais adversários. Ele atua tanto como meia avançado ou pelas extremidades. Pelo Benfica, o jovem de 21 anos adquiriu experiência internacional e agora sonha dar o grande salto.
Foto: imago/A. Djorovic
Sardar Azmoun - Irã
Levando em contas as estatísticas, Sardar Azmoun tem números de estrela do futebol: são 20 gols em 30 jogos pela seleção iraniana. No entanto, é bem verdade que o Irã não enfrentou potências mundiais nem nas Eliminatórios nem em amistosos. Por outro lado, o jovem atacante de 23 anos estará em casa no Mundial. Azmoun atua pelo clube russo Rubin Kazan, cidade onde o Irã enfrentará a Espanha.
Foto: AFP/Getty Images/J. Klamar
Giovani Lo Celso - Argentina
Giovani Lo Celso ainda não é titular na seleção da Argentina. Mas o talentoso meio-campista canhoto de 22 anos regularmente tem mostrado seu potencial pelo Paris Saint-Germain – participou de 47 jogos na temporada. Lo Celso ainda carece de constância, mas a Copa do Mundo pode ser o trampolim necessário para se tornar um astro do futebol mundial. Por ora, ele está avaliado em 20 milhões de euros.
Foto: Getty Images/L. Griffiths
Hwang Hee-chan - Coreia do Sul
O atacante sul-coreano Hwang Hee-chan despontou no cenário europeu ao levar o RB Salzburg à semifinal da Liga Europa e ao título austríaco. Em 37 partidas, marcou 13 gols e deu quatro assistências. Avaliado em apenas 7,5 milhões de euros, o jovem de 22 anos certamente será acompanhado por muitos olheiros na Copa do Mundo.
Foto: AFP/Getty Images/A. Iwanczuk
Piotr Zielinski - Polônia
Com 24 anos durante a Copa do Mundo, o meio-campista Piotr Zielinski é o mais velho desta lista e, possivelmente, não pode ser considerado uma promessa. Há duas temporadas no Napoli, o meia ambidestro é uma das peças fundamentais no sucesso recente do clube italiano e da seleção polonesa. Ele não é de marcar muitos gols, mas é responsável em dar estabilidade no meio-campo.
Foto: imago/East News
Hirving Lozano - México
O atacante mexicano Hirving Lozano atua pelo campeão holandês PSV Eindhoven. No Campeonato Holandês marcou 17 gols em 29 partidas – pela seleção do México são sete em 26 participações. Embora seja destro, Lozano prefere jogar pela extrema esquerda. Atualmente, o jovem de 22 anos está avaliado em 22 milhões de euros.
Foto: AFP/Getty Images/F. J. Brown
Ousmane Dembélé - França
O Barcelona desembolsou 115 milhões de euros para tirar o atacante francês Ousmane Dembelé do Borussia Dortmund. Em meio a lesões e atos de indisciplina, Dembélé ainda não fez jus ao valor, mas seu talento é inquestionável. Tudo indica que ele estará 100% fisicamente na Copa do Mundo, quando terá 21 anos de idade.
Foto: Getty Images/A. Alcalde
Marco Asensio - Espanha
No Real Madrid, o canhoto Marco Asensio entra em campo geralmente quando os grandes nomes merengues são poupados. O ponta-esquerda tem 22 anos de idade. Pelo Real Madrid, Asensio já conquistou todos os títulos possíveis exceto a Copa do Rei. Em 2015, foi campeão europeu Sub-19 com a Espanha e eleito melhor jogador do torneio. Pela principal, porém, ainda não balançou as redes em 10 jogos.
Foto: imago/Alterphotos
Timo Werner - Alemanha
Timo Werner é considerado a grande promessa do futebol alemão. Até poucos meses atrás, o veloz atacante do RB Leipzig traçava uma evolução meteórica – pela Alemanha são sete gols em 12 jogos. Mas nos quatro amistosos contra potências (Inglaterra, França, Espanha e Brasil), Werner marcou apenas uma vez. Aos 22 anos, ele tem a responsabilidade de ser o centroavante titular da atual campeã mundial.