Joesley e Saud disponibilizam passaportes à Justiça
9 de setembro de 2017
Após Janot pedir prisão preventiva de empresários, defesa coloca documentos de viagem à disposição da Justiça e pede para que eles sejam ouvidos antes de que seja tomada decisão sobre detenção.
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A defesa do grupo J&F protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um ofício que coloca à disposição os passaportes do empresário Joesley Batista e do diretor de Relações Institucionais da holding Ricardo Saud.
A apresentação da petição ocorreu logo após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir ao STF a prisão preventiva de Joesley e Saud na noite desta sexta-feira (08/09). Janot também pediu a prisão do ex-procurador Marcelo Miller. As prisões foram solicitadas ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF.
Neste sábado (09/09), a defesa do ex-procurador Marcelo Miller também entrou com petição semelhante no STF, para que seja rejeitado o pedido de prisão contra ele e para que a defesa seja ouvida antes de uma decisão sobre possível detenção.
A defesa da J&F, controladora da empresa frigorífica JBS, pediu também para que os delatores sejam ouvidos pelo ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, antes que ele tome a decisão sobre o pedido de Janot. Os advogados informam que os delatores deixam os passaportes à disposição da Justiça e que estão disponíveis a prestar qualquer esclarecimento necessário.. O risco de fuga é um dos motivos em que se baseia a determinação de prisão temporária ou preventiva.
O pedido de prisão foi divulgado pela mídia, mas ainda não foi confirmado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O processo, segundo o STF, está em sigilo. O motivo do pedido de prisão são suspeitas, levantadas em gravações, de que os delatores teriam ocultado à Justiça informações sobre crimes. As gravações foram disponibilizadas pelos próprios delatores, como parte do acordo de colaboração.
Nesse áudio são também feitas "referências indevidas" a juízes do STF e à Procuradoria-Geral da República (PGR). Essas referências envolvem Marcelo Miller, antigo colaborador de Janot, que deixou a PGR no final do ano passado para trabalhar num escritório de advocacia que acabou sendo contratado pela empresa JBS para negociar o acordo de colaboração da empresa com a Justiça. Na gravação é sugerido que Miller foi "captado" pelos empresários para facilitar o acordo que os livrou da cadeia.
O pedido de prisão veio após a Procuradoria-Geral da República ter ouvido Joesley e Saud, na quinta-feira em Brasília, e Marcelo Miller, na sexta-feira no Rio de Janeiro. De acordo com o site da Folha, a equipe de Janot acredita que houve descumprimento de dois pontos de uma cláusula de delação que tratam de omissão de má-fé.
De acordo com o site do G1, se Fachin autorizar as prisões, o acordo de delação premiada entre a JBS e a Procuradoria-Geral da República deverá ser rescindido, já que o termo de delação "prevê que o acordo perderá efeito se, por exemplo, o colaborador mentiu ou omitiu, se sonegou ou destruiu provas".
MD/ebc/ots
A corrupção através da história do Brasil
História do país é marcada por episódios de corrupção. Uma seleção com alguns dos mais emblemáticos.
Foto: Reuters/P. Whitaker
As origens
A colonização do Brasil foi baseada na concessão de cargos, caracterizada pelo patrimonialismo (ausência de distinção entre o bem público e privado) e o clientelismo (favorecimento de indivíduos com base nos laços familiares e de amizade). Apesar de mudanças no sistema político, essas características se perpetuaram ao longo dos séculos.
Foto: Gemeinfrei
Roubo das joias da Coroa
Em março de 1882, todas as joias da Imperatriz Teresa Cristina e da Princesa Isabel foram roubadas do Palácio de São Cristóvão. O roubo levou a oposição a acusar o governo imperial de omissão, pois as joias eram patrimônio público. O principal suspeito, Manuel de Paiva, funcionário e alcoviteiro de Dom Pedro 2º, escapou da punição com a proteção do imperador. O caso ajudou na queda da monarquia.
Foto: Gemeinfrei
A República e o voto do cabresto
Em 1881 foi introduzido no país o voto direto, porém, a maioria da população era privada desse direito. Na época, podiam votar apenas homens com determinada renda mínima e alfabetizados. Durante a Primeira República (1889 – 1930), institucionaliza-se no Brasil o voto do cabresto, ou seja, o controle do voto por coronéis que determinavam o candidato que seria eleito pela população.
Foto: Gemeinfrei
Mar de lama
Até década de 1930, a corrupção era percebida comu um vício do sistema. A partir de 1945, a corrupção individual aparece como problema. Várias denúncias de corrupção surgiram no segundo governo de Getúlio Vargas. O presidente foi acusado de ter criado um mar de lama no Catete.
Foto: Imago/United Archives International
Rouba mas faz
Engana-se quem pensa que Paulo Maluf é o criador do bordão "rouba mas faz". A expressão foi atribuída pela primeira vez a Adhemar de Barros (de bigode, atrás de Getúlio), governador de São Paulo por dois mandatos nas décadas de 1940 e 1960. O político ganhou fama por realizar grandes obras públicas, e nem mesmo as acusações constantes de corrupção contra ele lhe impediram de ganhar eleições.
Foto: Wikipedia/Gemeinfrei/DIP
Varrer a corrupção
Em 1960, o candidato à presidência da República Jânio Quadros conquistou a maior votação já obtida no país para o cargo desde a proclamação da República. O combate à corrupção foi a maior arma do político na campanha eleitoral, simbolizado pela vassoura. Com a promessa de varrer a corrupção da administração pública, Jânio fez sucesso entre os eleitores.
Foto: Imago/United Archives International
Ditadura e empreiteiras
Acabar com a corrupção foi um dos motivos usados pelos militares para justificar o golpe de 1964. Ao assumir o poder, porém, o novo regime consolidou o pagamento de propinas por empreiteiras na realização de obras públicas. Modelo que se perpetuou até os dias atuais e é um dos alvos da Operação Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP
Caça a marajás
Mais uma vez um presidente que partia em campanha eleitoral prometendo combater a corrupção foi aclamado com o voto da população. Fernando Collor de Mello, que ficou conhecido como "caçador de marajás", por combater funcionários públicos que ganhavam salários altíssimos, renunciou ao cargo em 1992, em meio a um processo de impeachment no qual pesavam contra ele acusações que ele prometeu combater.
Foto: Imago/S. Simon
Mensalão
Em 2005, veio à tona o esquema de compra de votos de parlamentares aplicado durante o primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que ficou conhecido como mensalão. O envolvimento no escândalo de corrupção levou diversos políticos do alto escalão para a prisão, entre eles, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
Foto: picture-alliance/robertharding/I. Trower
Lava Jato
A operação que começou um inquérito local contra uma quadrilha formada por doleiros tonou-se a maior investigação de combate à corrupção da história do país. A Lava Jato revelou uma imensa rede de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos. O pagamento de propinas por construtoras, descoberto na operação, provocou investigações em 40 países.