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'Game' polêmico

4 de outubro de 2010

Estudante desenvolveu jogo onde é possível escolher o papel dos fugitivos ou dos soldados que prendem e atiram em quem tenta ultrapassar antiga fronteira entre as duas Alemanhas.

Nome do jogo é referência à extensão do MuroFoto: picture-alliance/ ZB

Cores turvas, ambiente sinistro e céu acinzentado. Nas torres, soldados que observam em estado de alerta as pessoas próximas a uma abertura na fronteira. É nesse cenário que, ao som do hino nacional da ex-Alemanha Oriental, uma câmera virtual conduz o usuário ao longo de um infinito muro.

Toda essa descrição faz parte do jogo de computador 1378 (km), cujo nome é uma referência à extensão do antigo Muro de Berlim, que dividia as Alemanhas Oriental e Ocidental e que serve de pano de fundo para esta aventura online em 3D.

Desenvolvido pelo estudante Jens M. Stober, de Karlsruhe, o game gerou polêmica devido a sua proposta de reencenar o ambiente onde fugitivos do país de regime comunista eram mortos ao tentarem cruzar o Muro de Berlim.

Ambientado em 1976 – ano com maior número de mortos em fuga da antiga RDA –, o jogo permite deslocar o usuário para diferentes trechos da fronteira, seja escolhendo uma rota de fuga do país ou mesmo incorporando o papel de um dos soldados que perseguem, prendem e atiram nos fugitivos.

A estratégia de 1378 (km) é, segundo seu criador, tentar ser o mais preciso possível, a fim de refletir a realidade histórica. Para Axel Klausmeier, diretor da Fundação Muro de Berlim, contudo, o jogo é simplesmente de mau gosto.

De acordo com ele, já em respeito às vítimas e seus parentes, não se pode encorajar que, no jogo virtual, pessoas sejam atingidas por tiros. Klausmeier classifica ainda o game como inapropriado para a compreensão da história. "Não se pode reconstituir a gravidade do que ocorreu na fronteira", diz.

Cenário violento

Detenção e carceragem fazem parte das cenas, assim como prêmios para os soldados que atiram e matam mais de três fugitivos. A partir de um sistema de pontos, aspectos políticos e sociais também são considerados. Quando há muitas mortes na fronteira, aumenta a pressão política sobre a RDA e diminuem os pontos na conta dos soldados; quando um soldado deixa um fugitivo escapar, ele ganha mais pontos.

Apesar do cenário violento, a proposta não é encarar o jogo como um passatempo e sim como um canal de saber e conhecimento, bem como de introdução ao tema.

Além dos diferentes ambientes, o game traz pequenos textos com informações que esclarecem ao jogador onde ele se encontra exatamente ou quanto tempo ele permanecerá detido por uma violação cometida na fronteira. Para reconstruir paisagens mais realistas além da "zona da morte", Stober contou com a ajuda de dados captados por satélite.

O estudante de artemídia afirma ter levado quase um ano para desenvolver o game. "Na maior parte do tempo, me ocupei com pesquisas, li livros, fui a museus e me informei em blogs", diz Stober, que pretendia lançar 1378 (km) no último domingo, dia da reunificação alemã, mas adiou o lançamento devido às críticas.

MDA/dpa
Revisão: Soraia Vilela

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