Jogos de Tóquio podem levar à nova variante do coronavírus
27 de maio de 2021
Médicos japoneses alertaram para riscos inerentes à realização do evento. Temor é de que aglomerações levem ao surgimento de uma "cepa olímpica de Tóquio".
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Médicos japoneses alertaram nesta quinta-feira (27/05) sobre o risco de os Jogos Olímpicos de Tóquio levarem ao surgimento de novas mutações do coronavírus. O grupo pediu ainda que o evento seja realizado sem espectadores, enquanto uma associação defendeu o cancelamento total das Olimpíadas, alegando um "desastre em potencial".
"Todas as variantes do vírus que existem em diferentes lugares [do mundo] estarão concentradas e reunidas aqui em Tóquio. Não podemos negar o risco do surgimento de até mesmo uma nova cepa", disse Naoto Ueyama, presidente do Sindicato dos Médicos do Japão, em entrevista coletiva.
Ueyama disse ainda que trazer dezenas de milhares de atletas, funcionários, jornalistas e oficiais de todo o mundo representa um "perigo" real. "Inicialmente, as Olimpíadas de Tóquio tinham o objetivo de mostrar a reconstrução após o desastre do terremoto e do tsunami de 2011, mas as Olimpíadas de Tóquio podem acabar gerando outro desastre", alertou.
"Uma nova variante pode surgir e ser batizada de 'cepa olímpica de Tóquio ', e as críticas de que os Jogos foram um grande ato de loucura da humanidade podem nos perseguir pelos próximos 100 anos", acrescentou.
Quarta onda
Diversas regiões do Japão se encontram sob estado de emergência devido a um novo surto de covid-19, e a maioria da população (cerca de 80%) se opõe à realização dos Jogos neste verão, conforme apontam as pesquisas.
Autoridades japonesas, organizadores dos Jogos e o Comitê Olímpico Internacional (COI) já disseram que o evento será mantido, ainda que com medidas estritas de prevenção.
Foi proibida, por exemplo, a participação de espectadores estrangeiros, uma decisão sem precedentes para as Olimpíadas. Uma decisão final sobre participantes nacionais é esperada no próximo mês.
O país vive atualmente uma quarta onda da pandemia, e grupos médicos temem que o eventual surgimento de novas variantes sobrecarregue o sistema de saúde japonês. Diante da situação, espera-se que o atual estado de emergência que vigora em várias regiões do país, incluindo Tóquio, seja estendido até 20 de junho – três dias antes do início previsto dos Jogos.
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Ameaça às campanhas de vacinação
Ueyama acusou ainda o COI e o governo japonês de "subestimarem o perigo" e de "colocarem em risco as campanhas de vacinação" em todo o mundo.
"A vacina não é uma cura e já vimos que outras variantes estão se propagando em países que adotaram medidas restritivas como Taiwan e Vietnã", disse o médico, acrescentando que as vacinas existentes não previnem os contágios e sim apenas evitam o desenvolvimento de sintomas graves.
A Associação Médica de Tóquio, com mais de 20 mil membros, pede agora o cancelamento total do evento. Para o presidente do órgão, Haruo Ozaki, "realizar os Jogos sem espectadores é o mínimo, dada a situação atual". "Esta Olimpíada acontece em um momento de emergência", disse ele em entrevista coletiva nesta quinta-feira.
Ozaki fez também um apelo ao governo para que tome medidas mais rígidas contra o coronavírus, alertando que "esta é a última chance" de conter as infecções antes dos Jogos.
ip (Reuters, AFP, Lusa)
Momentos inesquecíveis nas aberturas de Olimpíadas
As cerimônias de abertura de Jogos Olímpicos são sempre acompanhadas de suspense ou efeitos especiais surpreendentes, como Muhammad Ali acendendo a pira olímpica ou uma sósia da rainha Elizabeth descendo de paraquedas.
Foto: dapd
1896: primeiros Jogos da Era Moderna
Os Jogos Olímpicos da Antiguidade aconteceram de 776 a.C. até 393, quando o imperador Teodósio os proibiu por considerá-los pagãos. Eles ressurgiram por iniciativa do francês Pierre de Coubertin. De 6 a 15 de abril de 1896, se realizaram pela primeira vez os Jogos Olímpicos da Era Moderna. Eles foram abertos em Atenas pelo então rei George da Grécia, e neles soou pela primeira vez o Hino Olímpico.
Foto: picture-alliance/dpa
1920: Bandeira e juramento olímpicos
Dois anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, os Jogos foram realizados na Antuérpia. Pela primeira vez, foi içada a bandeira olímpica, concebida em 1913. As seis cores dos anéis – azul, amarelo, preto, verde e vermelho – podem ser encontradas em bandeiras nacionais. Os anéis representam os continentes habitados do planeta. Pela primeira vez, atletas fizeram o juramento olímpico.
Foto: picture-alliance/Xinhua
1928: Amsterdã e a ordem do desfile
A maior parte do cerimonial de hoje em dia já foi adotada em Amsterdã em 1928. Pela primeira vez, atletas gregos abriram o desfile, sendo seguidos pelas delegações dos demais países, na ordem alfabética de acordo com o nome no idioma do país-sede, cuja delegação é a última a desfilar.
Foto: Getty Images/Central Press
1936: primeiro revezamento da tocha
Em 1936, aconteceu pela primeira vez o revezamento da tocha olímpica, de Atenas até Berlim, onde foi acesa a pira olímpica. Cerca de 3 mil atletas participaram da corrida. A pira olímpica foi acesa pelo atleta alemão Fritz Schilgen (foto). Os Jogos Olímpicos de Berlim foram usados como instrumento de propaganda do regime nazista.
Foto: picture-alliance/akg-images
1964: homenagem a Hiroshima
Yoshinori Sakai nasceu em 6 de agosto de 1945, exatamente no dia do lançamento da bomba atômica sobre a cidade japonesa. Na abertura dos primeiros Jogos na Ásia, em 1964, o rapaz de 19 anos carregou a tocha olímpica para o estádio em Tóquio. Um momento inesquecível, que virou um símbolo da paz mundial.
Foto: Getty Images
1980: boicote em Moscou
A tensão durante a Guerra Fria ficou evidente nos Jogos em Moscou, em 1980. Em vez da bandeira de seu país, o presidente do comitê olímpico britânico, Dick Palmer (esq. à frente na foto) carregou a bandeira olímpica. Em protesto à invasão do Afeganistão por tropas russas em 1979, o Japão e a Alemanha boicotaram os Jogos junto com os Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/AP Photo
1992: tiro perfeito em Barcelona
Em 1992, o arqueiro paralímpico Antonio Rebollo acendeu a pira olímpica da 25ª edição dos Jogos Olímpicos em Barcelona, com uma flecha em chamas. Na realidade, a flecha passou muito perto da pira, mas o fogo foi aceso exatamente ao mesmo tempo.
Foto: picture-alliance/Lehtikuva Oy
1996: momento mágico
Quatro anos mais tarde, outro momento emocionante. Muhammed Ali, a lenda do boxe, já visivelmente afetado pela doença de Parkinson, acendeu a pira nos Jogos em Atlanta, nos Estados Unidos. Ele foi uma figura controversa em seu país por ter se negado a combater no Vietnã, mas seus feitos esportivos foram reconhecidos.
Foto: picture-alliance/dpa
2004: vestido mágico em Atenas
A cerimônia de abertura das Olimpíadas segue um rígido protocolo, mas mesmo assim ainda oferece espaço para a criatividade. Enquanto Björk, cantora da Islândia, interpretou "Oceana" em 2004 nos Jogos de Atenas, seu vestido se abriu lentamente num enorme véu, que cobriu as delegações como um tapete.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Baker
2008: superlativos em Pequim
O custo da abertura dos Jogos em Pequim é estimado em 100 milhões de dólares. Quatro anos mais tarde, os de Londres custaram 40 milhões de dólares. A cerimônia na capital chinesa contou com extamente 2.008 percussionistas, usando baquetas iluminadas e tambores tradicionais do país. A apresentação deles foi o ponto alto de um show perfeitamente planejado, que durou três horas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Ugarte
2012: homenagem à rainha
A rainha Elizabeth abriu os Jogos de Londres, em 2012. E com estilo: uma dublê trazida pelo agente 007, James Bond, pulou de paraquedas de um helicóptero. A rainha britânica foi a primeira chefe de Estado a abrir duas Olimpíadas. Como rainha do Canadá, ela já havia feito o mesmo em Montreal, em 1976.