Destaque nos jornais e revistas é para o pouco público que testemunhou o ouro de Thiago Braz; às declarações do saltador francês Renaud Lavillenie; além de um ranking fictício, que vai além das medalhas.
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A imprensa alemã destaca nesta terça-feira (16/08), dia 11 dos Jogos Olímpicos, o pouco público que testemunhou o ouro inédito do brasileiro Thiago Braz na prova do salto com vara; as queixas do rival francês Renaud Lavillenie; e esboça um ranking de países fictício, que vai além das medalhas.
Süddeutsche Zeitung: Um brasileiro voa ao ouro – e ninguém está presente
"O saltador Thiago Braz realizou a prova de sua vida e superou a marca dos 6,03 metros. No entanto, ele deu a volta olímpica num estádio quase vazio. No dia anterior, 56.437 pessoas vieram ver o show de Usain Bolt. Por Thiago Braz, vieram somente dez mil espectadores.
Mas quando Thiago Braz quebrou o recorde olímpico, o público berrou como se alguém tivesse sido atirado de um canhão através de todo o estádio, como se alguém tivesse domado animais selvagens e apresentado cambalhotas quíntuplas num trapézio. A multidão gritava o nome de Thiago – e fica na imaginação como teria sido se o estádio estivesse lotado com 56.437 pessoas.
O atletismo tem mais show a oferecer além dos 100 metros rasos masculino. O atletismo tem energia e vibração – e no momento certo, um brasileiro que salta mais do que seis metros."
Der Spiegel: Público vaia – Lavillenie compara com 1936
"O saltador francês Renaud Lavillenie comparou as vaias dos torcedores brasileiros com a experiência passada por Jesse Owens nos Jogos nazistas de Berlim. Pouco depois, ele se desculpou pela declaração.
'Em 1936, a multidão estava contra Jesse Owens', disse Lavillenie. 'Desde então, nunca mais tínhamos visto algo assim.' Nos Jogos de Berlim, o velocista negro dos EUA ganhou quatro medalhas de ouro, algo que era contrário à visão de mundo da Alemanha nazista. 'Isso foi um grande erro da minha parte. Foram minhas primeiras palavras após a prova. Evidente que não pode ser comparado', disse o francês, posteriormente.
No entanto, ele não voltou atrás em sua indignação sobre o comportamento do público. 'Entendo que eles estavam favoráveis ao Thiago, mas não entendo a total falta de respeito com os adversários', disse Lavillenie ao diário esportivo francês L'Équipe. Seria melhor se 'eles tivessem ficado em casa na frente dos televisores e deixado vir ao estádio as pessoas que gostam de assistir a esportes'.
O campeão olímpico Thiago Braz por um lado apreciou o entusiasmo do público brasileiro, mas também viu exageros. 'A torcida me apoiou um pouco demais', disse. 'Eu tinha de me concentrar na técnica e esquecer'."
Die Welt: "Não fiz nada aos brasileiros"
"O saltador francês Renaud Lavillenie se sentiu insultado e reclamou de desrespeito: 'É terrível ter que vivenciar algo assim nos Jogos Olímpicos. Eu não fiz nada aos brasileiros'.
Depois que Lavillenie seguia sendo vaiado durante a prova, ele provocou o público ante da tentativa final e decisiva apontando o polegar para baixo. 'Queria mostrar às pessoas que elas não estavam num estádio de futebol. Não há lugar para isso [vaias] no atletismo', disse. 'Thiago é forte. Ele tinha todo o estádio o apoiando. Estou um pouco desapontado que não tenha havido fair play no estádio'."
Die Zeit:Um quadro de medalhas mais justo
"Na contagem oficial de medalhas, somente as conquistas de metais preciosos são levadas em conta. Que monótono! Nossa versão inclui as dez primeiras colocações de cada modalidade. Os resultados são mais justos, mas também surpreendentes. O campeão olímpico recebe dez pontos, seguindo até o décimo colocado, que soma ainda um ponto."
Na contagem do diário, os EUA seguiriam líderes absolutos, mas seguidos pela China – no quadro de medalhas, a segunda colocação é atualmente do Reino Unido. O Brasil, por exemplo, subiria quatro posições, ocupando a 11ª colocação. Surpreendente, por exemplo, o desempenho da Ucrânia, que subiria incríveis 22 posições. A Alemanha cairia da quinta para a sexta colocação.
Os medalhistas brasileiros na Rio 2016
Vôlei, futebol, canoagem, vôlei de praia, vela, salto com vara, judô, ginástica artística, argolas, maratona aquática, boxe, taekwondo e tiro deram alegrias aos brasileiros nos Jogos do Rio.
Foto: Getty Images/AFP/P. Guyot
Tchau, fantasma!
Depois das derrotas para os Estados Unidos em Pequim 2008 e da incrível virada sofrida para a Rússia quatro anos depois, a seleção brasileira masculina de vôlei afastou de vez os fantasmas das duas últimas finais olímpicas e venceu a Itália neste por 3 sets a 0 (parciais de 25 a 22, 28 a 26 e 26 a 24) para conquistar o ouro, o terceiro da história, nos Jogos do Rio de Janeiro. (21/08)
Foto: Getty Images/T. Pennington
A medalha inesperada
Maicon Siqueira conquistou a segunda medalha do taekwondo brasileiro em Jogos Olímpicos. O lutador mineiro faturou o bronze na categoria acima de 80kg e igualou o feito de Natália Falavigna (Pequim 2008). Maicon, 51º colocado no ranking mundial do taekwondo, chegou a dividir o esporte com os empregos de pedreiro e garçom. "É um sonho. Só estando aqui dentro para entender", disse, emocionado.
Foto: Reuters/I. Kato
Fim do trauma: Brasil é ouro!
Foi sofrido, mas foi! Após empate em 1 a 1, o Brasil derrotou a Alemanha apenas nos pênaltis e conquistou a tão sonhada medalha de ouro. O ciclo está completo: o Brasil possui agora todos os títulos do futebol masculino. Os heróis diretos no Maracanã foram o goleiro Wéverton, que defendeu a única cobrança desperdiçada, e Neymar, autor de um golaço de falta e que converteu o pênalti decisivo.
Foto: Getty Images/AFP/L. Griffiths
Isaquias Queiroz, o maior brasileiro
Ao lado de Erlon de Souza, Isaquias Queiroz conquistou a prata na canoa dupla 1000m. Desta forma, o canoista de Ubaitaba se tornou o 1º brasileiro com três medalhas numa edição de Jogos Olímpicos, superando César Cielo (ouro e bronze em Pequim 2008), Gustavo Borges (prata e bronze em Atlanta 1996) e Afrânio da Costa (prata e bronze) e Guilherme Paraense (ouro e bronze), ambos na Antuérpia 1920).
Foto: Getty Images/R. Pierse
Ouro nas areias de Copabacana
A dupla de vôlei de praia Alison e Bruno conquistou o ouro na Arena de Copacabana, após derrotar os italianos Paolo Nicolai e Daniele Lupo por 2 sets a 0 em 45 minutos de jogo. Alison tinha sido prata ao lado de Emanuel, em Londres. Bruno é sobrinho do ex-jogador de basquete Oscar Schmidt. Este foi a quinta medalha de ouro do Brasil na Rio 2016, igualando o recorde de Atenas 2004.
Foto: Getty Images/R.Carr
Filhas de peixe, peixinhos dourados são!
Martine Grael e Kahena Kunze venceram a regata final e conquistaram a medalha de ouro na classe 49er FX. Elas são as primeiras velejadoras brasileiras medalhistas de ouro em Jogos Olímpicos. Além disso, confirmaram a tradição de suas famílias na vela: elas são filhas de Torben Grael, maior medalhista olímpico brasileiro, e Claudio Kunze, campeão mundial de 1973 da classe Pungüim.
Foto: Getty Images/AFP/W. West
Isaquias entra para grupo seleto
Com o bronze na canoa individual (C1) 1000m, Isaquias Queiroz entrou para um seleto grupo de brasileiros que conquistaram duas medalhas em uma edição de Jogos Olímpicos. Além dele, conseguiram César Cielo (ouro e bronze em Londres 2012), Gustavo Borges (prata e bronze em Atlanta 1996), Afrânio da Costa (prata e bronze) e Guilherme Paraense (ouro e bronze), ambos na Antuérpia 1920.
Foto: Getty Images/P. Walter
Ágatha e Bárbara ficam com a prata
Não deu para as campeãs mundiais de 2015. A dupla Ágatha e Bárbara Seixas perdeu para as alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst por 2 sets a 0 e ficou com a prata no vôlei de praia. É a sétima medalha olímpica do vôlei de praia feminino. O ouro, porém, não vem desde os Jogos de Atlanta, em 1996, quando Jaqueline Silva e Sandra Pires venceram o duelo brasileiro contra a dupla Adriana e Mônica.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache
Baiano porreta!
Nascido em Salvador, Robson Conceição tem uma vida recheada de quedas e superações, de lutas de rua e empregos de vendedor de picolé ou como ajudante de pedreiro. Depois de insucessos nos Jogos de Pequim e Londres, o pugilista deu a volta por cima e conquistou – na frente da torcida brasileira – o primeiro ouro olímpico do boxe brasileiro. Histórico!
Foto: Getty Images/C. Petersen
Canoísta de nascimento
Nascido em Ubaitaba (BA), que em tupi-guarani significa "Cidade das Canoas", Isaquias Queiroz entrou para a história do esporte nacional como o primeiro canoísta brasileiro a conquistar uma medalha em Jogos Olímpicos. A prata veio na categoria C1 1000m. Isaquias já ganhou o Mundial de canoagem em provas individuais, mas nas duas vezes foi na categoria C1 500m, que não é mais olímpica.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Ouro e recorde
Thiago Braz fez história e se sagrou campeão olímpico do salto com vara, superando o recordista mundial e vencedor da prova em Londres 2012, o francês Renaud Lavillenie, para delírio do público presente no Estádio Olímpico Nílton Santos, o Engenhão. O paulista da cidade de Marília, de apenas 22 anos, alcançou 6m03, o que representa o novo recorde olímpico.
Foto: Getty Images/S. Botterill
Zanetti não quebra jejum histórico
Arthur Zanetti é superado pelo seu principal rival, o grego Eleftherios Petrounis, e fica com a medalha de prata na final das argolas. O ginasta paulista tinha a chance de se tornar o primeiro bicampeão olímpico consecutivo em competições individuais desde 1956, quando Adhemar Ferreira da Silva conquistou seu segundo ouro no salto triplo nos Jogos de Melbourne.
Foto: Reuters/M. Blake
A pioneira das águas
Após desqualificação de rival, a paulistana Poliana Okimoto conquistou a medalha de bronze na maratona aquática de 10 quilômetros. A conquista é histórica para a natação brasileira: é a primeira medalha feminina na natação olímpica do Brasil. Uma marca perdurava desde 1932, em Los Angeles, quando Maria Lenk foi a primeira nadadora brasileira em Jogos Olímpicos.
Foto: Getty Images/A. Pretty
Diego Hypólito e Arthur Nory
Diego Hypólito e Arthur Nory mostram as medalhas, de prata e bronze, que receberam após desempenho surpreendente na final individual do solo na ginástica artística masculina. Os dois choraram muito após a confirmação de que subiriam ao pódio, emocionando também os torcedores presentes na Arena Olímpica. Pela primeira vez, o Brasil conquista duas medalhas individuais numa mesma prova.
Foto: Getty Images/AFP/B. Stansall
Baby, baby, baby...
O judoca paranaense Rafael Silva, o "Baby", desbancou o uzbeque Abdullo Tangriev, prata em Pequim 2008, e conquistou a medalha de bronze na categoria pesado (mais de 100kg), repetindo o feito de Londres 2012. "Baby" entra assim para um seleto grupo de judocas brasileiros que chegaram ao pódio olímpico em duas oportunidades: Aurélio Miguel, Tiago Camilo, Leandro Guilheiro e Mayra Aguiar. (12/08)
Foto: Reuters/M. Sezer
Mayra Aguiar repete Londres 2012
A judoca gaúcha Mayra Aguiar, de 25 anos, conquistou a medalha de bronze na categoria meio-pesado (até 78kg) nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, repetindo o resultado alcançado em Londres, em 2012. "É uma satisfação para o atleta conquistar uma medalha olímpica. Agora tem Tóquio 2020", vibrou a campeão mundial de 2014.
Foto: Reuters/S. Nenov
Da Cidade de Deus para o mundo
A judoca Rafaela Silva superou na final a mongolesa Sumiya Dorjsuren por um wazari e se tornou campeão olímpica da categoria até 57kg. Nascida e criada na Cidade de Deus, a apenas oito quilômetros do local de disputa na Rio 2016, Rafaela superou eliminação polêmica nos Jogos de Londres e até racismo para se tornar a segunda brasileira campeã olímpica no judô.
Foto: Getty Images/AFP/T. Kitamura
Felipe Wu encerra jejum de 96 anos
O paulistano Felipe Wu conquistou a prata na prova de pistola de ar 10 metros e encerrou um jejum de 96 anos sem medalhas para o Brasil no tiro esportivo. A última havia sido nos Jogos da Antuérpia, em 1920, quando Guilherme Paraense conquistou o primeiro ouro brasileiro. Wu finalizou a competição com 202,1 pontos, apenas 0,4 pontos atrás do campeão olímpico, o vietnamita Xuan Vinh Hoang.