Johnson diz estar preocupado com sumiço de jornalista
15 de junho de 2022
Premiê do Reino Unido se pronuncia pela primeira vez desde que Dom Phillips e Bruno Pereira sumiram na Amazônia. Líder ressalta que governo britânico está pronto para prestar o apoio que o Brasil precisar.
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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou nesta quarta-feira (15/06) estar "extremamente preocupado" com o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia. Essa foi a primeira vez que o líder britânico se pronunciou sobre o caso.
Phillips desapareceu no dia 5 de junho quando se deslocava junto com o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira na região do Vale do Javari, no Amazonas.
"Como todos nesta Câmara [dos Comuns, em Londres], estamos extremamente preocupados com o que pode ter acontecido com ele. O Ministério do Exterior trabalha atualmente em estreita colaboração com as autoridades brasileiras", afirmou Johnson aos parlamentares. "O que dissemos aos brasileiros é que estamos prontos para fornecer todo o apoio que eles possam precisar", complementou.
Johnson foi cobrado pela ex-primeira-ministra, Theresa May, que, segundo informações do jornal The Guardian, para o qual Dom Phillips atuava como corresponde no Brasil, sugeriu que o líder britânico faça do caso uma "prioridade diplomática".
May abordou o assunto em meio a uma série de perguntas ao primeiro-ministro. E citou ter se correspondido com a sobrinha de Phillips, Dominique Davis. Johnson respondeu dizendo que o Reino Unido ofereceu apoio nas buscas não somente ao jornalista britânico, como também ao indigenista brasileiro e parceiro de viagem de Phillips, Bruno Pereira.
A ex-primeira-ministra e atual parlamentar britânica pediu ainda que o governo do país "faça tudo o que puder para ter certeza de que as autoridades brasileiras coloquem os recursos necessários para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com Dom e Bruno".
Segundo suspeito é preso pela PF
Na noite desta terça-feira, a Polícia Federal (PF) anunciou que prendeu mais um suspeito de estar envolvido no desaparecimento do jornalista britânico e do indigenista brasileiro. Ele foi identificado como Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como "Dos Santos", de 41 anos.
Oliveira é irmão do pescador Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", outro suspeito de envolvimento no caso. A PF também informou que, após ser interrogado, ele seria encaminhado para uma audiência de custódia em Atalaia do Norte, que era o destino final dos desaparecidos.
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O desaparecimento
O jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira foram vistos pela última vez no dia 5 de junho, enquanto viajavam pelo Vale do Javari, região remota do estado do Amazonas e que é palco de conflitos entre invasores e indígenas. Desde então, membros das forças de segurança e voluntários indígenas passaram a vasculhar a área.
De acordo com informações da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), da qual Pereira fazia parte, o indigenista era alvo de constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores da região.
Na última sexta-feira, a PF informou que equipes de busca chegaram a encontrar material orgânico "aparentemente humano" em uma área próxima ao porto de Atalaia do Norte. O material ainda está sendo periciado. No domingo, a PF também divulgou que foram encontrados objetos pessoais pertencentes aos desaparecidos.
Nesta terça-feira, o embaixador brasileiro no Reino Unido, Fred Arruda, pediu desculpas à família de Dom Phillips após a representação diplomática ter previamente informado de forma incorreta que o corpo do jornalista havia sido encontrado junto com o do indigenista, na Amazônia.
gb/cn (Reuters, ots)
Amazônia em estado de emergência
A Floresta Amazônica enfrenta suas piores queimadas em anos. As chamas deixam rastro de destruição na região e geram comoção internacional. Imagens revelam a proporção assustadora da tragédia.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/E. Peres
Amazônia em chamas
Uma fumaça espessa cobre grande parte da Região Amazônica. A dimensão do avanço da destruição da floresta é melhor percebida de cima. Paredes enormes de fogo consomem grandes áreas verdes e dão o tom da evolução da catástrofe ambiental.
Foto: Imago Images/Agencia EFE/J. Alves
Bombeiros em ação contínua
Apesar dos troncos de árvores queimados, o fogo continua sua destruição. Milhares de bombeiros colocam sua vida em risco para tentar conter as chamas. Aparentemente, seus esforços não são suficientes, e o avanço das queimadas chamou a atenção do mundo para a Amazônia.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/E. Peres
Fumaça chega a regiões distantes
Em 19 de agosto, a fumaça das queimadas chegou até São Paulo, contribuindo para o fenômeno que transformou o dia em noite na cidade. A nuvem de fumaça atraiu a atenção do Brasil e do mundo para a situação na Amazônia. Essa fumaça também foi percebida no Peru e recentemente no Uruguai.
A inércia do governo brasileiro diante do avanço das chamas levou a comunidade internacional a pressionar o presidente Jair Bolsonaro a tomar medidas para combater as queimadas. Solicitado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, o tema foi debatido na cúpula do G7. Depois disso, Bolsonaro fez um pronunciamento anunciando o uso das Forças Armadas nos esforços contra o fogo.
Foto: Youtube/TV BrasilGov
Aumento no número de queimadas
Numa corrida contra o tempo, vários estados da região declararam situação de emergência e pediram ao governo federal o envio de militares. As estatísticas não são nada animadoras. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a 18 de agosto as queimadas aumentaram 82% em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram registrados quase 72 mil focos de incêndio.
No dia seguinte ao anúncio de Bolsonaro, os primeiro militares entraram em ação contra o fogo em Rondônia. O governo disse que disponibilizou 44 mil militares para combater os incêndios que estão devastando a Amazônia.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Brazil Ministry of Defense
Catástrofe causada por humanos
Grandes incêndios não são uma exceção em países sul-americanos. Eles são frequentes durante o período de seca. No entanto, também são causados pela ação humana. Ambientalistas dizem que o recente aumento no número de queimadas é responsabilidade de agricultores, que através do fogo pretendem ganhar terras para o pasto.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/L. Correa
Infraestrutura em perigo
Os incêndios não são um risco apenas em florestas distantes. A foto tirada na região de Cuiabá, no Mato Grosso, mostra a proximidade das chamas a locais habitados. Na beira da rodovia 070, que liga o Brasil à vizinha Bolívia, as chamas resplandecem de forma ameaçadora aos veículos que passam por ali.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/a. Penner
Protestos contra o governo Bolsonaro
Brasileiros foram às ruas em várias cidades do país para protestar contra as políticas ambientais do governo Bolsonaro. Em várias ocasiões, o presidente defendeu o desenvolvimento econômico da Amazônia e chegou a propor a seu homólogo americano, Donald Trump, a exploração conjunta da região.
Foto: Imago Images/Agencia EFE/M. Sayao
Preocupação mundial
As atitudes do governo brasileiro em relação ao meio ambiente e ao avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia provocaram também dezenas de manifestações em frente às representações diplomáticas do Brasil em várias cidades europeias e sul-americanas. A maioria dos atos foi convocada pelo movimento Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção).
Foto: DW/C. Neher
Ajuda internacional
Devido à magnitude dos incêndios, o Brasil recebeu apoio da comunidade internacional. O G7 ofereceu 20 milhões de dólares ao país. A oferta, porém, foi recusada por Bolsonaro. O Reino Unido disponibilizou 10 milhões de libras para o combate às queimadas, e Israel prometeu o envio de um avião equipado para essa finalidade.