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Jordânia reforça apelo alemão de paz no Golfo

(sm)22 de outubro de 2002

O rei Abdullah II da Jordânia e sua esposa iniciaram uma visita de três dias à Alemanha. O monarca advertiu contra uma militarização do conflito com o Iraque, assegurando a afinidade de seu país com a Europa.

Rei Abdullah IIFoto: AP

Antes de sua chegada a Berlim, onde foi recebido com honras militares pelo presidente alemão, Johannes Rau, o rei Abdullah II já havia destacado em diversas entrevistas o papel decisivo da União Européia – junto com os EUA, a ONU e a Rússia – na pacificação do Oriente Médio. O monarca de 40 anos deu a entender que preferia que os EUA se empenhassem mais em solucionar o cerne da crise do Oriente Médio, ou seja, a guerra entre israelenses e palestinos, do que o conflito com o Iraque.

Ele também alertou que uma nova guerra do Golfo desestabilizaria a região e provocaria um novo fluxo de fugitivos de guerra à Jordânia, cuja população já consiste de 43% de palestinos. O efeito de uma nova guerra do Golfo sobre a Jordânia é um dos principais temas de Abdullah II na Alemanha, em conversas com o chanceler federal Gerhard Schröder e a ministra de Ajuda ao Desenvolvimento Heidemarie Wiezcorek-Zeul.

Entre a cruz e a espada

O monarca jordaniano tem uma difícil missão. Diante do conflito com o Iraque, ele tem que encontrar um meio-termo entre os interesses de seus aliados em Washington, em derrubar o regime de Sadam Hussein, e os da população jordaniana, provavelmente disposta a marchar em defesa de Bagdá, no caso de uma guerra. Um dilema que vai exigir de Abdullah II habilidades diplomáticas semelhantes às dos seu pai e antecessor, durante a Guerra do Golfo, em 1991.

Foi justamente na habilidade diplomática do filho que o monarca morto apostou, ao nomeá-lo surpreendentemente seu sucessor em 1999, pouco antes da sua morte. Diversos motivos levaram Hussein desistir da coroação de seu irmão Hassan e a escolher seu filho como sucessor. Abdullah mantém bons contatos tanto com as monarquias dos Estados árabes vizinhos como com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, onde fez parte de sua formação escolar e militar.

O primogênito de Hussein nasceu do seu segundo casamento, com a inglesa Toni Gardiner, terminado por divórcio em 1972. O "sangue inglês" de Abdullah foi considerado por muito tempo um obstáculo para sua ascenção ao trono. No entanto, isso foi perdendo o significado, sobretudo depois do seu casamento com Rania el Jassin, em junho de 1993. A rainha de 32 anos não só garante ao rei o apoio do influente e representativo segmento palestino da população, mas também conta com a simpatia dos outros jordanianos.

Os interesses pela paz

O governo jordaniano se opõe aos planos norte-americanos contra o Iraque – e isso, não apenas para acalmar a população. Com a autorização das Nações Unidas, a Jordânia compra petróleo do Iraque por um preço mais baixo. Por isso, Amã tem interesse na estabilidade política do Iraque, mesmo que o preço seja um ditador como Sadam Hussein.

Por outro lado, alguns membros do governo jordaniano não esqueceram os graves efeitos políticos e econômicos da Guerra do Golfo no país. Na época, a Jordânia se recusou a aderir aos aliados dos EUA, inclusive por pressão da parte palestina da população, simpatizante do Iraque.

Hoje, muitos consideram aquela posição um erro e defendem o apoio aos EUA. Talvez para relativizar um pouco o potencial explosivo dentro do país, Amã divulgou recentemente dados demográficos segundo os quais os palestinos somam apenas um terço dos cinco milhões de habitantes.

O que Jordânia mais teme, no entanto, é o premiê israelense Ariel Sharon, que poderia perfeitamente usar uma guerra contra o Iraque como pretexto para expulsar centenas de milhares de palestinos para a Jordânia. Apesar disso, nada resta a Amã, a não ser advertir contra uma guerra, uma posição que divide com o governo alemão.