Crise brasileira é melhor que "House of Cards", diz jornal
13 de março de 2016
Por que alguém se interessa pela série americana se existem as notícias da política brasileira, questiona o semanário "Die Zeit". "Nessa história cheia de aventuras só falta mesmo uma moral", afirma.
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Reportagem publicada esta semana pelo jornal alemão Die Zeit compara a atual crise política brasileira com as intrigas da série americana House of Cards, onde o inescrupuloso político Frank Underwood faz de tudo para acumular e manter poder, chegando até a presidência dos EUA.
"Por estes dias, é difícil entender por que ainda há pessoas que se interessam por House of Cards. Elas não acompanham as notícias da política brasileira?", pergunta o correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Thomas Fischermann.
"Há um promotor que quer meter na cadeia um ex-presidente, cuja metade de sua equipe já está atrás das grades. Um presidente parlamentar que teria colocado milhões em propinas em contas na Suíça, mas que, mesmo assim, continua no cargo e, com acusações de corrupção, quer afastar outros políticos do poder. E há protestos nas ruas, nos quais pessoas pedem o retorno da ditadura militar. Elas dizem: num sistema político falido como esse, qual a diferença?", diz a reportagem.
Em seguida, Fischermann lembra que, recentemente, a revista americana AmericasQuarterly comparou a crise política brasileira com a popular série do serviço de streaming Netflix – e concluiu que a política brasileira é bem mais interessante. Desde então, mais coisas aconteceram, escreve o jornalista. Segundo ele, os acontecimentos "cheios de aventuras" dos últimos dias são fora do normal até mesmo para os padrões brasileiros.
A reportagem afirma que a oposição tenta, desde a eleição de outubro de 2014, derrubar Dilma e tentou incriminá-la no escândalo da Petrobras. "Só que, para decepção deles, Dilma não tinha nada que ver com isso", escreve o correspondente.
"Nem mesmo as determinadas equipes de promotores nem a imprensa investigativa (frequentemente ligada à oposição, pois financiada por oligarcas) conseguiu comprovar algo de concreto. E isso não se deu por falta de afinco", afirma.
Em seguida é relatado o andamento do processo de impeachment, o "bloqueio total do parlamento pela oposição" e as recentes ações da Justiça contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reportagem lembra até a polêmica nas redes sociais por causa da equivocada referência a "Marx e Hegel" no pedido de prisão preventiva de Lula.
Para o autor, a única coisa que falta nessa história da política brasileira é uma moral. "Claro que se pode afirmar categoricamente – como fazem alguns manifestantes por esses dias – que todos os políticos suspeitos de corrupção deveriam ser varridos para fora. Mas aí não sobraria quase ninguém em Brasília. A única possível exceção seria justamente Dilma Rousseff."
AS/ots
Quinta jornada de protestos no Brasil
Manifestantes que pedem a saída da presidente Dilma Rousseff voltaram às ruas do Brasil, naquela que já é a maior jornada desde o início dos protestos.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
São Paulo
O protesto na capital paulista ultrapassou as manifestações que ocorreram no ano passado. O Instituto Datafolha afirma que 500 mil pessoas protestaram na Avenida Paulista. A Polícia Militar aponta que o número chegou a 1,4 milhão.
Foto: Reuters/N. Doce
São Paulo
Manifestantes posam para foto em frente a um pedalinho, em que apareciam duas pessoas fantasiadas como Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia. O equipamento era uma referência à investigação envolvendo Lula e o sítio em Atibaia, onde foram encontrados dois pedalinhos com os nomes dos netos do casal
Foto: DW/M. Estarque
São Paulo
Os protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff em São Paulo costumam ser os que reúnem o maior número de participantes.
Foto: Agência Brasil/R. Rosa
São Paulo
O "pixuleco", o boneco gigante com a imagem de Lula em roupas de presidiário, foi mais uma vez inflado na manifestação em São Paulo.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Brasília
Policiais observam manifestantes reunidos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Protesto na capital federal reuniu 100 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Brasília
Manifestantes fantasiados de presidente Dilma Rousseff e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no protesto que ocorreu na capital federal.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Brasília
Manifestantes em Brasília exibem faixa contra a presidente Dilma Rousseff.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Bizzera
Brasília
Manifestante exibe cartaz contra o PT no protesto em Brasília. Ato deste domingo na capital reuniu o maior número de pessoas desde o início da jornada de protestos.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Brasília
Ato na capital federal foi encerrado no início da tarde
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Belo Horizonte
Manifestantes tomam ruas do centro de Belo Horizonte. Ato na capital mineira reuniu 30 mil, segundo estimativa da PM.
Foto: Getty Images/AFP/D. Magno
Belo Horizonte
Ato na cidade contou com a participação de políticos do PSDB, como o senador mineiro Aécio Neves.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Fonseca
Rio de Janeiro
Manifestantes contrários ao governo se reuniram na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. A PM não divulgou estimativa de público.
Foto: Reuters/R. Moraes
Rio de Janeiro
Organizadores da manifestação carioca disseram que até 1,5 milhão de pessoas compareceu ao protesto.
Foto: Agência Brasil/T. Rêgo
Rio de Janeiro
Protesto em Copacabana foi encerrado no início da tarde.
Foto: Agência Brasil/T. Rêgo
Rio de Janeiro
Carlos Adriano Rodrigues pintava voluntariamente o rosto de manifestantes no Rio.
Foto: DW/R. Malkes
Porto Alegre
Os críticos do governo Dilma Rousseff e do PT se concentraram no Parcão, parque na área nobre da capital gaúcha.
Foto: Agência Brasil/R. Rosa
Porto Alegre
Já os apoiadores da presidente e de Lula se reuniram no parque da Redenção, entre os bairros Cidade Baixa e Bom Fim.
Foto: Agência Brasil/R. Rosa
Frankfurt
Manifestantes também convocaram atos em cidades do exterior, como Londres, Paris e Berlim. Este grupo protestou em Frankfurt, no oeste da Alemanha.