Jornal fecha portas no México após mortes de jornalistas
3 de abril de 2017
Diário "Norte de Ciudad Juárez" anuncia fechamento por "perigos e condições adversas" para o exercício do jornalismo. Em março, três jornalistas foram assassinados no país.
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Um jornal de Ciudad Juárez, no estado mexicano de Chihuahua, anunciou no domingo (02/04) seu fechamento definitivo por "perigos e condições adversas" para o exercício do jornalismo no país. O periódico em que trabalhava a jornalista assassinada Miroslava Breach Velducea, aponta que as mortes impunes de jornalistas no México tornaram perigosa a continuidade do jornal.
Em editorial publicado no portal digital e na versão impressa, o diretor Oscar Cantu Murguia anunciou que depois de 40 anos promovendo a imprensa livre, o Norte de Ciudad Juárez publicou sua última edição no domingo. Murguia comunicou os leitores numa carta de despedida intitulada "Adeus!". O jornal empregava cerca de mil funcionários.
"A trágica e sentida morte de Miroslava Breach Velducea, nossa colaboradora, em 23 de março, fez-me refletir sobre as condições adversas em que se desenvolveu o exercício do jornalismo atualmente. O alto risco é seu ingrediente principal", escreveu Murguia. "As agressões mortais, assim como a impunidade contra os [crimes cometidos a] jornalistas, têm ficado em evidência, impedindo-nos de continuar livremente com nosso trabalho."
O editorial destaca que o "irresponsável descumprimento" das autoridades públicas dos três níveis do governo também "motivou-nos a tomar essa decisão". "Tudo na vida tem um começo e um fim, um preço a pagar. E se esta é a vida, não estou disposto que nos paguemos com mais nenhuma vida de nossos colaboradores, nem com a minha própria", acrescentou Murguia.
O diretor mencionou também questões financeiras, acusando as autoridades estatais de se recusarem a pagar pelo serviço público. No México, a publicidade governamental é a principal fonte de receita para diversos meios de comunicação. Muitos críticos consideram que essa dependência leva a uma cobertura noticiosa e à autocensura.
Breach Velducea trabalhou vários anos para o Norte de Ciudad Juárez, e ocupava o cargo de diretora editorial. Seu assassinato a tiros em frente ao portão de sua casa somou-se à morte de outros dois jornalistas, em diferentes partes do México, no mesmo mês: Ricardo Monlui, do portal El Político, em 19 de março, e Cecilio Pineda Birto, diretor do periódico La Voz de Tierra Caliente, em 2 de março.
Ao menos 38 jornalistas foram mortos no México, desde 1992, em resultado da sua atividade profissional, de acordo com o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York.
PV/efe/lusa
Retrospectiva América Latina 2016
Acordo de paz entre governo da Colômbia e Farc, Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, impeachment de Dilma Rousseff e o primeiro show dos Rolling Stones em Cuba foram alguns destaques do ano na região.
Foto: picture-alliance/dpa/L. Munoz
Visita histórica de Obama a Cuba
Durante sua visita histórica a Cuba em 22 de março, Barack Obama se encontrou com Rachel Robinson, viúva da lenda do beisebol Jackie Robinson, primeiro negro a jogar num time da Major League, e que se tornou símbolo do movimento pelos direitos civis. A ida de Obama à ilha – a primeira de um presidente dos EUA em 88 anos – marcou o degelo das relações entre Washington e Havana.
Foto: Reuters/C. Barria
Satisfaction!
Outro momento histórico: em 25 de março, um dia após o encerramento da visita de Obama, os Rolling Stones fizeram um grande show em Havana. Dezenas de milhares de cubanos lotaram o estádio Ciudad Deportiva para curtir a primeira apresentação da banda cult britânica em solo cubano.
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Evo Morales para sempre?
Cartão vermelho para Morales: num referendo constitucional em 24 de fevereiro, os eleitores bolivianos votaram claramente contra um quarto mandato presidencial. Na época, o presidente, que tem 57 anos e governa o país desde 2006, admitiu a derrota. Mas agora o líder do partido Movimiento al Socialismo (MAS) anunciou planos de concorrer novamente em 2019, apesar da proibição constitucional.
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Retorno de um banqueiro
Surpresa no Peru: com maioria apertada, o ex-chefe do Banco Central do país e economista do Banco Mundial, Pedro Pablo Kuczynski, venceu em 5 de junho as eleições presidenciais. Keiko Fujimori – filha do ex-presidente Alberto Fujimori, atualmente atrás de grades – era considerada a favorita. Mas o temor de uma guinada para a direita foi aparentemente maior do que o receio do neoliberalismo.
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Alemanha pede desculpas ao Chile
O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, quebrou seu silêncio durante seu encontro com a líder do Chile, Michelle Bachelet. Ele se desculpou pela má conduta da diplomacia alemã no caso da Colonia Dignidad. Durante a ditadura de Augusto Pinochet, o assentamento fundado pelo alemão Paul Schäfer serviu de centro de tortura para a polícia secreta. Contudo Gauck rechaçou uma indenização às vítimas.
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O mundo visita o Rio de Janeiro
Foi um festival de superlativos: os Jogos do Rio, de 5 a 21 de agosto, contaram com a participação de 10 mil atletas e um público de 500 mil espectadores. O maior evento esportivo do mundo foi poupado de ataques terroristas, mau tempo, epidemias e criminalidade. No entanto, um caso de corrupção envolvendo um dirigente do Comitê Olímpico Internacional causou, mais uma vez, repercussão negativa.
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Favorito da multidão na Rio 2016
O nove vezes medalhista de ouro Usain Bolt foi o queridinho do público e ídolo no país anfitrião dos Jogos. No Rio, o velocista jamaicano de 1,95 metro de altura quebrou seus próprios recordes. Ele concluiu a prova de 100 metros em 9,81 segundos, tornando-se assim o primeiro atleta a vencer pela terceira vez consecutiva essa modalidade nos Jogos Olímpicos.
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Impeachment controverso
Ela não foi somente a primeira mulher presidente do Brasil, mas também a primeira líder do país a ser afastada do cargo – já que Fernando Collor anunciou a renúncia antes de seu julgamento no Senado. Em 31 de agosto, os senadores aprovaram com os dois terços necessários a destituição da chefe de governo, de 70 anos. Até hoje o impeachment divide a sociedade brasileira.
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Um milagre acontece: após 50 anos de guerra civil, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o chefe das Forças Armardas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño, assinaram em 26 de setembro, em Havana, um acordo de paz histórico. A guerra civil causou o deslocamento de 7 milhões de habitantes e a morte de mais de 200 mil no país.
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Colombianos dizem "não"
Apesar da assinatura, no referendo de 2 de outubro os colombianos rejeitaram, por margem estreita, o acordo de paz entre o governo e as Farc. O presidente Juan Manuel Santos renegociou e apresentou um novo acordo, aprovado pelo Congresso em 1º de dezembro. Por seus esforços, ele foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.
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População venezuelana sofre
A Venezuela à beira do abismo: fome, pobreza e medo se alastram no país que possui as maiores reservas de petróleo do mundo. A má gestão e a queda do preço do barril de petróleo levaram a uma grave crise econômica. Faltam gêneros básicos, remédios e energia elétrica. A inflação já ultrapassou 700% em 2016. Quem tem condições, abandona o país.
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Trump? Nem pensar!
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Tragédia na Colômbia
Ao se aproximar do aeroporto de Medellín, um avião da companhia aérea boliviana LaMia caiu em 28 de novembro, por falta de combustível. Dos 71 mortos, 19 eram jogadores do time de futebol Chapecoense, que jogaria na final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional da Colômbia. O acidente provocou consternação em todo mundo; o time brasileiro foi declarado vencedor do torneio.
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Haitianos vão às urnas
Após várias tentativas fracassadas, dessa vez as eleições levara a um resultado no Haiti. Em 20 de novembro, uma maioria de 55,7% escolheu como chefe de Estado o dono de plantações de banana Jovenel Moise, de 48 anos. O índice de abstenções, porém, foi enorme: dos 6,2 milhões de eleitores, apenas 1,3 milhão compareceram às urnas.
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Despedida de Fidel Castro
Cuba perde seu "Comandante": com a morte de Fidel Castro, em 25 de novembro, chega ao fim uma era política no país insular. O revolucionário, chefe de governo, presidente e líder do Partido Comunista cubano foi a figura de proa da esquerda mundial. Sua oposição aos EUA e o embargo imposto por Washington transformaram Cuba num símbolo da Guerra Fria.