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Jornalista alemão é libertado na Venezuela

19 de março de 2019

Billy Six, que trabalha para veículos conservadores alemães, passou quatro meses detido sob acusações de espionagem e rebelião. Ele acusa o governo alemão de não ajudá-lo em razão se suas posições políticas.

O jornalista alemão Billy Six retorna à Alemanha após quatro meses preso na Venezuela
O jornalista alemão Billy Six retorna à Alemanha após quatro meses preso na VenezuelaFoto: picture-alliance/dpa/M. Skolimowska

O jornalista alemão Billy Six retornou à Alemanha nesta segunda-feira (18/03) após passar quatro meses preso na Venezuela acusado de espionagem, rebelião e violações das leis de segurança nacional.

Logo após sua chegada a Berlim e pouco antes de continuar a viagem a Frankfurt, Six fez sérias críticas ao governo de seu país em entrevista ao portal da revista conservadora de direita Junge Freiheit, para a qual trabalha.

"A embaixada alemã e o governo federal queriam me ver enterrado vivo e morto", acusou. "Não me ajudaram em nada." Ele afirmou que sequer providenciaram alimentação adequada em sua viagem de retorno ao país, recebendo apenas duas barras de cereal.

Six, de 32 anos, acusou o governo de fracassar em ajudá-lo em razão de seu posicionamento político, afirmação que já havia sido feita por seu pai e o pelo partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que vinha exigindo sua libertação.

A acusação foi rejeitada pelo Ministério alemão do Exterior, que assegurou que todos os serviços consulares foram prestados ao jornalista e que funcionários da embaixada em Caracas o visitaram em ao menos quatro ocasiões, o que o próprio jornalista acabaria admitindo. Segundo o órgão, essa intermediação teria resultado na libertação de Six após quatro meses de detenção.

Mesmo assim, seu pai, Edward Six, afirmou à DW no aeroporto de Berlim que iria processar o governo da Alemanha pelo que ele vê como fracasso em fornecer assistência a seu filho. Segundo afirmou, sua libertação se deve, em grande parte, ao ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, que teria intercedido junto ao governo venezuelano.

Six afirmou que esperava algum tipo de condenação oficial, como a que o governo fez no caso do jornalista alemão de origem turca Denis Yücel, que esteve preso por pouco mais de um ano na Turquia.

A diferença, porém, é que Yücel possuía visto para trabalhar como jornalista em solo turco. Six, por sua vez, disse que nunca chegou a pedir a autorização por achar que isso o impediria de contar a realidade do que estava ocorrendo na Venezuela, afirmando que desconhecia o risco que corria.

O jornalista, que trabalha como correspondente também para o veículo conservador Deutschlands-Magazin, foi preso no dia 17 de novembro, e ficou mantido sob custódia na sede da inteligência venezuelana no edifício El Helicoide, em Caracas.

O governo venezuelano o acusou de exceder os limites de segurança durante um discurso do presidente Nicolás Maduro em maio de 2018, e o processou por espionagem e rebelião, crimes que podem resultar em penas de até 28 anos de prisão. Ele também foi acusado de ter se encontrado com membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Segundo o Junge Freiheit, ele foi mantido em regime solitário. O jornalista afirmou que a organização de direitos humanos venezuelana Espacio Publico o alertou de que havia forças na Venezuela que queriam assassiná-lo.

O alemão reclamou diversas vezes do tratamento que recebeu e chegou a realizar uma greve de fome no mês de dezembro. Ele teve negado o acesso aos exames médicos pelos quais passou em outubro, após sofrer uma infecção de dengue.

A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) denunciou a falta de provas sobre as acusações que pesavam contra o jornalista e pediu sua libertação. Six também trabalhou em zonas de guerra como a Líbia e a Síria, onde também foi preso em 2012 acusado de entrar ilegalmente no país e de terrorismo.

A AfD expressou "contentamento e alívio" com a libertação do jornalista, que jamais escondeu suas tendências direitistas. O partido acusa o governo federal de não fornecer ajuda suficiente ao jornalista em razão de suas posições políticas.

As duas publicações para as quais trabalha são notoriamente conservadoras. Quando adolescente, ele aderiu à União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, mas acabaria se distanciando do partido. Mais tarde, ele criticaria as mudanças na postura da legenda, que adotou um posicionamento de centro-direita.

RC/dpa/dw

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