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Jornalista da Al Jazeera é preso na Alemanha

20 de junho de 2015

Polícia alemã detém Ahmed Mansour em Berlim, seguindo mandado expedido pelo Egito. Cairo acusa o apresentador do canal árabe de "torturar um advogado em 2011 na Praça Tahir". Ele nega e critica governo alemão e Interpol.

Foto: picture-alliance/dpa/ Hbf/D. Tatic

A Polícia Federal alemã comunicou, neste sábado (20/06), que prendeu um jornalista da emissora árabe Al Jazeera no aeroporto de Tegel, em Berlim, seguindo um mandado internacional expedido pelo Egito.

Ahmed Mansour, que possui tanto a cidadania egípcia como a britânica, é apresentador de um programa de entrevistas no canal árabe da Al Jazeera e estava com viagem agendada para Doha, no Catar. "Ainda estou preso no aeroporto de Berlim, esperando ser levado a um juiz investigativo" escreveu o jornalista de 52 anos em sua conta pessoal no Twitter.

Autoridades alemãs não especificaram sob quais acusações o jornalista foi detido, explicando apenas que no mandado de apreensão consta que Mansour é procurado por "vários crimes", sem dar maiores detalhes.

Em comunicado, a Al Jazeera disse que Mansour contou via telefone que ficará sob custódia na Alemanha até segunda-feira, quando um juiz alemão decidirá sobre o caso. A emissora, baseada em Doha, afirmou que um tribunal egípcio condenou o jornalista à revelia em 2014 a 15 anos de prisão por "torturar um advogado em 2011 na Praça Tahir", no Cairo, o epicentro da revolta que derrubou o então presidente Hosni Mubarak.

Segundo a emissora, Mansour negou as acusações e as classificou como absurdas. "É completamente ridículo que um país como a Alemanha cumpra e apoie um pedido formulado por um regime ditatorial como o que temos no Egito", disse Mansour, em citações no comunicado da Al Jazeera.

"A própria Interpol limpou meu nome com este documento que tenho em minhas mãos", garantiu Mansour. A Al Jazeera disse ainda que o jornalista tem sido "alvo de mais de 150 acusações falsas e queixas por parte das autoridades egípcias".

"A questão agora é como o governo alemão e a Interpol se tornaram instrumentos nas mãos de um regime sanguinário no Egito, que chegou ao poder através de um golpe, e é liderado pelo terrorista [presidente] Abdel Fattah al-Sisi", escreveu Mansour no Twitter.

O presidente egípcio visitou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, em Berlim no início do mês. Grupos de direitos humanos pediram a Merkel para pressioná-lo a acabar com "a mais grave crise de direitos humanos no Egito em décadas".

Também jornalistas da Al Jazeera, Mohamed Fahmy e Mohamed Baher enfrentam julgamento no EgitoFoto: picture-alliance/dpa/K. Elfiqi

Outro fator preponderante, é que Cairo havia acusado o Catar – país onde fica a sede da Al Jazeera – de apoiar a Irmandade Muçulmana, da qual fazia parte o ex-presidente Mohammed Morsi. O movimento foi banido por Sisi em 2013, quando o chefe militar se tornou presidente do Egito.

Em fevereiro, o Egito libertou o jornalista australiano da Al Jazeera, Peter Greste, depois de 400 dias na prisão sob a acusação de ajudar a Irmandade Muçulmana.

Dois outros jornalistas da emissora, o egípcio Mohamed Baher e o naturalizado canadense Mohamed Fahmy, foram soltos sob fiança em fevereiro. Ambos aguardam um novo julgamento, marcado para 25 de junho.

PV/dpa/rtr/afp

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