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Jornalista da Al Jazeera desembarca no Catar

24 de junho de 2015

Três dias após detenção em aeroporto de Berlim, Ahmed Mansour consegue chegar a Doha. Ele lamenta a "manipulação de alguns membros do governo alemão", mas agradece por sua soltura.

Deutschland Ahmed Mansur PK in Berlin nach der Freilassung
Foto: Getty Images/AFP/J. Macdougall

O jornalista da emissora árabe Al Jazeera Ahmed Mansour desembarcou em Doha, no Catar, nesta terça-feira (23/06), um dia após ter sido libertado pelas autoridades da Alemanha. Mansour passou dois dias preso em Berlim devido a um mandado internacional, expedido pelo Egito, em um caso considerado controverso.

"Lamento o fato de o governo egípcio ter sido capaz de manipular alguns membros do governo alemão", declarou Mansour nesta terça-feira em uma entrevista coletiva, ainda na Alemanha. Ele afirmou temer que o presidente egípcio, Abdel-Fattah al-Sisi, tenha conseguido exportar "parte de sua ditadura, sua repressão e violações para a Alemanha".

O jornalista especulou se sua detenção, considerada por ele uma "prisão política", estaria relacionada ao encontro bilateral o presidente egípcio e a chanceler federal, Angela Merkel, há três semanas.

No entanto, ele agradeceu ao governo alemão e aos juízes que determinaram sua soltura, afirmando que esta é uma "clara mensagem de que a Alemanha está comprometida em honrar e fomentar a liberdade de expressão". Na segunda-feira, autoridades alemãs reconheceram ser pouco provável que o jornalista passe por um julgamento imparcial no Egito e ele acabou sendo solto.

Mansour, que possui tanto a cidadania egípcia como a britânica, é apresentador de um programa de entrevistas no canal árabe da Al Jazeera e seguia para Doha, sede da emissora, quando foi preso. Segundo autoridades alemãs, no mandado de apreensão constava que Mansour era procurado por "vários crimes".

Segundo o advogado do jornalista, um tribunal egípcio condenou o jornalista à revelia em 2014 a 15 anos de prisão por "torturar um advogado em 2011 na Praça Tahir", no Cairo, o epicentro da revolta que derrubou o então presidente Hosni Mubarak. O jornalista, porém, nega as acusações.

O Cairo considera que a Al Jazeera apoia a Irmandade Muçulmana, da qual fazia parte o ex-presidente Mohammed Morsi. O movimento foi banido e considerado organização terrorista por Sisi em 2013, quando o chefe militar tornou-se presidente do Egito.

Em fevereiro, o Egito libertou o jornalista australiano da Al Jazeera Peter Greste depois de 400 dias na prisão sob a acusação de ajudar a Irmandade Muçulmana.

MSB/dpa/afp