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CriminalidadeHolanda

Jornalista investigativo é alvo de atentado em Amsterdã

7 de julho de 2021

Peter de Vries, famoso por reportagens sobre criminalidade, foi alvejado no centro da capital holandesa e está em estado grave. Entidades e políticos falam em ataque à liberdade de imprensa e aos valores europeus.

Peter R. de Vries
De Vries é frequentemente alvo de ameaças de criminososFoto: Remko de Waal/ANP/picture alliance

Um jornalista holandês especializado em crime organizado, Peter R. de Vries, de 64 anos, foi baleado na cabeça no meio de uma rua no centro de Amsterdã, na Holanda, na noite desta terça-feira (06/07) e está hospitalizado em estado grave.

Segundo a polícia, ele foi vítima de vários disparos a curta distância. Testemunhas disseram à imprensa local que o jornalista levou cinco tiros, incluindo um na cabeça.

Horas depois, três pessoas foram detidas por suspeita de envolvimento no crime. Entre elas estaria o atirador.

O atentado ocorreu por volta das 19h30 (horário local) na Lange Leidsedwarsstraat, uma rua no centro de Amsterdã, perto dos estúdios da emissora de televisão RTL, onde De Vries acabara de participar de um programa de TV.

De Vries é alvo frequente de ameaças de criminosos. A polícia não confirmou se ele estava sob proteção policial.

Policiais isolam rua onde De Vries foi alvo de atentadoFoto: Evert Elzinga/ANP/picture alliance

Reações na Europa

A prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, disse que foi um ataque cruel e que o jornalista está em condições críticas no hospital. O rei Willem-Alexander e a rainha Máxima disseram que ficaram chocados e que os jornalistas devem ser livres para exercer o trabalho deles sem ameaças.

A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e a Federação Europeia dos Jornalistas (FEJ) denunciaram "um novo golpe trágico contra a liberdade de imprensa na Europa" e pediram uma investigação imediata para levar os culpados à Justiça.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) também expressaram solidariedade com o jornalista e pediram às autoridades holandesas que encontrem o quanto antes os responsáveis pelo ataque.

Em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condenou o ataque e ressaltou a importância de uma imprensa livre.

"Trata-se de um crime contra o jornalismo e um ataque aos nossos valores de democracia e Estado de direito. Vamos continuar a defender incansavelmente a liberdade de imprensa", escreveu no Twitter.

O prefeito de Berlim, Michael Müller, se declarou chocado com o atentado e disse que o caso mostra que também no meio da Europa jornalistas correm risco ao exercerem sua profissão. Segundo ele, a sociedade não deve reagir impassível, e a imprensa livre é fundamental para a sociedade democrática.

O governo alemão condenou o atentado e disse que, se for provado que De Vries foi alvejado por causa de seu trabalho, então se trata de um claro e inaceitável ataque à liberdade de imprensa. 

Muitos inimigos

De Vries é um jornalista conhecido na Holanda devido às suas investigações sobre o crime organizado e costuma aconselhar testemunhas em processos judiciais. Ele estava assessorando um ex-criminoso que está testemunhando contra um dos principais traficantes de drogas da Holanda, Ridouan Taghi.

O jornalista já cobriu vários casos famosos, incluindo o sequestro do magnata cervejeiro Freddy Heineken, em 1983. O sequestrador mais tarde fez ameaças a De Vries, que reportou o caso à polícia.

Em entrevista à DW, o jornalista holandês Michel Kerres, do jornal NRC, de Roterdã, afirmou que De Vries tinha muito inimigos por causa de suas reportagens investigativas.

"Sabemos que ele é um conselheiro de uma testemunha-chave da acusação naquele que é provavelmente o maior processo por tráfico de drogas nas cortes holandesas neste momento", disse.

"Claro que não se sabe se o que aconteceu está relacionado a isso. Ele está envolvido com todos os principais crimes na Holanda na última década. Ele tem um monte de inimigos."

"Foi um grande choque na noite passada. Ele é o jornalista mais conhecido da Holanda", declarou.

as/lf (Lusa, Reuters, AP, AFP)

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