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Jornalista libertada na Turquia volta para Alemanha

26 de agosto de 2018

Natural de Ulm, tradutora vivia em Istambul com marido e filho. Após ser presa por "pertencer a organização terrorista", Mesale Tolu obteve liberdade condicional e permissão de viagem, mas ainda vai a julgamento.

Mesale Tolu wieder in Deutschland - Pressekonferenz
Mesale Tolu em coletiva de imprensa após chegada à AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/C. Schmidt

A jornalista e tradutora turco-alemã Mesale Tolu chegou ao aeroporto de Stuttgart neste domingo (26/08), poucos dias depois de ter sido divulgado que um tribunal turco havia aceitado o pedido para que ela deixasse o país.

Tolu chegou à Alemanha com seu filho de quase quatro anos. Mais cedo, ainda no aeroporto de Istambul, ela havia postado no Twitter: "Depois de 17 meses, estou indo para casa".

Em maio de 2017, a jornalista de 33 anos havia sido presa por supostamente produzir "propaganda terrorista", quando trabalhava para a agência de notícias com viés de esquerda Etkin Haber Ajansi (ETHA). Ela também foi acusada de ser "membro de uma organização terrorista" – o Partido Comunista Marxista-Leninista (MLKP), uma legenda proibida na Turquia.

Embora ela tenha sido libertada de prisão preventiva em dezembro último, Tolu foi impedida de deixar a Turquia e obrigada a se apresentar às autoridades em intervalos regulares. Seu marido, Suat Corlu, que junto a outros 16 acusados enfrenta acusações semelhantes, ainda tem que permanecer na Turquia.

Falando em coletiva de imprensa logo após chegar a Stuttgart, Tolu disse que tinha sentimentos mistos sobre o retorno à Alemanha, porque centenas de repórteres, oposicionistas, advogados e estudantes ainda estão presos na Turquia.

"É por isso que não estou muito feliz em partir, porque sei que nada mudou no país onde fui presa", disse Tolu. Ela acrescentou que continuará lutando por pessoas que foram presas na Turquia por motivos políticos.

Quando indagada se ela sabia por que seu pedido para deixar a Turquia havia sido aprovado, Tolu disse que não estava ciente de quaisquer acordos diplomáticos para abolir sua proibição de viagem.

Ela também pediu à chanceler federal alemã, Angela Merkel, e ao ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, que tematizem as violações aos direitos humanos que ocorrem na Turquia durante a planejada visita do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, à Alemanha em setembro.

A próxima audiência no julgamento de Tolu será em 16 de outubro, de acordo com seu pai, Ali Riza Tolu. Ele disse que sua filha iria definitivamente viajar para a Turquia novamente, desde que ela seja autorizada a entrar.

O caso de Tolu foi um dos muitos que azedaram as relações entre a Alemanha e a Turquia nos últimos três anos.

O ministro Maas disse na semana passada que ao menos outros sete alemães estão sendo detidos "por razões politicamente motivadas e incompreensíveis para nós."

A Alemanha criticou fortemente a repressão do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a dissidentes, especialmente desde o fracasso do golpe de julho de 2016.

CA/ap/dpa/afp/dw

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