Nomes conhecidos da imprensa grega concorrem às eleições parlamentares no próximo domingo, num reflexo da tradicional e estreita ligação entre mídia e política no país.
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A lista de candidatos às eleições parlamentares na Grécia pode ser lida como um "quem é quem" do jornalismo grego. Yannis Michelakis, ex-diretor-geral da popular emissora de TV Antenna, concorre pelo partido conservador governista Nova Democracia e já chegou a ser ministro do Interior. Nykos Xydakis, um dos mais renomados colunistas gregos, está se candidatando pelo esquerdista Syriza.
Pantelis Kapsis, ex-chefe do Ta Nea, o jornal de maior circulação de Atenas, está do lado dos social-democratas do Pasok. O apresentador Terence Quick dá o tom entre os populistas de direita, enquanto o repórter de guerra Yannis Kanellakis encontrou sua pátria política no partido socialista do ex-premiê George Papandreou.
"Tradicionalmente, os jornalistas na Grécia mostram um alto nível de compromisso político, isso está enraizado em nossa mentalidade", afirma Maria Antoniadou, presidente do Esiea, o maior sindicato de jornalistas do país.
Antoniadou diz que indiferença diante da comunidade é algo inaceitável e que, nesse ponto, os jornalistas gregos se assemelham aos da França – onde, segundo ela, repórteres se veem como formadores de opinião, propensos a assumir posições em vez do papel secundário de observador. Ela mesma é um bom exemplo: antes de ser eleita para a chefia sindical, ganhou fama como repórter especializada em assuntos eclesiásticos.
Essa cultura de ingerência também é cultivada no próprio sindicato, que está comemorando o seu centenário e os pontos altos de seu compromisso político.
"Só para dar um exemplo: nós celebramos ainda hoje a coragem do antigo presidente do nosso sindicato, que protestou abertamente ao lado da Igreja Ortodoxa contra a perseguição de judeus durante a Segunda Guerra Mundial", lembra Antoniadou.
Política apoia a mídia
George Pilos, professor de Estudos Midiáticos na Universidade de Atenas, defende que o compromisso social não é a única razão para que jornalistas queiram entrar na política. Na Grécia, afirma, a discussão política acontece exclusivamente através da mídia e esse seria o principal motivo para que os jornalistas mudem frequentemente de lado.
No final, explica Pilos, os dois lados saem ganhando: "Quando os melhores jornalistas se candidatam ao Parlamento, eles se beneficiam do seu reconhecimento nacional. E os políticos que os nomearam também se beneficiam, já que seu partido recebe um montante maior de votos."
Além disso, a estreita ligação entre mídia e política é, no geral, bastante forte na Grécia. Afinal de contas, todos os meios de comunicação sobrevivem somente graças à publicidade estatal ou às boas condições de empréstimos, garantidos em última instância pela política.
É claro que essa relação estreita não existe somente na Grécia, mas esse também é o caso em todo o sul da Europa, constata Pilos, pesquisador de ética profissional do jornalismo.
Ele propõe um período de carência para os jornalistas que pretendem deixar a profissão. Dentro desse período de transição, eles não poderiam assumir nenhuma atividade política. Mas Pilos também reconhece: "Temo que esta proposta não seja realista, estamos muito longe disso."
A semana em imagens (de 19 a 25 de janeiro)
Veja os acontecimentos que marcaram o noticiário internacional.
Foto: Reuters/M. Brindicci
Vitória da oposição na Grécia
A vitória da aliança esquerdista Syriza nas eleições parlamentares da Grécia, realizadas neste domingo, é confirmada logo nos primeiros levantamentos após a votação. Entre as principais bandeiras do partido está a suspensão do programa de austeridade imposto em troca de ajuda financeira internacional ao país em crise. (25.01.2015)
Foto: Reuters/Y.Behrakis
Abraço de Obama e Modi
Presidente americano, Barack Obama, e primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, mostram sintonia em um simbólico abraço assim que o chefe de governo dos EUA desembarca em Nova Déli. Mais tarde, eles anunciariam acordo de cooperação nuclear e nas áreas de comércio e defesa. (25.01.2015)
Foto: picture-alliance/AP Photo
Alemanha coberta de neve
Uma frente fria cobriu de branco boa parte da Alemanha neste sábado. Por volta de meio-dia, cidades como Schleswig, no norte, Emden, na Baixa Saxônia, e Düsseldorf, na Renânia do Norte-Vestfália, já tinham acumulado 7 centímetros de neve. Até o fim da noite, preveem institutos de meteorologia, a neve deve chegar ao Lago Constança – extremo sul do país. (24.01.2015)
Foto: picture-alliance/dpa/Marcel Kusch
Morre rei saudita
O rei Abdullah da Arábia Saudita morreu vítima de uma pneumonia. O sucessor é o seu meio-irmão e príncipe herdeiro, Salman, que já exercia algumas funções do rei, internado em dezembro. Abdullah, que tinha mais de 90 anos, governou a Arábia Saudita desde 2005, mas era o governante de facto desde 1995, depois de seu antecessor, o rei Fahd (também um meio-irmão), ter sofrido um derrame. (23.01.2015)
Foto: Reuters/D. Martinez
BCE tenta aquecer zona do euro
Banco destina 60 bilhões de euros por mês para a compra de títulos públicos, na esperança de afastar a deflação da área de moeda única europeia. Programa deve ter início em março e durar pelo menos até setembro de 2016. Na foto, o presidente do BCE, Mario Draghi. (22.01.2015)
Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach
Pequeno orangotango encanta a Alemanha
Um filhote nascido no zoológico de Berlim no início da semana foi batizado de Rieke. O nome foi escolhido entre 600 propostas enviadas por leitores de dois jornais. O orangotango, que foi rejeitado pela mãe e está aos cuidados de funcionários do zoológico, mede 38 centímetros e pesa 1,8 quilo. (22.01.2015)
Foto: Zoo Berlin/dpa
Ataque a ponto de ônibus na Ucrânia
Poucas horas depois do encontro em Berlim para negociar um cessar-fogo na Ucrânia, um ataque próximo a um ponto de ônibus na cidade de Donetsk deixou pelo menos sete civis mortos e nove feridos, segundo as autoridades locais. (22.01.2015)
Foto: Reuters/Reuters TV
Líder do Pegida renuncia
Depois de a imprensa alemã divulgar uma foto em que ele aparece imitando Hitler, o líder do Pegida, Lutz Bachmann, renunciou ao posto. A foto, e denúncias de que Bachmann teria publicado ofensas a refugiados em sua página no Facebook, levaram promotores a abrir um inquérito contra ele por incitação ao ódio. (21.01.2015)
Foto: picture-alliance/dpa/M. Brandt
Obama em tom desafiador
Falando diante de um Congresso dominado pelos republicanos, presidente dos EUA, Barack Obama, destacou recuperação econômica e defendeu medidas que beneficiem a classe média, em detrimento das camadas mais ricas. Obama também pediu o fim do embargo econômico a Cuba. (21.01.2015)
Foto: Reuters
Nacionalidade francesa para Bathily
O muçulmano Lassana Bathily, que ajudou a salvar a vida de várias pessoas no atentado a um mercado judaico de Paris, em 9 de janeiro, recebeu a nacionalidade francesa das mãos do primeiro-ministro Manuel Valls e do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. "Estou muito feliz por ter a dupla nacionalidade", disse Bathily, que teve um pedido recusado em 2011. (20.01.2015)
Foto: picture alliance/AP Photo
Dilma veta correção na tabela do IR
A presidente Dilma Rousseff não aprovou a correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda para pessoas físicas, argumentando que "levaria à renúncia fiscal na ordem de 7 bilhões de reais". (20.01.2015)
Foto: Reuters/P. Whitaker
China registra pior crescimento desde 1990
A segunda maior economia do mundo cresceu 7,4% em 2014, menos do que a meta estabelecida pelo governo e do que no ano anterior. Economistas e FMI preveem nova desaceleração em 2015. (20.01.2015)
Foto: AFP/Getty Images/J. Eisele
Protesto contra "Charlie Hebdo" na Chechênia
Patrocinada pelo governo, manifestação contra a publicação de caricaturas de Maomé pelo jornal satírico francês reúne 800 mil pessoas na capital Grózni. (19.01.2015)
Foto: Reuters/E. Korniyenko
Guiné reabre escolas
Com a diminuição de casos de ebola, governo retoma aulas depois de dez meses e adota diretrizes para proteger estudantes. No fim de semana, vizinho Mali foi declarado livre da doença. (19.01.2015)
Foto: AFP/Getty Images/C. Binani
Desigualdade social
Segundo relatório da Oxfam, a riqueza acumulada de 1% da população mundial vai superar a dos outros 99% em 2016. Hoje, para cerca de 80% da população já restam apenas 6% da fortuna global, e 1 bilhão de pessoas vive com 3 reais por dia. (19.01.2015)
Procurador que denunciou Cristina Kirchner é encontrado morto
Alberto Nisman havia acusado, na semana passada, a presidente argentina de favorecer suspeitos iranianos de ataque a centro judaico com o objetivo de se aproximar de Teerã. Causa da morte ainda é desconhecida. (19.01.2015)