Mulher foi acusada de adultério por Talibã. Vídeo divulgado em redes sociais mostra assassinato. Ativistas de direitos humanos condenam violência contra a mulher no país.
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Uma jovem foi apedrejada até a morte em uma província do Afeganistão controlada pelo Talibã, confirmaram autoridades afegãs nesta terça-feira (03/11). A mulher foi acusada de adultério. O apedrejamento foi filmado e o vídeo divulgado em redes sociais.
O assassinato aconteceu há cerca de uma semana em Ghalim, em uma região montanhosa e desértica da província de Ghor. No vídeo de 30 segundos, é possível ver a jovem em um buraco no chão, apenas com a cabeça de fora, enquanto um homem vestido de preto pega uma pedra e atira em sua direção. O gesto é seguido por outros três indivíduos.
A mulher, chamada pelas autoridades de Rokhsahana, tinha cerca de 20 anos. Nas imagens, ela aparece recitando a chahada, profissão de fé muçulmana. A jovem teria sido apedrejada em uma reunião de líderes locais do Talibã.
De acordo com as autoridades, Rokhsahana foi obrigada, por sua família, a se casar contra a sua vontade. A jovem foi pega tentando fugir com outro homem. A governadora de Ghor, Sima Joyenda, condenou o assassinato e pediu ao governo federal que "liberte" a região do controle dos Talibãs.
O apedrejamento foi condenado também por ativistas de direitos humanos. "É inacreditável que o governo afegão permita esse tipo de ato", afirmou Maryam Muhammadi, ativista de Cabul.
Apesar das reformas de 2001, a violência contra a mulher ainda é bastante presente em todo o país. Em março, uma jovem de 27 anos, falsamente acusada de queimar um exemplar do Alcorão, foi linchada em Cabul. O assassinato provocou uma onda de protestos contra o extremismo religioso na capital e apelos pela proteção dos direitos das mulheres no Afeganistão.
CN/lusa/dpa/afp
O Afeganistão moderno está no passado
O regime do Talibã reprime os direitos humanos, sobretudo das mulheres, na sociedade afegã, dominada pelos homens. Mas houve um tempo em que as mulheres circulavam livremente - e se vestiam como bem entendiam.
Foto: picture-alliance/dpa
Médicas aspirantes
Esta foto, tirada em 1962, mostra duas estudantes de medicina da Universidade de Cabul, ouvindo a professora enquanto examinam uma peça de gesso que representa uma parte do corpo humano. Naquele tempo, mulheres tinham um papel ativo na sociedade. Tinham acesso à educação e podiam trabalhar fora de casa.
Foto: Getty Images/AFP
Estilo nas ruas de Cabul
As fotos mostram duas jovens vestidas ao estilo ocidental, em 1962, do lado de fora do prédio da Rádio Cabul, na capital do país. Hoje em dia, com os fundamentalistas talibãs no poder, as mulheres são obrigadas a usar a burca, cobrindo o corpo totalmente quando estivessem em público.
Foto: picture-alliance/dpa
Direitos nem sempre iguais
Em meados de 1970, era comum ver estudantes do sexo feminino nas instituições de ensino afegãs - como a Universidade Politécnica de Cabul. Mas 20 anos depois, o acesso das mulheres à educação no país foi completamente bloqueado. Isso mudou apenas no fim do primeiro regime talibã, em 2001. Por duas décadas, as mulheres puderam estudar - até os fundamentalistas voltarem ao poder, em 2021.
Foto: Getty Images/Hulton Archive/Zh. Angelov
Informática na juventude
Nesta foto, uma instrutora soviética dá aula de informática para estudantes do Instituto Politécnico de Cabul. Durante os anos de ocupação soviética no Afeganistão, de 1979 a 1989, a cena era comum em diversas universidades do país.
Foto: Getty Images/AFP
Encontro de estudantes
Esta foto de 1981 mostra um encontro informal de estudantes em Cabul. Em 1979, a invasão soviética levou o Afeganistão a dez anos de guerra. Quando os soviéticos se retiraram, a guerra civil tomou conta do país e terminou com a ascensão do Talibã ao poder, em 1996.
Foto: Getty Images/AFP
Escola para todos
A foto mostra moças afegãs do ensino médio em Cabul no tempo da ocupação soviética. Durante o regime talibã, instaurado poucos anos depois, meninas foram barradas das escolas e tiveram acesso à educação negado. Elas também foram proibidas de trabalhar fora de casa.
Foto: Getty Images/AFP
Sociedade de duas classes
Nesta foto tirada em 1981, uma mulher com o rosto à mostra, sem lenço, pode ser vista com suas crianças. Cenas como essas se tornaram raras. Mesmo após 15 anos da queda do regime talibã, mulheres continuam lutando por igualdade em uma sociedade dominada pelos homens. Por exemplo, existe apenas uma motorista de taxi em todo o país.