Ao vivo na televisão, jovem questiona chanceler sobre lei que permite aborto tardio de fetos com síndrome de Down. "Por quê? Eu não quero ser abortada, mas ficar no mundo."
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A chanceler federal Angela Merkel passou por um dos momentos emocionalmente mais intensos desta campanha eleitoral alemã nesta segunda-feira (11/09), durante uma entrevista transmitida ao vivo pela emissora de televisão ARD.
Merkel respondia a questões da plateia quando uma jovem de 18 anos pediu a palavra para questionar a chanceler sobre o aborto tardio de fetos com síndrome de Down.
"Sra. Merkel, a senhora é uma política, a senhora faz as leis. Nove em cada dez bebês com síndrome de Down não nascem na Alemanha. Eles são abortados. Um bebê com síndrome de Down pode ser abortado até poucos dias antes do nascimento. Por quê? Eu não quero ser abortada, eu quero ficar no mundo", perguntou a jovem, chamada Natalie.
Foi sem dúvida o momento mais marcante dos 75 minutos de duração do programa. Natalie tem a síndrome de Down.
Merkel ficou visivelmente comovida com a pergunta. "Acho ótimo que você levante essa questão", disse, depois dos aplausos da plateia. Ela afirmou que os partidos conservadores lutaram para que haja ao menos uma obrigatoriedade de orientação profissional à mãe que deseja fazer um aborto tardio e um período de três dias de reflexão após a orientação.
"E infelizmente preciso dizer que foi extremamente difícil conseguir uma maioria parlamentar para isso, pois se argumentou que se trata de uma decisão pessoal dos pais e em especial da mãe", disse Merkel. "Mas quando vejo que pessoa incrível você é, então tenho que dizer que foi a coisa certa termos abordado isso."
Merkel disse que muitos pais têm medo de ter um filho com síndrome de Down e desconhecem as excelentes opções de apoio que existem na Alemanha para pessoas com necessidades especiais. "Há tanto potencial e capacidades em cada pessoa", comentou.
Por fim, Merkel perguntou a Natalie o que ela faz. A jovem respondeu que trabalha num café da organização humanitária católica Caritas em Colônia. "Muito bem", disse a chanceler. "Quem sabe um dia eu passo por lá."
RC/dpa/kna
Cartazes eleitorais na Alemanha
Personalizados, coloridos ou controversos: os rostos dos candidatos à eleição para chefe do governo já estão nas ruas. Veja aqui como os principais partidos do país apresentam seus protagonistas.
Foto: picture alliance/dpa/B.Pedersen
Patriotismo puro
Duas séries de motivos, 22 mil cartazes e orçamento de 20 milhões de euros: é assim a campanha publicitária da CDU, partido de Merkel. "Por uma Alemanha em que vivamos bem e com gosto" - a legenda se mostra patriótica com as cores nacionais da Alemanha em sua propaganda de rua. Os temas eleitorais da União Democrata Cristã são segurança, família e emprego.
Foto: picture alliance/dpa/B.Pedersen
Cidadãos em foco
"O futuro precisa de novas ideias. E de alguém que as implemente" - em seus cartazes, o Partido Social-Democrata (SPD) enfoca temas como educação, aposentadoria, investimento e igualdade salarial. Somente num segundo momento, o foco deverá recair sobre o candidato Martin Schulz, grande rival de Merkel. O SPD promete surpresas no final de sua campanha, que deverá custar 24 milhões de euros.
A campanha é ele
"Impaciência também é uma virtude" – o Partido Liberal Democrático (FDP) vai gastar mais de 5 milhões de euros em publicidade com foco sobretudo numa só pessoa: Christian Lindner. O líder partidário é retratado sorrindo, com look casual ou barba de três dias. "Denken wir neu", "vamos repensar", é o slogan com que pretendem concorrer às eleições. Longos textos acompanham Lindner nos cartazes.
Por isso, verde
"O meio ambiente não é tudo. Mas sem meio ambiente tudo é nada". Desta vez, os verdes apostam em texto em letras garrafais diante de um motivo simbólico. O partido continua fiel a seus temas. O foco recai sobre tópicos clássicos como meio ambiente ou integração. "Darum grün" ("Por isso, verde") é o lema de campanha. Em todos os cartazes, pode-se ver o girassol amarelo como motivo principal.
Populismo
"Burcas? Nós gostamos de biquínis" - os cartazes do partido populista de direita Alternativa para Alemanha (AfD) provocaram discussões. Seu lema: "Trau Dich, Deutschland!" (Confie em você, Alemanha!"). E, confiantes, eles provocam, pois os textos nos cartazes visam ao isolamento, sobretudo em relação ao islã.
Sem rosto
"Imposto sobre milionários, mais dinheiro para creches e escolas". Letras brancas junto ao vermelho simbólico do partido: o partido A Esquerda continua fiel a seu estilo, dispensando, desta vez, mostrar rostos em seus cartazes. Sob o lema "Sem vontade para mesmice", a legenda enfoca três temas principais: aluguéis acessíveis, aposentadorias mais justas e fim da exportação de armas.
Nem tão sério
Ajustar os salários de executivos ao tamanho do sutiã e conter a elevação do preço da cerveja. Tais reivindicações estão no programa do "Die Partei" ("O Partido"). Os seus cartazes são acima de tudo irônicos (na foto, "Não faça merda com sua cruz"), bem ao estilo de seus fundadores, redatores da revista satírica "Titanic". Seu candidato à Chancelaria Federal é o comediante Serdar Somuncu.