Jovens ativistas voltam às ruas para protestar pelo clima
25 de setembro de 2020
Após meses de pausa forçada por causa da pandemia, movimento iniciado por Greta Thunberg volta a organizar manifestações em dezenas de países para exigir ações para conter as mudanças climáticas.
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Manifestações pedindo ações políticas concretas contra as mudanças climáticas ocorreram em todo o mundo nesta sexta-feira (25/09) como parte da mobilização mundial iniciada pelo movimento Greve pelo Futuro (Fridays for Future).
Essa é a primeira manifestação internacional organizada pelo movimento desde o início da pandemia de covid-19. Em abril, uma mobilização global acabou sendo cancelada por causa do coronavírus. Nos últimos meses o movimento vinha mantendo apenas atos online, mas agora está de volta às ruas.
De acordo com os organizadores, mais de 3 mil "greves climáticas" – inspiradas pelo ativismo da estudante sueca Greta Thunberg estavam previstas nesta sexta-feira. Manifestações foram registradas na Austrália, Japão, Bangladesh, Áustria, Filipinas, Portugal, Polônia e Alemanha.
"Temos que tratar a crise climática como uma crise"
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Na Alemanha, protestos estavam previstos em 400 cidades. No entanto, esta 6º edição Greve Global pelo Clima, como foi batizada, teve um comparecimento menor nas cidades alemãs do que em edições anteriores por causa da pandemia e restrições impostas pelas autoridades para desestimular grandes eventos de massa.
Em Berlim, o palco da greve foi o Portão de Brandemburgo, onde 10 mil manifestantes foram autorizados a protestar. Um comício em Munique foi cancelado devido ao alto número de infecções na cidade. Em Colônia, os organizadores estimaram a manifestação reuniu cerca de 7 mil pessoas. Em Bonn, cerca de 3 mil. Em Bremen, segundo a polícia, 2,2 mil pessoas participaram, apesar do mau tempo.
Em setembro de 2019, uma edição anterior da greve na Alemanha contou com a participação 1,4 milhão de pessoas – 270 mil apenas em Berlim.
Em Estocolmo, na Suécia, a ativista Thunberg juntou-se a várias dezenas de jovens manifestantes do lado de fora do parlamento sueco. Cerca de 80 protestos estavam previstos no país. O número de ativistas que aderiram ao protesto na Suécia foi limitado porque as autoridades proibiram reuniões de mais de 50 pessoas por causa da pandemia.
"Greve escolar semana 110", tuitou a jovem de 17 anos, que em 2018 ganhou notoriedade mundial ao começar a fazer protestos solitários em frente ao Parlamento sueco com um cartaz que propunha uma greve escolar pelo clima ("Skolstrejk för klimatet"). Em poucos meses, Greta se transformaria numa espécie de ícone adolescente do clima, e seu movimento acabaria motivando paralisações em mais de uma centena da países.
"A nossa principal esperança é, como sempre, tentar ter impacto no nível da consciência e da opinião pública para que as pessoas comecem a compreender a crise climática e para que aumentemos a pressão sobre quem tem o poder para que as coisas mudem", disse a jovem, rodeada por uma dezena de jovens ativistas nesta sexta-feira.
Já em Varsóvia, milhares de jovens marcharam em frente ao Parlamento polonês, usando máscaras e gritando slogans para exigir que a classe política tome providências para combater as mudanças climáticas. Na Áustria, os organizadores apontaram que 6 mil pessoas tomaram parte num protesto em Viena, que tinha como slogan "Máscaras no alto, emissões para baixo".
Na África, onde a mudança climática representa uma grande ameaça para milhões de pessoas, pequenos protestos foram realizados nas capitais de Uganda e África do Sul.
Um grupo de cerca de 20 jovens organizou um protesto pacífico em Kampala, segurando cartazes com os dizeres: "Vida no plástico não é fantástico". Na África do Sul, imagens em redes sociais mostraram manifestantes com máscaras protestando em Pretória.
JPS/afp/dpa
Dez ações contra as mudanças climáticas
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.