Jovens refugiados recorrem à prostituição na Alemanha
10 de abril de 2017
Estudo revela que cada vez mais imigrantes, sobretudo do sexo masculino, se prostituem em Berlim. Maioria dos encontros seriam organizados pela internet.
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Um estudo divulgado nesta segunda-feira (10/04) pela emissora alemã RBB, realizado junto a organizações humanitárias alemãs, revela que cada vez jovens refugiados que recorrem à prostituição em Berlim. Os dados revelam que sobretudo rapazes de origem afegã, paquistanesa e iraniana vêm aderindo ao trabalho sexual.
Segundo as organizações humanitárias, a causa do problema é muitas vezes a falta de apoio, pois após completarem 18 anos de idade, os imigrantes não têm mais acesso ao sistema de auxílio estatal a jovens refugiados. Alguns dos que se prostituem são menores de idade.
Segundo a RBB, a maioria dos encontros são arranjados por meio de fóruns online. O parque Tiergarten, na capital alemã, se tornou um ponto de referência para homens mais velhos em busca de serviços sexuais com adolescentes.
Diana Henniges, da organização Moabit Hilf, disse à emissora que já acompanhou vários casos de jovens afegãos de 16 ou 17 anos de idade que se prostituíram em diferentes locais de Berlim.
Falta de perspectivas
A presidente do partido A Esquerda em Berlim, Katina Schubert, diz que as "histórias horripilantes" de jovens refugiados que recorrem à prostituição certamente também ocorrem em outros lugares da Alemanha. "A política de integração do governo federal fracassou", afirma.
"Sem perspectivas, os jovens – não importando se vieram à Alemanha como migrantes ou não – acabam se colocando em situações ameaçadoras", diz. "Precisamos desesperadamente de mais pessoal e de acomodação para jovens desabrigados, além de programas que lhes propiciem uma chance de aprender alemão e ir à escola."
No ano passado, a Alemanha teve superávit de 253 bilhões de euros, o que equivale a 8,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Schubert diz que uma parcela maior desse dinheiro deve ser destinada com urgência às entidades de integração. "Caso contrário, milhares de menores de idade correm o risco de ter o mesmo destino desses jovens."
Ralf Rötten, presidente da organização de ajuda a garotos Hilfe für Jungs, diz que o problema é em grande parte causado pelas políticas de asilo e deportação do país, e não pela falta de acesso aos serviços sociais.
Sua organização envia pessoas para orientar os jovens refugiados no Tiergarten sobre aids e fornecer apoio. Mas, tirá-los de lá, não é tarefa fácil. "A maioria deles não tem permissão para frequentar aulas de alemão", afirma Rötten. "Eles não podem ir à escola ou trabalhar. Quais são as alternativas para esses jovens?"
RC/afp/kna/ots
Iniciativas a favor dos refugiados
Muitos alemães têm acolhido os refugiados e oferecido apoio a eles. Isso inclui também pessoas famosas, como o músico Udo Lindenberg e o ator Til Schweiger.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
"Aktion Arschloch"
Esta iniciativa criada por um professor de música tentou levar o antigo hino antinazista "Schrei nach Liebe" ("Grito por amor") de volta às paradas. A música havia sido lançada pela banda Die Ärtze em 1993 e, 22 anos depois, de fato voltou às paradas, chegando ao primeiro lugar. Tanto a banda como as lojas online querem doar o valor arrecadado à organização Pro Asyl, que se dedica a refugiados.
Foto: aktion-arschloch.de
"Agora seremos amigos"
O roqueiro Udo Lindenberg fez em Bremen um show para cerca de cem refugiados e voluntários que trabalham nos abrigos. Entre as músicas executadas está uma novidade, a canção "Wir werden jetzt Freunde" (Agora seremos amigos), cuja letra é uma calorosa recepção aos refugiados: "Venha, agora seremos amigos, esta é a tua casa, e ninguém vai te expulsar daqui", canta o velho roqueiro.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kastl
Curso de alemão
O ator Til Schweiger criou uma fundação – com seu próprio nome – para auxiliar os refugiados. Ela conta com diversos apoiadores, como o técnico da seleção alemã, Jogi Löw, o rapper Thomas D e o ator Jan Josef Liefers. Com a fundação, Schweiger quer apoiar um abrigo de refugiados em Osnabrück, por exemplo oferecendo cursos de alemão.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Roupas "Refugees Welcome"
O trio de rap e electropop Deichkind foi à cerimônia de entrega do prêmio de música alemã Echo, em marco, vestindo roupas com a frase "Refugees Welcome" ("Refugiados são bem-vindos"). Camisetas e moletons com a expressão são vendidos na loja online da banda, e os lucros são doados para a organização Pro Asyl.
Foto: Reuters/Michael Sohn
Instrumentos musicais
"Esporte e música são as coisas que as pessoas têm para tornar a sua vida mais alegre", afirmou o compositor Heinz Rudolf Kunze em entrevista ao jornal "Neue Presse". Ele fez um apelo às pessoas para que elas doem instrumentos musicais aos refugiados. "Essas pessoas tão humilhadas não precisam apenas de roupas e alimentos, elas também precisam de algo para se ocupar", afirmou.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weihs
Marcha para refugiados
A atriz Katja Riemann declarou ao jornal "Welt am Sonntag" que está planejando uma marcha em prol dos refugiados. Ela disse já estar em contato com a Anistia Internacional e a Pro Asyl. "Nós temos de voltar às ruas", ressaltou. "Não devemos deixá-las para os neonazistas ou para o Pegida."
Foto: picture-alliance/dpa/Wagner
"De saco cheio dos nazistas"
"O direito de asilo não é negociável, é um direito humano", afirma a campanha Kein Bock auf Nazis – expressão equivalente a "de saco cheio dos nazistas". A iniciativa conta com o apoio de 24 bandas e músicos alemães. Entre muitos outros estão nomes como Die Toten Hosen, Die Ärzte, Deichkind, Fettes Brot, Jan Delay, Tocotronic e Die Beatsteaks.