OMS: jovens saudáveis só deverão ser vacinados em 2022
15 de outubro de 2020
Cientista-chefe da entidade afirma que, embora um imunizante eficaz contra a covid-19 deva estar disponível já em 2021, grupos de risco terão prioridade na vacinação.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta quinta-feira (15/10) que jovens saudáveis possivelmente terão que esperar até 2022 para serem vacinados contra a covid-19, já que a produção inicial deverá ser destinada para grupos prioritários e de alto risco. A logística para a produção de bilhões de vacinas em um curto espaço de tempo é um desafio.
"As pessoas acham que no dia 1º de janeiro vai haver uma vacina e tudo vai voltar ao normal, mas não vai ser assim. Ninguém jamais produziu vacinas nos volumes que serão necessários. Então, em 2021, esperamos ter vacinas, mas em uma quantidade limitada", disse Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, em um vídeo com perguntas e respostas publicado nas redes sociais.
De acordo com ela, há um claro consenso de que os primeiros a serem vacinados deverão ser os profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia. Depois, os idosos e as pessoas de grupos de risco.
"Uma pessoa jovem e saudável terá que esperar até 2022 para ser vacinada", completou a cientista.
Em torno de dez potenciais vacinas contra a covid-19 estão atualmente na fase 3 de testes clínicos. Isso significa que grupos de milhares de pessoas estão sendo inoculados em locais onde o coronavírus continua circulando com intensidade, com o objetivo de verificar a eficácia da vacina e descartar efeitos colaterais graves.
Ao todo, 40 vacinas estão em uma das três fases dos testes clínicos, e 200 estão em testes de laboratório.
"Até termos os resultados da fase 3, não saberemos quais e quantas dessas vacinas serão seguras, eficazes e protegerão por um longo período", explicou Swaminathan.
A cientista afirmou que esses resultados poderão ficar prontos no início do próximo ano. A partir de então, há uma série de regulamentos e aprovações a serem cumpridas.
A OMS pediu a todas as empresas com testes avançados que liberem acesso aos seus resultados, a fim de agilizar a publicação de diretrizes e regulamentos que poderiam ser aplicados em todo o mundo.
No começo de setembro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford também teve os testes da fase 3 interrompidos, para que um suposto efeito colateral em uma voluntária fosse investigado. Os ensaios foram retormados dias depois, após a agência sanitária do Reino Unido ter atestado a segurança dos testes.
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Alerta aos governos
A cientista-chefe da ONU também alertou que os governos não devem ser "complacentes" em relação à taxa de mortalidade, que tem decrescido.
Embora as mortes em todo o mundo tenham caído para cerca de 5.000 por dia, média abaixo do pico de 7.500 registrado em abril, Swaminathan disse que o número de pacientes nas unidades de terapia intensiva está subindo. Ela alertou que "o aumento da mortalidade sempre fica algumas semanas atrás do aumento dos casos".
Para a especialista da OMS, a ideia de deixar a infecção se espalhar na esperança de alcançar a "imunidade do rebanho" é antiética e causaria mortes desnecessárias.
"As pessoas falam sobre imunidade coletiva. Devemos apenas falar sobre isso no contexto de uma vacina", disse Swaminathan. "Você precisa vacinar pelo menos 70% das pessoas para realmente interromper a transmissão", completou a cientista.
A cifra de casos de coronavírus segue crescendo. Na Europa, o número de novas infecções diárias chegou à marca de 100.000. No Reino Unido, por exemplo, foram quase 20.000 casos na quarta-feira. Alemanhae Bélgica registraram recordes no número diário de infecções nesta quinta-feira. Nos Estados Unidos, os casos subiram para quase 60.000 em um dia, nível mais alto desde o início de agosto.
Ao todo, mais de 38 milhões de pessoas foram infectadas em todo o mundo e mais de 1 milhão morreram, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
LE/rtr/efe
Doenças prevenidas com vacinas
Vacinas protegem o corpo, criando resistência contra doenças. As vacinas são feitas com substâncias e microrganismos inativados ou atenuados que, quando introduzidos no organismo, estimulam a reação do sistema imune.
Foto: picture-alliance/imagebroker
Catapora
Também chamada de varicela, é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster. Os principais sintomas são manchas vermelhas e bolhas no corpo, acompanhadas de muita coceira, mal-estar, dor de cabeça e febre. As bolhas costumam surgir primeiro no rosto, tronco e couro cabeludo e, depois, se espalham. Em alguns dias, elas começam a secar e cicatrizam.
Foto: Dan Race/Fotolia
Sarampo
É uma doença infecciosa grave, que pode ser fatal, causada por um vírus do gênero Morbilivirus, transmitida através de secreção oral ou nasal. É tão contagiosa que uma pessoa infectada pode transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. Os principais sintomas são: manchas avermelhadas na pele, febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, otite, pneumonia e encefalite.
Foto: picture-alliance/dpa/KEYSTONE/U. Flueeler
Hepatite B
Um dos cinco tipos de hepatite existentes no Brasil, a B é causado por um vírus. A falta de sintomas na fase inicial dificulta o diagnóstico. Muitas vezes, é detectada décadas após a infecção, por sintomas como tontura, enjoo, vômito, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados. Hepatite B não tem cura, mas o tratamento pode reduzir o risco de complicações, como cirrose e câncer hepático.
Foto: picture-alliance/dpa
Caxumba
É uma infecção viral aguda e contagiosa, que na maioria das vezes afeta as glândulas parótidas, que produzem a saliva, ou as submandibulares e sublinguais, próximas ao ouvido. É causada por um vírus e transmitida através de gotículas de saliva. O sintoma mais característico é o aumento das glândulas salivares. O agravamento da doença pode levar à surdez ou esterilidade.
Foto: Imago Images
Rubéola
É uma doença viral aguda, altamente contagiosa. A forma congênita, transmitida da mãe para o filho durante a gestação, é a mais grave porque pode provocar, por exemplo, surdez e problemas visuais no bebê. A transmissão acontece por meio de secreções expelidas ao tossir, respirar ou falar. Os principais sintomas são dor de cabeça e no corpo, ínguas, febre e manchas avermelhadas.
Foto: picture-alliance/dpa/J.P. Müller
Difteria
É uma doença transmissível causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que atinge as amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, outras partes do corpo, como pele e mucosas. A transmissão ocorre por meio da tosse, espirro ou por lesões na pele. Entre os principais sintomas estão: membrana grossa e acinzentada cobrindo as amígdalas, gânglios inchados e dificuldade para respirar.
Foto: picture-alliance/OKAPIA KG/G. Gaugler
Tétano
Ao contrário da maioria das doenças evitadas com vacina, o tétano não é contagioso. É causado por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani, que, sob a forma de esporos, é encontrada em fezes, na terra, em plantas e em objetos e pode contaminar pessoas por meio de lesões na pele, como feridas, cortes ou mordidas de animais. Um dos sintomas é a rigidez muscular em todo o corpo.
Foto: Imago Images
Tuberculose
É uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também chamado bacilo de Koch. Afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos e sistemas. Tem como principais sintomas tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, febre, sudorese, cansaço e dor no peito. A transmissão ocorre pela respiração, por espirros e pela tosse.
Foto: picture-alliance/BSIP/NIAID
Febre Amarela
É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores. Não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Os principais sintomas são início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. No ciclo silvestre, os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes e, no ciclo urbano, é o Aedes aegypti.
Foto: R. Richter
Coqueluche
É uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. Se não for tratada, pode levar à morte de bebês menores de seis meses. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto com gotículas eliminadas por tosse, espirro ou fala. No começo, os sintomas são parecidos com os de um resfriado, mas podem evoluir para tosse severa e descontrolada, comprometendo a respiração.
Foto: Imago Images/blickwinkel/McPhoto
Poliomielite
Também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. Nos casos graves, acontecem paralisias musculares irreversíveis. Devido à intensa vacinação, com a famosa "gotinha", no Brasil não há circulação do vírus desde 1990.