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Juan Manuel Santos recebe o Nobel da Paz

11 de dezembro de 2016

Presidente colombiano dedica prêmio às vítimas do conflito armado mais antigo da América Latina. "Talvez hoje, mais do que nunca, podemos nos atrever a imaginar um mundo sem guerras. O impossível pode ser possível."

Friedensnobelpreis 2016 an Juan Manuel Santos, Präsident Kolumbien - Preisverleihung in Oslo
Foto: Getty Images/AFP/T. Schwarz

Com a presença da família real da Noruega, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, recebeu neste sábado (10/12) na prefeitura de Oslo o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços para acabar com os mais de 50 anos de guerra civil no país.

Em seu discurso, Santos disse que recebe o prestigioso prêmio em nome dos cerca de 50 milhões de colombianos "que finalmente veem o fim de um pesadelo" que só trouxe "dor, miséria e atraso". Ele lembrou especialmente dos mais de 8 milhões de vítimas e deslocados e dos mais de 220 mil mulheres, homens e crianças que, "para nossa vergonha, foram assassinados nessa guerra".

"Há apenas seis anos, os colombianos não nos atrevíamos a imaginar o final de uma guerra na qual havíamos sofrido por meio século", afirmou o líder em seu discurso. "Para a grande maioria de nós, a paz parecia um sonho impossível, e era assim por razões óbvias, pois muito poucos – quase ninguém – recordavam como era viver em um país em paz."

Pouco dias antes da entrega do prêmio, o Congresso da Colômbia aprovou o histórico acordo de paz entre o governo e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Numa primeira tentativa, em outubro, a população rechaçara em plebiscito o tratado de paz fechado em 26 de setembro em Cartagena entre governo e Farc.

"Há apenas dois meses, os colombianos – e, na verdade, o mundo inteiro – ficaram chocados quando, em um plebiscito convocado para referendar o acordo de paz com as Farc, os votos do 'não' superaram por estreita margem os votos do 'sim'", lembrou Santos, agradecendo o voto de confiança e de fé no futuro da Colômbia que o Comitê Nobel deu, cinco dias depois do resultado negativo no plebiscito.

Ele afirmou, ainda, que com o novo acordo "termina com o conflito armado mais antigo e o último do hemisfério ocidental". "Talvez hoje, mais do que nunca, podemos nos atrever a imaginar um mundo sem guerras. O impossível pode ser possível", frisou.

Prêmio será doado às vítimas da guerra civil

O Nobel da Paz é dotado de 8 milhões de coroas suecas (cerca de 830 mil euros), que Santos doará para as vítimas do conflito. Além do prêmio em dinheiro, Santos recebeu uma medalha em ouro e um diploma do artista Willibald Stron.

"A guerra que causou tanto sofrimento e angústia à nossa população, em todo o nosso belo país, acabou", declarou Santos, que defendeu a necessidade de construir "uma paz estável e duradoura".

Santos, premiado por seus "esforços decisivos" para acabar com a guerra, ressaltou que o Nobel foi um "presente vindo do céu", como "o vento de popa que nos impulsionou para chegar ao nosso destino: o porto da paz!".

Falando à agência de notícias France Presse antes da cerimônia, Santos disse que não tinha certeza se poderia repetir seu sucesso com o segundo maior grupo guerrilheiro da Colômbia, o Exército de Libertação Nacional (ELN).

"Eu não posso garantir que vamos terminar antes do final do meu mandato... Eu vou fazer o meu melhor, mas estabelecer um prazo é sempre contraproducente em negociações desse tipo", frisou.

FC/efe/dpa/lusa/afp/ap

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