Judeu é atacado e insultado por três homens em Berlim
22 de maio de 2021
Vítima usava kipá quando levou soco no rosto. Cidades alemãs registraram incidentes antissemitas durante conflito entre Israel e Hamas.
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Um homem judeu de 41 anos foi insultado e golpeado por três homens em Berlim na noite de sexta-feira (21/05), segundo a polícia informou neste sábado.
A vítima, que estava usando um kipá, levou um soco no rosto e foi alvo de xingamentos antissemitas.
Devido ao ataque, o homem atravessou a vitrine de vidro de uma loja, no bairro de Schöneberg. Ele comunicou o caso à polícia e foi levado a um hospital, onde recebeu curativos.
Os três agressores fugiram do local e suas identidades são desconhecidas.
Conflito entre Israel e Hamas
Nas últimas duas semanas, ocorreram protestos em várias cidades da Alemanha relacionados ao conflito entre Israel e o grupo islâmico radical Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Um cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrou em vigor na sexta-feira, e atos ocorreram neste sábado em Berlim e Frankfurt. Na capital alemã, cerca de 500 pessoas marcharam defendendo a criação de um Estado palestino e contra ataques a sinagogas e mesquitas. Em Frankfurt, cerca de 950 pessoas se reuniram no centro da cidade e pediram "o fim imediato da anexação por Israel e da violência".
A maioria dos protestos ocorridos nos últimos dias foi pacífico, mas bandeiras de Israel foram incineradas em Bonn, Dusseldorf e Munster, no estado da Renânia do Norte-Vestfália. Na cidade de Gelsenkirchen, no mesmo estado, 180 pessoas marcharam da estação de trem até uma sinagoga, gritando slogans antissemitas. Em algumas cidades, sinagogas foram depredadas ou ameaçadas.
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Repúdio ao antissemitismo
Felix Klein, comissário do governo alemão para combate ao antissemitismo, disse à DW no dia 14: "Foi terrível ver o ódio expresso aos judeus alemães e às sinagogas nos últimos dias. (...) Torná-los responsáveis pelos atos do governo israelense não é aceitável de forma alguma."
No mesmo dia, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier disse ao tabloide Bild: "Quem queima bandeiras da Estrela de David ou grita slogans antissemitas em nossas ruas não está apenas abusando do direito de manifestação, mas também cometendo um crime. (...) Não queremos, nem vamos tolerar o ódio aos judeus".
O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, prometeu no dia 16 tolerância zero contra o antissemitismo e afirmou que "qualquer pessoa que espalhar ódio antissemita enfrentará toda a força da lei”.
O chefe do Conselho Central para Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, também criticou fortemente os protestos antissemitas em frente às sinagogas. "Condeno decisivamente tais cenas repugnantes", disse ele ao jornal Rheinische Post no sábado passado. "Quem reclama de racismo e ao mesmo tempo espalha tal ódio antissemita, perdeu tudo. Aqueles que supostamente querem criticar Israel, mas depois atacam sinagogas e judeus, atacam a todos nós", afirmou.
Incidentes contra judeus em alta
Mesmo antes do recente agravamento da violência entre israelenses e palestinos, já havia preocupação sobre o crescente número de incidentes antissemitas na Alemanha, a maior parte deles motivados por movimentos de extrema direita.
Os crimes de motivação política cresceram 8,5% na Alemanha em 2020 em comparação com o ano anterior, e aqueles cometidos pela extrema direita bateram recorde.
O discurso de ódio antissemita também teve um aumento, com um crescimento de 15,7% nos incidentes, muitos dos quais realizados online.
"O ódio antissemita é um componente central da ideologia extremista de direita. Isso na Alemanha não é apenas preocupante, mas, no contexto de nossa história, profundamente vergonhoso", disse Seehofer no início de maio, antes do conflito entre o Hamas e Israel.
bl (dpa, ots)
Memoriais judaicos em Berlim
Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.