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"Juiz da morte" iraniano gera indignação na Alemanha

11 de janeiro de 2018

Aiatolá Shahroudi condenou centenas de pessoas à pena capital no Irã, na condição de chefe do Judiciário. Na Alemanha, ele recebeu tratamento médico de luxo num hospital de Hannover.

Mahmoud Hashemi Shahroudi
Shahroudi foi chefe da Justiça iraniana de 1999 a 2009 e, desde agosto, preside o influente Conselho de DiscernimentoFoto: Isna

A manchete do tabloide Bild nesta segunda-feira (08/01) resumia o escândalo: "Juiz da morte no Irã, paciente de luxo na Alemanha". O jornal informava que o aiatolá Mahmoud Hashemi Shahroudi, antigo chefe do judiciário iraniano e um aliado próximo do líder supremo Ali Khamenei, estava recebendo tratamento médico num hospital de Hannover.

Pouco depois, o governo alemão confirmou a notícia. Segundo o Ministério do Exterior, Shahroudi, de 68 anos, estava na Alemanha desde 21 de dezembro devido a uma "grave enfermidade" e o pedido para tratamento havia sido concedido depois de apresentados "motivos de saúde credíveis". Segundo o Bild, tratava-se de um tumor no cérebro.

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Shahroudi foi chefe da Justiça iraniana de 1999 a 2009 e, desde agosto, preside o influente Conselho de Discernimento. Segundo a organização humanitária Anistia Internacional, ele teria aprovado a execução de inúmeras sentenças de morte, incluindo penas para crianças. Em 2004, por exemplo, uma menina de 16 anos teria sido executada por adultério depois de ter sido estuprada. Um menino de 13 anos foi condenado à morte por comportamento homossexual.

A revelação de que uma pessoa com esse currículo estava recebendo tratamento médico na Alemanha causou indignação entre exilados iranianos e ativistas de direitos humanos.

Na terça-feira, representantes da comunidade curda e um deputado do Partido Verde entraram com ações na Justiça contra Shahroudi, a quem acusaram de ser o responsável por centenas de sentenças de morte e, assim, de crimes contra a humanidade. As ações foram entregues à promotoria local, em Hannover, e à promotoria federal, em Karlsruhe.

Líderes da comunidade curda pediram que o aiatolá fosse detido no hospital, logo após o fim do tratamento, e levado à Justiça. Eles argumentaram que Shahroudi não integra o governo iraniano nem é diplomata. Portanto, não teria direito à imunidade diplomática.

Mas, nesta quinta-feira, enquanto os promotores ainda avaliavam se aceitavam as ações, o aiatolá e seus acompanhantes deixaram a Alemanha rumo a Teerã. A partida foi acompanhada de um protesto de cerca de 30 pessoas no aeroporto de Hamburgo.

O deputado verde Volker Beck, autor de uma das ações, afirmou que a partida de Shahroudi é "vergonhosa", mas também encerra uma boa notícia, pois mostra que pessoas que cometeram crimes contra a humanidade não estão em segurança. "Elas não podem se locomover livremente por qualquer lugar", disse.

Beck acrescentou que o Parlamento alemão deveria investigar o caso para esclarecer por que as pessoas que sabiam da estada de Shahroudi na Alemanha não o denunciaram à polícia.

A promotoria federal alemã disse que vai continuar analisando o caso mesmo após a partida de Shahroudi.

AS/dpa/rtr/afp/epd

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