Detido desde setembro após suspensão de acordo de delação premiada, dono do grupo J&F fica proibido de deixar o país. Ricado Saud também é beneficiado com liberdade.
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O juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, concedeu nesta sexta-feira (09/03) liberdade ao empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F. A Justiça determinou, porém, que o empresário entregue o passaporte e permaneça no país.
Joesley está preso preventivamente desde setembro em São Paulo. Ele teve a prisão revogada junto com a de seu irmão Wesley, que foi solto em fevereiro, porém permaneceu detido em função de outro mandado, expedido no ano passado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o jornal Folha de São Paulo, Fachin encaminhou o processo à 12ª Vara Federal, que decidiu então conceder a liberdade a Joesley. Além dele, o tribunal manda soltar o ex-diretor do grupo Ricardo Saud.
Os mandados de prisão de ambos foram requeridos pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, em setembro, após a suspensão dos acordos de delação premiada fechados com executivos do J&F.
O ex-procurador concluiu que Joesley e Saud, ex-diretor de Relações Institucionais da holding, omitiram informações durante o processo de negociação do acordo.
O caso veio à tona após os delatores entregarem à Procuradoria, com meses de atrasos, áudios relacionados ao processo. Na gravação, os delatores falariam sobre o suposto papel do ex-procurador Marcelo Miller na confecção de provas para o fechamento do acordo.
Joesley também foi alvo de mandado de prisão, junto com seu irmão, no processo referente à acusação do crime de insider trading, sob a suspeita de usarem informações privilegiadas para obter lucros no mercado financeiro.
Segundo a investigação da Polícia Federal, o grupo J&F teria operado nos mercados de câmbio e de ações para lucrar com os efeitos da colaboração premiada de seus empresários, sabendo que sua divulgação tinha potencial para mexer com o mercado financeiro.
De acordo com a acusação, a J&F comprou 1 bilhão de dólares às vésperas do dia 17 de maio. Os irmãos ainda teriam vendido mais de 327 milhões de reais em ações da empresa JBS, controlada pelo grupo, na época das negociações do acordo.
No dia seguinte ao anúncio da delação, a bolsa fechou na maior queda em nove anos. O dólar, por sua vez, registrou alta de 8%, resultando em lucros milionários para os delatores, de acordo com a polícia.
CN/ots
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A corrupção através da história do Brasil
História do país é marcada por episódios de corrupção. Uma seleção com alguns dos mais emblemáticos.
Foto: Reuters/P. Whitaker
As origens
A colonização do Brasil foi baseada na concessão de cargos, caracterizada pelo patrimonialismo (ausência de distinção entre o bem público e privado) e o clientelismo (favorecimento de indivíduos com base nos laços familiares e de amizade). Apesar de mudanças no sistema político, essas características se perpetuaram ao longo dos séculos.
Foto: Gemeinfrei
Roubo das joias da Coroa
Em março de 1882, todas as joias da Imperatriz Teresa Cristina e da Princesa Isabel foram roubadas do Palácio de São Cristóvão. O roubo levou a oposição a acusar o governo imperial de omissão, pois as joias eram patrimônio público. O principal suspeito, Manuel de Paiva, funcionário e alcoviteiro de Dom Pedro 2º, escapou da punição com a proteção do imperador. O caso ajudou na queda da monarquia.
Foto: Gemeinfrei
A República e o voto do cabresto
Em 1881 foi introduzido no país o voto direto, porém, a maioria da população era privada desse direito. Na época, podiam votar apenas homens com determinada renda mínima e alfabetizados. Durante a Primeira República (1889 – 1930), institucionaliza-se no Brasil o voto do cabresto, ou seja, o controle do voto por coronéis que determinavam o candidato que seria eleito pela população.
Foto: Gemeinfrei
Mar de lama
Até década de 1930, a corrupção era percebida comu um vício do sistema. A partir de 1945, a corrupção individual aparece como problema. Várias denúncias de corrupção surgiram no segundo governo de Getúlio Vargas. O presidente foi acusado de ter criado um mar de lama no Catete.
Foto: Imago/United Archives International
Rouba mas faz
Engana-se quem pensa que Paulo Maluf é o criador do bordão "rouba mas faz". A expressão foi atribuída pela primeira vez a Adhemar de Barros (de bigode, atrás de Getúlio), governador de São Paulo por dois mandatos nas décadas de 1940 e 1960. O político ganhou fama por realizar grandes obras públicas, e nem mesmo as acusações constantes de corrupção contra ele lhe impediram de ganhar eleições.
Foto: Wikipedia/Gemeinfrei/DIP
Varrer a corrupção
Em 1960, o candidato à presidência da República Jânio Quadros conquistou a maior votação já obtida no país para o cargo desde a proclamação da República. O combate à corrupção foi a maior arma do político na campanha eleitoral, simbolizado pela vassoura. Com a promessa de varrer a corrupção da administração pública, Jânio fez sucesso entre os eleitores.
Foto: Imago/United Archives International
Ditadura e empreiteiras
Acabar com a corrupção foi um dos motivos usados pelos militares para justificar o golpe de 1964. Ao assumir o poder, porém, o novo regime consolidou o pagamento de propinas por empreiteiras na realização de obras públicas. Modelo que se perpetuou até os dias atuais e é um dos alvos da Operação Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP
Caça a marajás
Mais uma vez um presidente que partia em campanha eleitoral prometendo combater a corrupção foi aclamado com o voto da população. Fernando Collor de Mello, que ficou conhecido como "caçador de marajás", por combater funcionários públicos que ganhavam salários altíssimos, renunciou ao cargo em 1992, em meio a um processo de impeachment no qual pesavam contra ele acusações que ele prometeu combater.
Foto: Imago/S. Simon
Mensalão
Em 2005, veio à tona o esquema de compra de votos de parlamentares aplicado durante o primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que ficou conhecido como mensalão. O envolvimento no escândalo de corrupção levou diversos políticos do alto escalão para a prisão, entre eles, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
Foto: picture-alliance/robertharding/I. Trower
Lava Jato
A operação que começou um inquérito local contra uma quadrilha formada por doleiros tonou-se a maior investigação de combate à corrupção da história do país. A Lava Jato revelou uma imensa rede de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos. O pagamento de propinas por construtoras, descoberto na operação, provocou investigações em 40 países.