Julho deverá quebrar recorde histórico de calor, diz Nasa
21 de julho de 2023
Observações meteorológicas da agência americana apontam para "mudanças sem precedentes no mundo todo". Ano de 2024 deverá ter temperaturas ainda mais elevadas.
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Julho de 2023 será provavelmente o mês mais quente em "centenas, senão milhares, de anos", disse nesta quinta-feira (20/07) o climatologista-chefe da Nasa, Gavin Schmidt. E para o ano de 2024, a agência espacial americana prevê temperaturas ainda mais elevadas.
Ferramentas de medição da União Europeia (UE) e da Universidade do Maine, nos Estados Unidos, que combinam dados coletados por satélites, aviões, drones e navios para gerar estimativas preliminares, têm apontado para recordes diários de calor nas últimas semanas.
"Estamos vendo mudanças sem precedentes no mundo todo. As ondas de calor que vemos nos EUA, na Europa e na China estão quebrando recordes", disse Schmidt em coletiva de imprensa em Washington para divulgar um resumo das últimas observações meteorológicas da Nasa.
Ainda que as estimativas difiram entre si, a tendência de calor extremo é clara e provavelmente será refletida nos relatórios mensais mais robustos a serem emitidos pelas agências dos EUA, disse o climatologista.
El Niño está só no começo
Schmidt salientou ainda que os efeitos não podem ser atribuídos apenas ao fenômeno climático El Niño, que, "na verdade, acaba de começar".
"O que estamos vendo é o calor geral, praticamente em todos os lugares, principalmente nos oceanos. Temos visto temperaturas recordes na superfície do mar, mesmo fora dos trópicos, há muitos meses", acrescentou.
O climatologista alertou ainda para uma provável manutenção da tendência de alta, sobretudo devido ao lançamento contínuo de gases de efeito estufa na atmosfera.
Os fenômenos climáticos atuais aumentam também a probabilidade de 2023 ser o ano mais quente já registrado. De acordo com os cálculos de Schmidt, a probabilidade de isso acontecer é de 50%. Ele observa, porém, que outros cientistas chegam a falar em 80%.
Perspectiva semelhante vale para o ano que vem: "Acreditamos que 2024 será um ano ainda mais quente, porque iremos começar a sentir o evento El Niño que está começando agora e deverá atingir seu pico no final deste ano."
ip (AFP, ots)
Sete efeitos surpreendentes das mudanças climáticas
Veja algumas consequências inesperadas das mudanças climáticas para a vida na Terra – de perturbações do sono à falta de violinos e o sexo das tartarugas.
Foto: picture-alliance/dpa
Cuidado: Boom de águas-vivas!
Embora haja uma combinação de fatores por trás das enxurradas de águas-vivas que chegam a paraísos de férias como a costa do Mediterrâneo, a mudança climática também é parcialmente responsável. Temperaturas do mar mais altas estão abrindo novas áreas para elas se reproduzirem, além de aumentar a disponibilidade de seu alimento favorito, o plâncton.
Foto: picture-alliance/dpa
A madeira perfeita está sumindo
Prezado pela qualidade sonora, um violino Stradivarius original pode valer milhões de dólares. Mas eventos climáticos extremos, como tempestades violentas, estão matando milhões de árvores e ameaçando a famosa floresta de Paneveggio, no norte da Itália. Replantar árvores não vai ajudar muito no curto prazo: um abeto precisa de pelo menos 150 anos antes de se transformar num violino.
Foto: Angelo van Schaik
Pode esquecer o sono
Em noites muito quentes, dorme-se mal, especialmente nas grandes cidades. Em 2050 as metrópoles europeias poderão ter temperaturas em média 3,5ºC mais altas no verão. Isso não só afeta o sono, mas também o humor, a produtividade e a saúde mental. A única forma de escapar é mudar-se para uma cidade menor, onde as noites são mais frescas, pois há menos prédios e mais vegetação.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R.K. Singh
Coitado do nariz
Má notícia para quem sofre de alergia: o aquecimento global faz a primavera chegar mais cedo. Com um período sem geadas mais longo, as plantas têm mais tempo para crescer, florescer e produzir pólen. Portanto, o pólen espalha pelo ar muito mais cedo, o que amplia o tempo de sofrimento dos alérgicos. Será o século das máscaras antipoluição e alergias?
Foto: picture-alliance/dpa/K.-J. Hildenbrand
Bactérias e mosquitos
O calor não só faz suar, mas também afeta a saúde. No fim do século, três quartos da população mundial estarão expostos a ondas de calor mortais. O aumento das temperaturas implica mais doenças diarreicas, pois as bactérias se multiplicam melhor nos alimentos e água tépidos. O número de mosquitos provavelmente também vai aumentar, e com eles a propagação de doenças como a malária.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Schulze
Casas estão ruindo
Os solos da região do Polo Norte estão descongelando cada vez mais nos meses de verão. As consequências são dramáticas em nível local e mundial. As temperaturas mais altas tornam os pisos instáveis, as casas e as estradas racham e há muito mais insetos. Além disso, se o permafrost derreter, libertará gases CO2 e metano que podem agravar o aquecimento global. Um círculo vicioso.
Foto: Getty Images/AFP/M. Antonov
O calor e o sexo das tartarugas
A temperatura influencia o sexo de várias espécies. Para as tartarugas marinhas, o calor da areia onde os ovos são incubados determina o sexo do filhote. Temperaturas baixas beneficiam os machos, enquanto fêmeas se desenvolvem melhor nas mais altas. Pesquisadores descobriram que mais de 99% das tartarugas recém-nascidas no norte da Austrália são fêmeas, o que dificulta a sobrevivência da espécie.