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Julho foi o mês mais quente da história, afirmam cientistas

14 de agosto de 2021

Temperatura combinada do oceano e da superfície terrestre foi 0,93 °C maior do que a média do século 20, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA. Recorde leva em conta dados oficiais desde 1880.

Homem de calça, tênis e sem camisa se banha em um chafariz. Ele ri.
Agência considera "muito provável" que 2021 fique entre os 10 anos mais quentes da históriaFoto: Jeenah Moon/REUTERS

O mês de julho de 2021 foi o mais quente da história, anunciou nesta sexta-feira (13/08) a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês). O recorde leva em consideração todos os registros feitos pela agência desde 1880.

Segundo a NOAA, a temperatura combinada do oceano e da superfície terrestre em julho foi 0,93 ºC acima da média do século 20, que é de 15,8 ºC.

O mês foi 0,01 °C mais quente do que o recorde anterior, estabelecido em julho de 2016 e igualado em 2019 e 2020.

"Julho é tipicamente o mês mais quente do ano no mundo, mas julho de 2021 se superou como o mês mais quente já registrado. Este novo registro contribui para a inquietante e perturbadora trajetória da mudança climática no planeta", destacou Rick Spinrad, diretor da NOAA.

Considerando apenas a temperatura global à superfície terrestre, o mês passado superou, com um aumento de 1,4 ºC, o recorde anterior, de 2020, que já tinha registrado um acréscimo de 0,17 ºC.

Com base nos dados até agora, a agência considera "muito provável" que 2021 fique entre os 10 anos mais quentes da história. 

O relatório climático da NOAA também revela que a extensão do gelo do mar Ártico estava em julho mais de 18% abaixo da média estabelecida entre 1981 a 2010. Foi o quarto menor nível desde que os registros de satélite começaram, em 1979.

Efeitos do aquecimento global

Muitos especialistas afirmam que as catástrofes provocadas por climas extremos, como as recentes inundações na Alemanha, na Turquia, na China e no Japão, e os incêndios na Grécia, na Albânia, na Argélia e nos Estados Unidos estão diretamente relacionados às mudanças climáticas provocadas pela ação do homem.

Na quarta-feira, a Itália registrou 48,8 °C em Siracusa, na Sicília. Se confirmada pelo serviço meteorológico italiano, será a temperatura mais alta já registrada no continente. 

Um relatório divulgado esta semana pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta que a poluição por carbono alcançou níveis tão extremos que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C até o final do século será descumprida dentro dos próximos 15 anos - a não ser que ações imediatas, rápidas e de grande escala sejam tomadas.

O relatório salientou ser inegável que as emissões de gases do efeito estufa provocadas pelo homem são a causa do aumento da temperatura global, que já desencadeou catástrofes ambientais em todo o mundo.

Em Bagdá, foram instalados ventiladores com vapor de água para amenizar o calor dos pedestresFoto: Ahmad Al-Rubaye/Getty Images/AFP

Mudanças climáticas favorecem desigualdades sociais

Um outro relatório, divulgado nesta sexta-feira pela ONG Anistia Internacional, alerta que as mudanças climáticas representam uma crise de direitos humanos de proporções sem precedentes, ameaçando direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais das gerações atuais e futuras.

O relatório cita desastres ambientais recentes para alertar que o nível atual do aquecimento global, com a temperatura média 1,1 ºC acima dos níveis pré-industriais, já traz impactos devastadores.

Segundo a Anistia Internacional, entre 2008 e 2018, cerca de 20,8 milhões de pessoas por ano tiveram que se deslocar de seus países por eventos relacionados ao clima.

De acordo com o relatório, a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que as mudanças climáticas deverão causar 250 mil mortes a mais por ano entre 2030 e 2050 devido à malária, à desnutrição e ao estresse térmico.

Além disso, o Programa Mundial de Alimentação calcula que as mudanças climáticas possam aumentar em 20% a fome e a desnutrição no mundo até 2050 e que um aumento de 2 °C na temperatura global pode fazer com que 1 bilhão de pessoas sejam afetadas por uma grave crise hídrica.  

"Esses eventos, combinados aos lentos impactos das mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar, afetam gravemente a garantia dos direitos humanos de milhões de pessoas", diz o relatório, que elenca uma série de prejuízos, como direito à alimentação, à água potável e ao saneamento básico. 

Minorias são afetadas de forma desproporcional

A ONG alerta que indivíduos e grupos marginalizados ou discriminados serão afetados de forma desproporcional. Um exemplo são as mulheres, que "costumam ser confinadas a papéis e a empregos que as tornam mais dependentes dos recursos naturais e, portanto, mais expostas aos impactos climáticos", segundo o relatório.

Além disso, as mulheres muitas vezes enfrentam barreiras no acesso a recursos financeiros e técnicos e a propriedade de terra, o que prejudica sua capacidade de se adaptar às mudanças climáticas.

Outro exemplo são os povos indígenas, que dependem da natureza para seu sustento, moradia, medicina e identidade cultural. Esses povos frequentemente vivem em áreas propensas a desastres relacionados ao clima, e estão entre os grupos que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas, avalia a Anistia Internacional.

A ONG lembra também que as pessoas com deficiências podem ser bastante afetadas, porque correm maiores riscos em situações de desastres climáticos comparadas às pessoas sem deficiências.

le (efe, lusa, afp, Agência Brasil, ots)