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Julian Nagelsmann – a estrela que sobe

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
27 de abril de 2021

Jovem técnico de 33 anos sucederá a Hansi Flick no comando do Bayern. Especula-se que o time bávaro tenha desembolsado 25 milhões de euros pelo treinador, que chamou atenção na Bundesliga com sua carreira meteórica.

Julian Nagelsmann foi contratado pelo Leipzig em 2019 e logo levou o time à semifinal da Champions LeagueFoto: Jan Woitas/dpa/picture-alliance

A partir da próxima temporada, Julian Nagelsmann será um dos mais jovens treinadores da história do Bayern de que se tem notícia. Com apenas 33 anos de idade, ele sucederá a Hansi Flick, cujo contrato com o clube foi rescindido a pedido do próprio técnico. Flick, em pouco mais de um ano, conquistou todos os títulos em disputa. Foram seis ao todo, e é bem provável que vença mais um – o da atual temporada da Bundesliga. O destino dele ainda é incerto, mas será por pouco tempo, porque deve assumir a direção técnica da seleção alemã.

No Bayern, Nagelsmann vai receber um contrato de cinco anos. Especula-se que, para liberar o seu treinador, o Leipzig exigiu um pagamento no valor de 25 milhões de euros a título de multa, visto que o contrato de Nagelsmann vence apenas em 2023. Oficialmente, o clube bávaro não se manifestou sobre o valor pago ao Leipzig.       

Não é de hoje que o jovem técnico acalenta o sonho de trabalhar no Bayern. Desde a sua infância em Landsberg, às margens do rio Lech, uma bucólica cidade da Baviera próxima de Augsburg e Munique, o pequeno Julian sonhava em vestir a camisa do Super Bayern.

Aos cinco anos, começou a bater bola no FC Issing de sua cidade natal e não demorou muito para ser descoberto por olheiros do Augsburg, onde passou a integrar os times de juniores. Ficou por lá até 2002, quando se mudou para Munique. Na capital bávara, estudou e se formou em Administração de Empresas. Posteriormente se especializou em Esportes e Teoria Aplicada de Training.

Além de suas atividades acadêmicas, jogou no 1860 Munique II, mas, por conta de seguidas contusões, não disputou nenhuma partida oficial. Abandonou a carreira de jogador prematuramente em 2007, ano em que passou a trabalhar como técnico assistente do time sub-17 do Augsburg, cujo treinador na época era Thomas Tuchel, atualmente no comando do Chelsea. 

Não demorou muito e Nagelsmann foi contratado em 2010 pelo Hoffenheim para dirigir a equipe sub-17, onde pôde assinar o seu primeiro contrato como técnico principal de um time profissional em 2016, sucedendo ao lendário treinador holandês Huub Stevens.

A partir daí sua carreira foi meteórica. Seu maior feito no pequeno clube da região do Kraichgau foi na temporada 17/18. O Hoffenheim acabou em terceiro lugar na tabela final da Bundesliga, obtendo uma vaga direta para participar da Champions League.

O sucesso do mais jovem técnico da Bundesliga chamou a atenção do novo rico RB Leipzig, que o contratou em 2019, e, logo em sua primeira temporada, Nagelsmann levou sua equipe à semifinal da Champions League. Na campanha atual, o Leipzig se tornou o mais direto perseguidor do Bayern, além de estar na semifinal da Copa da Alemanha.  

Vale lembrar que o Leipzig, quando contratou Nagelsmann, teve que pagar uma multa rescisória contratual no valor de 5 milhões de euros ao Hoffenheim. O mesmo acaba de acontecer agora, mas no sentido inverso. Apesar de não haver uma cláusula rescisória no contrato válido até junho de 2023, especula-se que, para liberar o jovem técnico de suas obrigações, o RB Leipzig recebeu 25 milhões de euros do Bayern de Munique, o clube dos sonhos de Julian Nagelsmann. 

Correm rumores em Munique de que Hasan Salihamidzic, diretor de esportes do Bayern que não se bica com seu subordinado, o ainda técnico Hansi Flick, já tinha mantido primeiros contatos com Nagelsmann ao final do ano passado. Estaria sondando os planos do jovem treinador no que se refere ao seu futuro. Nessa altura, a contratação do zagueiro Dayot Upamecano por 42 milhões de euros já estava em pratos limpos e não custava nada fazer essa sondagem. Os dirigentes bávaros devem ter pensado algo do tipo "já que contratamos o melhor zagueiro da Bundesliga, por que não aproveitamos e contratamos também o melhor treinador"?

Sabe-se também que recentemente o próprio Nagelsmann, em conversa com o chefão do RB, Oliver Mintzlaff, deixou claro que o sonho de sua vida é um dia poder dirigir o time do Bayern. Essa iniciativa do treinador não passou despercebida pela diretoria do clube. A intenção manifesta de Nagelsmann quanto ao seu futuro a curto prazo e a investida do Bayern demonstrando inequívoco interesse em sua contratação, deixou o clube de Leipzig numa sinuca de bico. Vale a pena segurar por mais uma ou duas temporadas um técnico que parecia já estar de malas prontas apenas esperando um sinal verde para embarcar no trem rumo a Munique?    

Evidentemente não, e o Leipzig fez a coisa certa diante das circunstâncias. Reforçou o seu caixa nestes tempos de vacas magras pela ausência de público nos estádios. A temporada ainda nem terminou, e o RB já auferiu aproximadamente 70 milhões de euros com as transferências do zagueiro Dayot Upamecano e de Julian Nagelsmann.

Em sua primeira manifestação logo depois do comunicado oficial sobre sua transferência, Nagelsmann não deixou por menos: "Nunca escondi meu interesse em trabalhar no Bayern de Munique. É algo muito especial e uma oportunidade única."    

Há um detalhe pouco notado pela mídia em toda essa história. O Bayern investe pesado e a peso de ouro num jovem técnico que a rigor, como treinador de um time profissional, até agora não venceu um título sequer. Consta que o seu salário anual deve girar entre 6 milhões e 8 milhões de euros, mesmos valores pagos ao antecessor Hansi Flick, o colecionador de títulos.

E tem uma outra coisa que vai deixar os chefões do Bayern felizes. Nagelsmann é um especialista em deixar os seus jogadores cada vez melhores e se concentra em tempo integral à essa sua função, em vez de ficar batendo boca com o seu superior hierárquico, o diretor de esportes, sobre compra e venda de jogadores.  

Pelo jeito, final feliz para todos os envolvidos.   

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.